ARGENTINA, Claudia Echenique. Celebrar o primeiro ano do pontificado do Papa Francisco foi o motivo do Encontro realizado sábado, dia 15 de março, no Colégio Máximo São José (Buenos Aires), onde, durante 18 anos, viveu Jorge Bergoglio: ali estudou, ordenou-se sacerdote e foi reitor.
A Geração Francisco convocou diversos grupos, movimentos e instituições para conhecer e vincular toda a torrente de ações, gestos e iniciativas que surgiram a partir daquele 13 de março de 2013, quando o papa latino-americano apareceu no balcão de São Pedro e deu início a esta “primavera” na Igreja.
Durante a intensa jornada, que começou às 9 horas, trabalhou-se em comissões sobre temas como Cultura do Encontro, Igreja pobre para os pobres, Solidariedade e participação, Desafio dos pobres e A pobreza e as periferias existenciais, nas quais foi notória a necessidade de dialogar e compartilhar as vivências, experiências e projetos que surgiram sob o impulso renovador do Papa argentino.
Participaram 250 jovens e adultos, que chegaram de todas as regiões: Grande Buenos Aires, La Plata, Santa Fé, Entre Rios, Córdoba, Jujuy, Tucumán, La Pampa, e ainda da Região Oeste do Uruguai. Entre eles, havia agentes pastorais, sacerdotes, religiosas, legisladores, funcionários, educadores, dirigentes e militantes políticos, sociais e sindicais, artistas e esportistas, incluindo um grupo de 10 docentes e diretores do Colégio Estrada, de City Bell, instituição que aplica a pedagogia e a espiritualidade do Pe. José Kentenich.
Liderar a partir do discernimento
O plenário começou com a saudação e a exibição de um vídeo, pelo secretário da Pontifícia Comissão para América Latina, Prof. Guzmán Carriquiry, que disse: “Estamos começando a viver uma revolução evangélica na Igreja. O Papa Francisco tem aplicado um dinamismo renovador à vida e à missão da Igreja”.
Pe. Juan José Berli, SJ, atual reitor do Colégio Máximo, referiu-se ao tema “Liderar sob discernimento” como a maior contribuição do atual Pontificado.
Nunca pensei que ia gostar tanto de ser ovelha
Andrea Ilaqua, jovem dirigente política de Buenos Aires, expressou: “Nunca pensei que ia gostar tanto de ser ovelha; fico feliz de ser parte do rebanho, porque reconhecemos a voz do nosso Pastor. Francisco vai à nossa frente, dando-nos esperança; está no meio de nós com simplicidade, mostrando-nos a misericórdia e a ternura de Deus; e também segue atrás, ajudando os lentos, os feridos”.
O almoço foi acompanhado por grupos de música folclórica com canções e poesias que faziam referência ao Papa Francisco. Como sobremesa, foi oferecido um grande bolo e todos cantaram ‘Parabéns a você’, pelo primeiro aniversário do Santo Padre.
As periferias no centro da cena
À tarde, Jorge Benedetti, um dos organizadores do Encontro, iniciou uma mesa redonda e destacou que os sinais dos tempos mostram que o eixo do mundo está mudando. Francisco colocou as periferias existenciais no centro da atenção mundial. No Rio de Janeiro, pediu aos jovens para ‘transformar’, ‘sair’, ‘fazer bagunça’. “Hoje é o tempo da América Latina, porque hoje é o tempo dos povos”.
Pe. Pepe Di Paola, sacerdote das vilas pobres de Buenos Aires, ressaltou que o mundo está vivendo a novidade de Francisco, porém que “isso é uma continuação do que pudemos ver e compartilhar em Buenos Aires, com o Padre Jorge Bergoglio, sempre próximo do pobre humilde”. E destacou a importância que para o Papa tem “os Santuários como lugares de encontro profundo do homem com Deus e das expressões da fé de todas as pessoas”.
Os jovens: novos espaços e melhores vínculos
Nadia Bilat, jovem dirigente da cidade de Nueva Cidadania em Paraná (Entre Rios), mostrou a experiência da criação de um espaço de participação para canalizar as inquietudes e desafios que Francisco propõe aos jovens. “A eleição de Francisco, e tudo o que aconteceu durante este primeiro ano, renovou nossa esperança de que é possível um mundo melhor. Ele nos convoca a fazer um caminho que ele mesmo faz”, concluiu.
