Posted On 2015-01-04 In Francisco - Mensagem

“Guerra nunca mais. A paz é possível, temos que procurá-la”

FRANCISCO EM ROMA. Começa um novo ano e o ambiente de alegria e de esperança respirava-se na manhã deste 1 de Janeiro, em Roma. Milhares de pessoas acorreram à Praça de S. Pedro, e às suas imediações, para rezar com o Santo Padre a oração à Mãe de Deus como Francisco a definiu “humilde mulher de Nazaré, que deu a Jesus o Seu amor e a Sua carne humana. E, assim, o Bispo de Roma fala do início do Novo Ano relacionando-o com o Baptismo “redescubramos o presente recebido naquele Sacramento que nos gerou uma vida nova: a vida divina”. Explica o Papa Bergoglio que, com o Baptismo somos introduzidos na comunhão com Deus, recebendo o Seu amor e carinho e, por consequência, chegamos à Paz, especialmente hoje que, como lembrou o Santo Padre, celebramos a Jornada da Paz cujo Lema este ano é “Não escravos mas, irmãos”. Deste modo, o Papa chama- nos a combater cada forma de escravatura e a construir a fraternidade, sendo esta, uma responsabilidade de cada um de nós.

Texto da alocução do Papa Francisco antes de rezar o Ângelus:

Queridos irmãos e irmãs, bons dias e bom ano!

Neste primeiro dia do ano, num clima de alegria, se bem que frio, de Natal, a Igreja convida-nos a fixar o nosso olhar, de fé e amor, na Mãe de Jesus. N’Ela , humlde mulher de Nazaré. “a Palavra fez-Se carne e habitou entre nós” (Jo1, 14). Por isso, é impossível separar a contemplação de Jesus, a Palavra da vida que se tornou visível e tangível (cfr. 1 Jo 1,1), da contemplação de Maria, que Lhe deu o Seu amor e a Sua carne humana.

Hoje ouvimos as palavras do Apóstolo Paulo: “Deus enviou o Seu Filho, nascido de uma Mulher” (Gal 4,4). Aquele “nascido de uma Mulher” fala de modo essencial e, por isso, ainda mais intenso da verdadeira humanidade do Filho de Deus. Como afirma um Padre da Igreja, S. Atanásio: “O Nosso Salvador foi verdadeiramente homem e d’Ele veio a salvação de toda a humanidade” (Carta a Epíteto: PG 26).

Mas, S. Paulo acrescenta também: “Nascido sob a lei” (Gal 4, 4). Com esta expressão sublinha que, Cristo assumiu a condição humana libertando-a da fechada mentalidade legalista, insuportável. Com efeito, a lei, privada da graça, torna-se um jugo insuportável e, em lugar de nos fazer bem, faz-nos mal. Mas, Jesus dizia: “o sábado foi feito para o Homem, não o Homem para o sábado”.

Temos, aqui, então, a finalidade com a qual Deus envia o Seu Filho à Terra para se fazer Homem: uma finalidade de libertação, mais, de regeneração. De libertação “para resgatar aqueles que estão sob a lei” (v. 5); e, o resgate produziu-se com a morte de Cristo na Cruz. Mas, sobretudo, de regeneração: “Para que recebêssemos a adopção de filhos” (v. 5). Incorporados n’Ele, os Homens chegam a ser, realmente, filhos de Deus. Esta passagem fabulosa produz-se, em nós, com o Baptismo que, nos enxerta como membros vivos , em Cristo e, nos enxerta na Sua Igreja.

No início de um novo ano faz-nos bem lembrar-nos do dia do nosso Baptismo: redescubramos o presente recebido naquele Sacramento que nos gerou uma vida nova: a vida divina. E, isto através da Mãe Igreja que, tem como modelo a Mãe Maria. Graças ao Baptismo fomos introduzidos na comunhão com Deus e, já não estamos à mercê do mal e do pecado mas, recebemos o amor, a ternura, a misericórdia do Pai Celestial.

