Lisboa

Posted On 2024-01-11 In Vida em Aliança

O Santuário de Lisboa – Cumpre-se o sonho (Parte I)

PORTUGAL, Lena Castro Valente •

O Santuário de Lisboa está viver um Ano Jubilar que assinala os 50 anos da sua Bênção, ocorrida em 15 de Setembro de 1974. Estes Marcos Históricos precisam de ser celebrados não somente como datas marcadas pelo calendário mas, com a revisitação da Vida que lhes deu origem. Ao voltarmos os olhos da alma e do coração para o caminho percorrido nestes 50 anos, desde a origem até hoje, seremos levados a “incendiar-nos”, de novo, por esta história que se fez Vida e, por esta Vida que se fez História porque está marcada com o selo de Deus. —

Continuamos, neste artigo, a fazer memória da Vida e da História que se seguiram após a decisão de fundar Schoenstatt em Portugal.

Uma Homilia histórica

A Família de Lisboa tem consciência que o principal impulso que recebeu para a construção do Santuário foi a Homilia proferida pelo Pe. Alberto Eronti em 23 de Setembro de 1972. O Pe. Alberto tinha convocado todos para esse dia e, em grande número, se fez representar a Família, curiosa por saber qual seria a mensagem.

Começou por lhes dizer que, após uma profunda meditação sobre a história e vida da Família ele não via, no futuro imediato, outro rumo a seguir, a não ser o da construção do Santuário.

E, foi detalhando as razões de tal conclusão:

  • Encontrara em Lisboa uma autêntica Família de Schoenstatt com uma fé inabalável, sofrida e provada e cujo carisma era ser Família e, perguntava-se “Onde vamos ser mais Família do que no Santuário?”
  • Por isso, à luz da vossa história, o Santuário é uma necessidade, é uma exigência.
  • Em seguida, disse que o Pe. Kentenich lhes dirigia as palavras da Acta de Fundação:” Não podemos, sem dúvida, realizar uma acção apostólica maior, não podemos legar aos nossos sucessores uma herança mais valiosa, do que mover Nossa Senhora e Rainha a estabelecer aqui, de maneira especial, o seu trono, a distribuir os seus tesouros e a operar milagres da graça”
  • E, sublinha que, gostaria que, neles se realizasse outra afirmação do Fundador:” sinto que encontrei eco. Os vossos corações inflamaram-se. Fizestes vosso o meu plano. Entrego tranquilamente este plano e a sua realização nas vossas mãos e não receio registá-lo na nossa crónica. As gerações futuras poderão depois julgar-nos”. “Hoje voltam a pôr-se pesadas tarefas sobre ombros frágeis”.

Após estas palavras, diziam entre si:”Não nos ardia cá dentro o coração quando o Pe. Alberto nos falava e explicava a nossa História à luz das palavras do Pe. Kentenich?”

À procura do local

A Família e o Instituto Nossa Senhora de Schoenstatt começaram sem demora, a procurar onde construir o Santuário. Esta busca foi preparada espiritualmente pedindo bênçãos especiais para essa tarefa e, juntou-se ao Capital de Graças, o empenho e o compromisso de todos nessa pesquisa exaustiva.

Em 1972/3 percorreram-se lugares nos arredores de Lisboa desde a Serra da Amoreira (Odivelas – ao tempo, bastante arredada de Lisboa) até Palmela (hoje a 43 Km de distância pela autoestrada e, ao tempo, bem mais longe pela EN). A cidade de Lisboa foi dividida por zonas na planta que estava afixada na Rua Duarte Lobo onde viviam as Senhoras do Instituto.

Assumindo os prós e os contras de cada possível local parece que a Providência sabia muito bem onde queria o Santuário. Os passos de quem procurava eram, constantemente, encaminhados para Belém, mais propriamente para a zona do Restelo. Surgiu, então, uma forte corrente contra essa localização por ser uma parte da cidade conotada com a alta burguesia. É interessante, porque a esmagadora maioria dos membros da Família pertenciam a essa burguesia mas, o momento de contestação que se ia fazendo sentir em Portugal parece que os obrigava a refutar esse estatuto. Continuava a procura… ponderavam-se outras soluções… mas, tudo somado o Restelo começou a impôr-se…até porque se foram apaixonando por um sítio tão bonito e, consolaram os seus pruridos de consciência ao constatarem que a casa que o Instituto ia finalmente comprar fazia fronteira com um bairro de rendas mais acessíveis.

Comprada a casa pelo Instituto de Nossa Senhora de Schoenstatt, como tinha um jardim espaçoso foi decidido, com a anuência das Senhoras do Instituto, que o Santuário seria construído no dito jardim.

Os teus passos geram vida

A História de Schoenstatt em Portugal e, mais especificamente, em Lisboa girou sempre à volta da figura paternal do Fundador, o Padre José Kentenich. Ele foi e é a referência que une e projecta a vida.

Um exemplo muito claro é a escolha do local para o Santuário. Quando o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. António Ribeiro, deu a autorização para a construção do Santuário, foi necessário iniciar o processo da procura de um terreno para a sua instalação.

Como foi dito acima embora a vontade humana recusasse como possível localização, Belém, a Providência Divina foi encaminhando os passos e os corações para esse lugar.

Nos anos 90, mais propriamente em 1997 quando se completavam 50 anos da passagem do Pai e Fundador por Portugal surgiu a inquietação de saber que ligação havia entre o Schoenstatt de Lisboa e o Pe. Kentenich.

E, foi interessante verificar que, depois de ter saído de Dachau, ele teve a intuição de que a nossa Mãe lhe impunha que fizesse viagens internacionais, para ir em missão de Fundador, lançar os alicerces de novas fundações e “para puxar o Seu carro de triunfo por todos os povos, sendo aí, testemunho das Suas glórias e genialidades pedagógicas…”

As suas passagens por Lisboa foram para dar início a essas viagens internacionais. Primeiro para a América Latina em Março de 1947 e, a segunda, nos finais de Dezembro do mesmo ano para ir à África do Sul. Lisboa de onde partiam as Caravelas que levavam a Luz do Evangelho por esse mundo fora à conquista de corações para o Reino de Cristo… “Estou feliz por estar em Lisboa, cidade do encontro que abraça vários povos e culturas (Papa Francisco, JMJ 2023)

Sabemos que o Pe. Dr. Helmle o levou a visitar vários locais de Lisboa, a igreja de S. Roque – construída no final do século XVI, sendo uma das primeiras igrejas jesuítas no mundo – e, a zona de Belém, com o seu Mosteiro de Santa Maria de Belém – que se ergue no local de uma antiga capela aonde os navegadores, antes de partir para as suas viagens, se iam encomendar a Nossa Senhora.

O Restelo, em Belém, um local de secular culto à Virgem Maria…aí passa o Pai e Fundador…aí a Divina Providência quer que se erga o Santuário.

Os teus passos geram vida e … “Foram portadores de um sonho e de uma promessa” (Paula Roncon)

Igreja Santa Maria de Belém

Igreja de Santa Maria de Belem, Lisboa, Portugal | Foto iStock Getty Images HildaWeges

 

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