Martín Palma, militante politico e social, referiu-se à “renovação da ternura” que Francisco propõe frente a “este mundo atual que tem nos convertido em seres solitários e egoístas e que estimula a nos fecharmos em nossas casas, sem nos importarmos com o que se passa com o vizinho, com a pessoa que trabalha ao nosso lado. Em 2013, Francisco aparece e nos propõe o caminho da ternura, a tocar a Cristo na carne do pobre, olhá-lo nos olhos e sorrir para ele”.
A solidariedade na Cultura do Encontro
Roberto Ré contou que a Rede Sanar Argentina começou em La Pampa, em 1994; logo a seguir, ocorreram sete suicídios de jovens em apenas 70 dias. Esse médico psiquiatra oferece, junto com outros colegas e agentes de pastoral dessa ONG, ajuda gratuita e solidária visando a saúde mental, que funciona com 2.000 voluntários capacitados, que são verdadeiros agentes na Cultura do Encontro.
Novo paradigma da missão
Gustavo Escobar, diretor do Editorial Santa Maria, referiu-se aos jovens que saíram para missionar durante algumas semanas e depois voltaram à sua vida cotidiana. Hoje, todos estão transformados. A missão está no lugar onde cada um se encontra e permanece. Hoje, o paradigma da missão está acompanhado pelo testemunho coerente de vida.
Principais conclusões
Entre as conclusões adotadas no Encontro, destacam-se:
- A necessidade de continuar com a difusão do pensamento e da ação de Francisco.
- A importância de usar uma linguagem clara e simples, com gestos concretos, que permitam uma verdadeira Cultura do Encontro.
- Sair às ruas e estar em contato com as pessoas, para conhecer suas necessidades e gerar vínculos de confiança e ternura.
- Continuar a comunicação por meio das redes digitais, para fazer crescer essa iniciativa e dar-lhe alcance nacional e internacional.
Palavras finais de Carlos Ferré
Carlos Ferré, do grupo organizador e membro do Movimento de Schoenstatt, ao final comentou: “Estamos profundamente surpreendidos pelo número de pessoas e instituições que participaram. Isso demonstra que todos os setores foram ‘tocados’ por Francisco, por sua mensagem e seus gestos. Rezemos por nosso Papa e para que a Geração Francisco seja uma rede de redes que se amplie, porque é um grande benefício para a Argentina, para a América Latina e o mundo todo. A promessa foi cumprida: depois de 50 anos, o Concílio Vaticano II será uma realidade”.
Pancho Cassano, jovem dirigente do Paraná, foi o encarregado de encerrar o Encontro: “Sempre nos dizem que somos campeões, fazendo diagnósticos e propostas, mas que falhamos na ação. Hoje fizemos tudo isso. O que mudou? Os impulsos que nos vêm de cima, o impulso de Francisco, um líder mundial de primeira linha, que é capaz de transformar em corrente de vida essa contracorrente que nos pede”. E desafiou a todos com a pergunta final: “Nos animamos a sermos protagonistas dessa mudança, de sair a evangelizar, com a alegria de Francisco?”.
Para concluir, D. Sergio Fenoy, Bispo de San Miguel, presidiu a Eucaristia. Em sua homilia, referiu-se ao Evangelho da Transfiguração e expressou: “Esse rosto resplandecente de Jesus está mostrando também nossa beleza. O artista é aquele que vê uma obra de arte em um simples bloco de pedra, em um pequeno pedaço de argila. Deus vê nossa beleza em nossa pobre humanidade. A vocação do fiel é tirar o melhor de cada situação, descobrir o que há de bom em cada pessoa, entregar-se à comunicação e ao serviço, à unidade e ao diálogo”.
Video (Claudia Echenique): Carlos Ferré: ¿Quien es Francisco?
Quien Es Francisco – Carlos Ferre.mp4 from schoenstatt org on Vimeo.
Video (Claudia Echenique): Carlos Ferré: ¿Qué es la “Generación Francisco”?
Generacion Francisco 2014.mp4 from schoenstatt org on Vimeo.
Fotos
March 25, 2014 – Genración Francisco |
Original em espanhol. Tradução para o Português: Maria Rita Fanelli Vianna – São Paulo / Brasil
“Ao cumprir-se o primeiro aniversário da eleição do Papa Francisco” – um convite por parte da “Geração Francisco”