Pergunto-vos, novamente: Quem, de vós, se lembra do dia em que foi baptizado, se lembra da data do seu baptismo? Quem, de vós, se lembra? Levantem a mão. Ah! Há muitos, mas não tantos eh! Para aqueles que não se lembram dar-lhes-ei uma tarefa para fazerem em casa. Procurar essa data e guardá-la bem no seu coração. Também, podem pedir ajuda aos pais, ao padrinho, à madrinha, aos tios, aos avós… Mas, qual foi o dia em que fui baptizado? Esse é um dia de festa. Façam isso. Será muito bonito para agradecer a Deus o dom do Baptismo.

Esta proximidade de Deus na nossa existência dá-nos a verdadeira paz, a paz, o dom divino que, queremos implorar, especialmente, hoje, Jornada Mundial da Paz. Eu leio, por aí:”A paz é sempre possível”. É sempre possível a paz! Devemos procurá-la. Noutro lado:”A oração é a raíz da paz”. A oração é, precisamente, a raíz da paz”. A paz é sempre possível. E, a nossa oração, está na raíz da paz. A oração faz germinar a paz.

Hoje, Jornada Mundial da Paz, “Já não escravos mas, irmãos”:: aqui está a Mensagem desta Jornada. Porque as guerras fazem-nos escravos. Sempre. Uma mensagem que nos compromete a todos. Todos estamos chamados a combater qualquer forma de escravatura e, a construir, a fraternidade. Todos, cada um, segundo a sua própria responsabilidade.

E, lembrem-se bem: a paz é possível. E, na raíz da paz está sempre a oração. Rezemos pela paz.

Também existem essas belas escolas de paz, essas pela paz, devemos levar por diante esta educação pela paz.

A Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, apresentamos os nossos propósitos de bondade, A Ela pedimos que estenda sobre nós e, sobre todos os dias do Ano Novo, o manto da Sua maternal protecção:”Santa Mãe de Deus, não desprezes as nossas súplicas , nós, que estamos na provação e livra-nos de todo o perigo, oh Virgem Gloriosa e Bendita”.

E, convido todos vós, a saudar a Virgem como Mãe de Deus. A saudá-l’A com aquela saudação: “Santa Mãe de Deus”, como foi aclamada pelos fieis da cidade de Éfeso no início da vida cristã, do cristianismo, quando do outro lado da entrada da igreja , gritavam aos seus Pastores esta saudação a Nossa Senhora: “Santa Mãe de Deus”. Todos juntos, três vezes, com força.

Palavras do Papa depois da oração do Ângelus:

Queridos irmãos e irmãs

Dirijo a todos aqui presentes a minha cordial saudação, desejando-vos um feliz e sereno Ano Novo. Saúdo, em especial, os peregrinos dos países Escandinavos e da Eslováquia, os fieis de Asola, Castiglione delle Stiviere, Saccolongo, Sotto il Monte, Bonate Sotto e Benevento, os jovens de Andria e Castelnuovo del Garda. Uma cordial saudação vai para os Stersinger da Alemanha, Áustria e Suíça pelo seu empenho em ir de casa em casa para anunciar o nascimento do Senhor e recolher presentes para as crianças necessitadas. Feliz Natal e um Feliz Ano Novo!

Dirijo o meu pensamento aos das Dioceses do mundo inteiro que, promoveram momentos de oração pela paz, porque a oração é a raíz da paz, como diz o cartaz. Lembro, em especial, a marcha nacional que, teve lugar, ontem, em Veneza, a manifestação “Paz em todas as terras”, promovida , em Roma e, em numerosas cidades do mundo.

Neste momento estamos ligados com Trentino, onde se encontra o grande sino chamado “Maria Dolens”, feito em honra dos mortos de todas as guerras e abençoado pelo Beato Paulo VI , em 1965. Dentro de pouco tempo ouviremos o repicar daquele sino. Que nunca mais haja guerras, guerras, nunca mais! E, sempre o desejo e o compromisso de paz e de fraternidade entre os povos.

Bom ano para todos. Que seja um ano de paz, de paz, no abraço de carinho do Senhor e com a proteção de Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe. Saúdo todos. E, vejo que, ali há tantos mexicanos, saúdo-vos, são muitos os mexicanos!

Bom ano e, por favor não se esqueçam de rezar por mim. Bom almoço e, até breve.

Agora, aguardamos o som dos sinos.

“Já não escravos mas, irmãos”

Original: italiano. Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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