Posted On 2014-09-19 In Francisco - Mensagem

É o Espírito Santo que, realmente, supera toda resistência, que vence a tentação de fechar-se em si mesmo

org. O Papa Francisco, na catequese de 17 de setembro de 2014, na praça do Santuário de São Pedro, diante de milhares de fiéis e peregrinos, disse que a Igreja “É católica porque é universal: tem a missão de anunciar a Boa Nova do amor de Deus até os confins do mundo, ensinando tudo o que é necessário para a salvação. E é apostólica porque é missionária: como os apóstolos e em continuidade a eles, é enviada a preparar a vinda do Senhor, acompanhando sua palavra com os sinais da ternura e do poder de Deus. Francisco explicou: “A Igreja, universal e missionária, conta com a assistência do Espírito Santo, que continuamente a faz sair de si mesma ao encontro dos irmãos, falando as línguas do mundo todo, para comunicar a todos a alegria do Senhor Ressuscitado”. “Imaginemos se um grupo de cristãos faz isso: ‘nós somos os escolhidos, somente nós’… no final, morrem. Morrem primeiro na alma, depois morrem no corpo porque não têm vida, não são capazes de gerar vida para as outras pessoas, para outros povos. Não são apostólicos”.

Texto completo da catequese do Papa

“A Igreja católica e apostólica”

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Nesta semana continuamos a falar sobre a Igreja.

Quando professamos a nossa fé, nós afirmamos que a Igreja é “católica” e “apostólica”. Porém, qual é realmente o significado dessas duas palavras, dessas duas notáveis características da Igreja? E que valor têm para as comunidades cristãs e para cada um de nós?

1. Católica significa universal. Uma definição completa e clara nos é oferecida por um dos Padres da Igreja dos primeiros séculos, São Cirilo de Jerusalém, quando afirma: “A Igreja sem dúvida é dita católica, isto é, universal, pelo fato de que é difundida de um a outro nos confins da terra; e porque, universalmente e sem deserção, ensina todas as verdades que devem chegar ao conhecimento dos homens, seja a respeito das coisas celestes, seja das coisas terrestres” (Catequese XVIII, 23).

Um sinal evidente da catolicidade da Igreja é que essa fala todas as línguas. E isto não é senão o efeito de Pentecostes (cf. At 2, 1-13): é o Espírito Santo, de fato, que tornou os apóstolos e toda a Igreja capazes de fazer ressoar a todos, até os confins da terra, a Bela Nova da salvação e do amor de Deus. Assim, a Igreja nasceu católica, isso é, “sinfônica” desde as origens, e não pode ser outra coisa a não ser católica, projetada para a evangelização e ao encontro com todos. A Palavra de Deus hoje é lida em todas as línguas: todos têm o Evangelho na própria língua, para lê-lo. E volto ao mesmo conceito: é sempre bom termos conosco um Evangelho pequeno, para levá-lo no bolso, na bolsa, e, durante o dia, ler um trecho. Isto nos faz bem. O Evangelho é difundido em todas as línguas porque a Igreja, o anúncio de Jesus Cristo Redentor, está em todo o mundo. E por isto se diz que a Igreja é católica, porque é universal.

2. Se a Igreja nasceu católica, quer dizer que nasceu “em saída”, que nasceu missionária. Se os apóstolos tivessem permanecido ali no cenáculo, sem sair para pregar o Evangelho, a Igreja seria somente a Igreja daquele povo, daquela cidade, daquele cenáculo. Porém, todos saíram para o mundo, a partir do momento do nascimento da Igreja, do momento no qual o Espírito Santo desceu sobre eles. E por isso a Igreja nasceu “em saída”, isto é, missionária. É aquilo que exprimimos qualificando-a como apostólica, porque o apóstolo é aquele que leva a boa notícia da Ressurreição de Jesus. Este termo nos lembra que a Igreja, no fundamento dos Apóstolos, está em continuidade com eles. Foram os apóstolos que saíram e fundaram novas igrejas, constituíram novos bispos; e assim em todo o mundo, em continuidade. Hoje, todos nós estamos em continuidade com aquele grupo de apóstolos que recebeu o Espírito Santo e depois foi “em saída”, para pregar. A Igreja é enviada para levar a todos os homens esse anúncio do Evangelho, acompanhando-o com os sinais da ternura e do poder de Deus. Também isto decorre do evento de Pentecostes: é o Espírito Santo, de fato, que supera toda resistência, que vence a tentação de fechar-se em si mesmo, entre poucos eleitos, e de se considerar os únicos destinatários da benção de Deus. Se, por exemplo, alguns cristãos fazem isso e dizem: “Nós somos os eleitos, somente nós”, no final, morrem. Morrem primeiro na alma, depois morrem no corpo, porque não têm vida, não são capazes de gerar vida para outras pessoas, outros povos. Não são apóstolos. E é justamente o Espírito que nos conduz ao encontro aos irmãos, também àqueles mais distantes em todos os sentidos, para que possam partilhar conosco o amor, a paz, a alegria que o Senhor Ressuscitado nos deixou de presente.

3. O que significa, para as nossas comunidades e para cada um de nós, fazer parte de uma Igreja que é católica e apostólica? Antes de tudo, significa levar no coração a salvação de toda a humanidade, não se sentir indiferente ou estranho diante da sorte de tantos irmãos nossos, mas abertos e solidários para com eles. Significa, além disso, ter o sentido de plenitude, de completude, de harmonia da vida cristã, repelindo sempre as posições parciais, unilaterais, que nos fecham em nós mesmos.

Fazer parte da Igreja apostólica quer dizer ser consciente de que a nossa fé é ancorada no anúncio e no testemunho dos próprios apóstolos de Jesus. É ancorada lá, é uma longa cadeia que vem de lá; e, por isso, sentir-se sempre enviado, sentir-se mandado, em comunhão com os sucessores dos Apóstolos, e, com o coração cheio de alegria, a anunciar Cristo e o seu amor para toda a humanidade. E aqui gostaria de recordar a vida heroica de tantos, tantos missionários e missionárias que deixaram sua pátria para ir e anunciar o Evangelho em outros países, em outros continentes. Dizia-me um cardeal brasileiro que trabalhava muito na Amazônia que quando ele vai a um lugar, a um país ou a uma cidade da Amazônia, vai sempre ao cemitério e ali vê os túmulos desses missionários, sacerdotes, irmãos, irmãs, que foram pregar o Evangelho: apóstolos. E ele pensa: todos esses podem ser canonizados agora, deixaram tudo para anunciar Jesus Cristo. Demos graças ao Senhor porque a nossa Igreja tem tantos missionários, teve tantos missionários e precisa deles ainda mais agora! Agradeçamos ao Senhor por isto. Talvez entre tantos jovens, rapazes e moças, que estão aqui, alguém tenha a vontade de se tornar missionário: siga adiante! É belo isto, levar o Evangelho de Jesus. Que seja corajoso e corajosa!

Peçamos então ao Senhor para renovar em nós o dom do seu Espírito, para que cada comunidade cristã e cada batizado seja expressão da santa mãe Igreja católica e apostólica.

Original em espanhol – Tradução: Maria Rita Fanelli Vianna – São Paulo / Brasil

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