ALEMANHA, Markus M. Amrein •
A peregrinação como escola de sustentabilidade e preservação da Criação: este tema esteve presente no encontro online do Männerwerkstatt. O apresentador, ou melhor: a pessoa que transmitiu a sua experiência, foi Harald M. Knes, membro do Instituto Secular dos Irmãos de Maria de Schoenstatt e co-fundador da Escola José Kentenich em Kempten, Alemanha. —
Muitas das coisas a que nos habituámos durante a pandemia, queremos agora esquecer. No entanto, a descoberta das video-conferências como substituto dos eventos presenciais continua a gozar de grande popularidade. Sem viagens, sem malas, sem despesas de alimentação e alojamento. . . Assim, nessa noite, no Männerwerkstatt, o tema da peregrinação foi discutido sem que nenhum dos participantes tivesse de sair de casa.
A alegria de peregrinar
Através dos acampamentos da Juventude Masculina de Schoenstatt, Harald M. Knes descobriu no “Haijk” a alegria de peregrinar. Haijk? Excepcionalmente, não é uma palavra interna de Schoenstatt, mas tomada de empréstimo aos escuteiros suecos. Haik ou Haijk de hike é uma espécie de corrida de orientação que foi adoptada por grupos de jovens como parte do seu método educativo. Enquanto o Haik original era um treino duro em que os grupos de Haik eram deixados sozinhos durante vários dias na natureza para resolverem as tarefas que lhes eram propostas, actualmente o Haik é sobretudo um tipo de treino de competências e tarefas para grupos de jovens. Os jovens têm de competir com outros grupos de haik para resolverem várias tarefas, a fim de atingirem um determinado objectivo.
Peregrinação e romaria são duas coisas diferentes
Harald Knes distingue entre peregrinação e romaria: Na peregrinação, o grau de organização da alimentação, alojamento, etc. é deliberadamente baixo, há menos planeamento e, portanto, mais espaço para a fé na Providência.
Os seus relatos baseiam-se na experiência de mais de 11 peregrinações, todas elas a pé. A maior parte delas tinha entre 100 e 450 quilómetros de extensão. Taizé, Cambrai (o lugar em França onde José Engling, da geração fundadora de Schoenstatt, morreu durante a Primeira Guerra Mundial), o Monte Tabor em Israel, etc., foram os alvos destas peregrinações.
Nas peregrinações, diz Knes, os três conselhos de Jesus são vividos de forma especial e muito concreta:
- Pobreza (estilo de vida simples) como sustentabilidade em relação à Criação: reduzo o material e dou ao Pai celestial a oportunidade de me presentear com dons materiais.
- A obediência (procurar “seja feita a Tua vontade”) como sustentabilidade na procura do caminho certo: dou ao Pai celeste a oportunidade de me mostrar o melhor caminho.
- A virgindade (ter um caso de amor com Deus) como sustentabilidade em relação à alma: dou ao Pai celestial a oportunidade de me tocar espiritualmente de forma intensa.
Foto: Harald M. Knes
Deus reservou um outro lugar para mim
Harald Knes falou das suas muitas e ricas experiências de peregrinação, das pessoas prestáveis através das quais o amor de Deus brilha. Deus é experimentado de muitas maneiras na peregrinação, disse ele, até ao mais pequeno pormenor. Deus é um Pai amoroso no céu que me dá presentes e cuida de mim, o seu filho preferido. Por vezes, Deus permite-me partilhar o seu sofrimento e viver com Ele a ressurreição. Ele muda os meus planos porque tem planos muito melhores para mim. À noite, faço a experiência: o Pai reservou outro lugar para mim, tenho de continuar a caminhar.
A pobreza, evidentemente, é vista de forma bastante negativa pela sociedade, mas de um ponto de vista cristão pode ser libertadora: reduzo-me, despojo-me, para poder experimentar Deus na minha vida em toda a Sua grandeza.
Escutar no silêncio
Muitas vezes, peregrinava sozinho, a maior parte do dia em silêncio. Nesse silêncio, tinha a sensação de ter esquecido a própria voz. Tanto a respiração como o caminhar são ritmos em silêncio que podem fundir-se e acompanhar-se constantemente. O Terço é também um ritmo que flui para os outros dois. O Rosário é uma experiência meditativa profunda.
A peregrinação como escola de sustentabilidade – Foto: Harald M. Knes
Original: alemão (20/8/2023). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal
