SÍNODO SOBRE SINODALIDADE, através de Aica.org •
O Prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, Cardeal Victor Fernández, destacou a importância da assembleia sinodal, o papel dos leigos com voz e voto, o que esperar e o que não esperar. —
O Prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, Cardeal Víctor Fernández, destacou a importância da 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que começa com um momento de oração e que considerou um acontecimento “relevante” para a Igreja. Fê-lo através da rede social Facebook.
O cardeal argentino, há anos Arcebispo de La Plata (à sombra do Santuário), destacou o lugar que alguns leigos terão, com voz e voto, na assembleia sinodal, e levantou a questão do que se pode ou não esperar deste Sínodo presidido pelo Papa Francisco.
Depois de recordar que a assembleia “nem sequer terminará com um documento final”, pediu que se dedique nestes dias “um pouco de tempo para rezar, para pedir ao Espírito Santo que invada este Sínodo, que guie e ilumine cada passo e cada momento”.
Texto do poste:
Cardeal Victor Fernández
O Sínodo que está a começar
Amigos, o Sínodo da Igreja começa efetivamente amanhã, com participantes escolhidos em todo o mundo. Digo que começa amanhã porque, à tarde, todos os participantes se deslocarão a uma casa de retiros para iniciar um tempo de oração. Por isso, podemos dizer que o Consistório que vai criar cardeais é secundário em relação a este acontecimento, que é muito mais relevante para a Igreja.
O lugar dos leigos
Embora se trate de um Sínodo dos Bispos, um número significativo de leigos terá direito a voto. Este facto é notável, porque noutros Sínodos os leigos participaram, mas não tiveram qualquer influência nas decisões finais. Agora, com o seu voto, várias dezenas de leigos e leigas podem mudar o rumo de uma votação. Pensemos que, por vezes, algo não vai para a frente por causa de uma diferença de alguns votos.
O que é que podemos esperar
Se se tratasse de uma coisa puramente humana, poderíamos fazer cálculos e dizer que se vai tomar uma ou outra decisão. Mas como o Espírito Santo tem muito a fazer aqui, não podemos saber qual será o resultado. Se apenas duas ou três pessoas estivessem envolvidas, poderia ser manipulado, mas centenas de pessoas de lugares muito diferentes e com formas de pensar muito diferentes estarão envolvidas.
Além disso, trata-se de pessoas que vão estar em oração durante três dias. Esperemos que o Espírito Santo faça alguma coisa.
O problema é que o Sínodo deste ano não se propõe tratar de quatro ou cinco questões discutidas. Isso poderá acontecer no próximo ano, mas não agora. Este ano, trata-se de uma reflexão mais geral, mas não menos interessante: que tipo de Igreja queremos, o que é que o mundo de hoje precisa de nós, qual é a Igreja que o Senhor quer hoje para iluminar o mundo em que vivemos.
Mas isto não será interessante para a imprensa. Por mais interessante e útil que nos pareça, não será algo que encherá as manchetes dos media e das redes. Para o mundo, pode parecer um fracasso ou uma reunião irrelevante. Não será assim para nós, se permanecermos dóceis ao Espírito Santo. O Papa Francisco sabe disso e diz sempre que não se trata de ganhar espaço, mas de gerar novos processos que darão frutos sabe-se lá quando.
O que não devemos esperar
Embora tenhamos de permanecer abertos ao que Deus quer fazer, não creio que questões como o celibato, a ordenação de mulheres ou coisas do género sejam discutidas este mês, porque cada uma dessas questões exigiria muito estudo prévio, discussões regionais e, depois, para cada uma dessas questões, seria necessário pelo menos um ou dois Sínodos inteiros. Assim, no que respeita a estas questões tão debatidas, só poderia haver um pedido para as estudar, mas sem conclusões. Simplesmente não seria sério. De facto, este ano, o Sínodo nem sequer terminará com um documento final.
Por amor à Igreja, meus amigos, paremos um momento para rezar durante estes dias, para pedir ao Espírito Santo que invada este Sínodo, que guie e ilumine cada passo e cada momento. Obrigado.
Original: castelhano (3/10/2023). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal
