ARGENTINA, AICA/mf •
Frei Mamerto Esquiú foi proclamado Beato a 4 de Setembro, numa celebração eucarística em San José de Piedra Blanca, Catamarca, presidida pelo Cardeal Luis Héctor Villalba, Arcebispo Emérito de Tucumán e enviado papal para a ocasião. —
A Missa foi concelebrada por vários Arcebispos e Bispos de toda a Argentina, entre eles o Bispo Auxiliar de La Plata, Monsenhor Jorge Esteban González, membro da União de Sacerdotes Diocesanos de Schoenstatt.
Numa saudação enviada através da WhatsApp, Monsenhor Jorge González escreveu:
No local de nascimento de Frei Mamerto Esquiú, coloquei nas mãos de Nossa Senhora do Vale as vossas intenções e a vida de cada um de vós”.
Após a leitura da biografia de Frei Mamerto Esquiú, iniciou-se o Rito de Beatificação, durante o qual o Cardeal Villalba leu em latim a carta apostólica na qual o Papa Francisco concede a Beatificação e estabelece a data da Festa Litúrgica.
“Acolhendo o desejo dos nossos irmãos, Carlos José Ñáñez, Arcebispo de Córdova, e Luis Urbanc, Bispo de Catamarca, bem como de muitos outros irmãos do Episcopado, e de muitos dos fiéis; e depois de termos recebido o parecer da Congregação para as Causas dos Santos, com a nossa autoridade apostólica, concedemos que o Venerável Servo de Deus Mamerto Esquiú, da Ordem dos Frades Menores, Bispo de Córdova, promotor do bem comum, ator zeloso e fiel anunciador do Evangelho, seja doravante chamado Beato”, leu em espanhol Frei Emilio Luis Andrada, Superior da Província franciscana.
Entretanto, o locutor exclamou: “Frei Mamerto de la Ascensión Medina foi incluído no Livro dos Beatos” e às 10 h 39 da manhã foi exibida a imagem oficial de Frei Mamerto Esquiú, Beato.
Na carta apostólica foi também indicado que a Festa Litúrgica estabelecida em honra do Beato Frei Mamerto Esquiú será no dia 11 de Maio.
Alegria, júbilo e uma nova esperança
Antes da procissão de entrada do celebrante e dos outros Bispos, a imagem de Nossa Senhora do Vale fez a sua entrada triunfal.
Na sua Homilia (ES), o Cardeal Villalba exclamou: “Regozijemo-nos no Senhor! Hoje é um dia de festa, hoje é um dia de alegria. Grande é a alegria no Céu e na Terra pela beatificação de Mamerto Esquiú”.
“Alegria pela Ordem Franciscana, à qual Esquiú pertenceu, alegria pela Igreja de Catamarca, onde nasceu, viveu e morreu, alegria pela Igreja de Córdoba, da qual foi Bispo durante dois anos, alegria pela Igreja da Argentina, alegria por toda a Igreja Católica que celebra em Esquiú uma nova esperança”, assinalou.
“A alegria vem do facto de um membro da Igreja, um homem do nosso país, um irmão nosso , ser reconhecido como Beato, honrado e invocado como tal”, acrescentou ele.
“Beato significa salvo e glorioso”. Significa cidadão do céu. Mamerto Esquiú como religioso, como sacerdote, como Bispo é um modelo a imitar e, como S. Paulo, pode dizer-nos a todos: ‘Segue o meu exemplo, tal como eu sigo o exemplo de Cristo’. E, ao mesmo tempo, Mamerto Esquiú é um intercessor em nosso nome. A Igreja diz-nos, ao beatificá-lo, que podemos invocá-lo e rezar-lhe, porque ele já partilha da felicidade eterna”, disse ele.
O Cardeal Villalba sublinhou que “a beatificação de Mamerto Esquiú é um convite a todos nós para caminharmos nas pegadas abertas por Jesus Cristo, um convite a caminharmos para a santidade”.
Como foi a vida de Mamerto Esquiú? Qual é a sua história? Como é que ele se tornou Beato?
“Já o conhecem. Este não é o momento para escrever a sua biografia, nem para fazer um panegírico.
Mas gostaria, pelo menos, de apontar algumas características da sua vida.
Mamerto Esquiú nasceu a 11 de Maio de 1826 aqui, nesta cidade de Piedra Blanca, na província de Catamarca. A sua família era religiosa e trabalhadora. Entrou na Ordem Franciscana dos Frades Menores (O.F.M.) onde professou os votos religiosos de pobreza, castidade e obediência e foi Ordenado sacerdote com a idade de 22 anos, a 18 de Outubro de 1848. Esmerou-se muito no ensino e na pregação. Quando era jovem ensinou filosofia e teologia e foi também professor de crianças. Como padre, dedicou-se ao Sacramento da Penitência e à Direcção Espiritual.
Em 1862 mudou-se para o Convento Franciscano de Tarija, na Bolívia, em busca de uma vida religiosa mais regular e isolada, dedicando-se ao ensino da teologia. Em 1864 mudou-se para Sucre, a capital da Bolívia, a pedido do Arcebispo local, para ensinar no Seminário. Em 1872, viajou como missionário para o Peru e Equador. No ano seguinte, regressou a Tarija.
Em 1876, viajou para Roma e para a Terra Santa. Em Roma, Esquiú conheceu o Geral da Ordem Franciscana, que lhe ordenou que voltasse a Catamarca para trabalhar pelo restabelecimento da vida comum nos conventos. Assim, após 16 anos de ausência, regressou a Catamarca em 1878. Em 1880 foi nomeado Bispo de Córdoba.
No seu segundo ano como Bispo, foi a La Rioja, que pertencia à sua Diocese, para visitar os fiéis e administrar os Sacramentos. E na viagem de regresso à sua sede episcopal de Córdoba, morreu a 10 de Janeiro de 1883, no posto de Catamarca de El Suncho. Tinha 56 anos de idade.
Esquiú procurou ser santo. Ele procurou, acima de tudo, fazer a vontade de Deus. O que importa, disse ele, é fazer a vontade de Deus a todo o custo. Construiu a sua vida de santidade sobre Jesus Cristo. O seu objectivo era conhecer e amar Jesus, a fim de gravar a Sua imagem na sua alma. A Palavra de Deus ocupou um lugar central na sua vida. Mamerto Esquiú era um sacerdote de oração profunda, dedicou muito tempo à oração. Tinha um grande amor pela Santíssima Virgem Maria e por São José.
Esquiú foi um Bispo missionário que, se dedicou a visitar todas as comunidades da sua extensa Diocese. Não fez apenas trabalho missionário nas Paróquias, mas também nas Capelas. Em lugares onde não havia igrejas, foi em missão a pequenas aldeias ou a ranchos.
Esquiú foi um Bispo pastor que se destacou pela sua humildade, a sua pobreza e a austeridade da sua vida.
Esquiú foi um pastor que se dedicou aos pobres ao estilo de São Francisco. Ele era incansável na assistência aos doentes e na administração dos Sacramentos”.
A alegria do Papa Francisco com o novo Beato
O Papa Francisco celebrou a Beatificação de Frei Mamerto Esquiú este Domingo após a oração do Angelus: “Finalmente um Beato argentino!” exclamou o Pontífice.
A alegria do Santo Padre transmitida aos fiéis reunidos na Praça de São Pedro destaca a Beatificação do Frei Mamerto Esquiú, este sábado, 4 de Setembro, na localidade de San José de Piedra Blanca, em Catamarca.
O Santo Padre salientou que “foi um zeloso proclamador da Palavra de Deus para a edificação da comunidade eclesial e civil” e encorajou que o seu exemplo “possa ajudar-nos a unir sempre a oração e o apostolado e a servir a paz e a fraternidade”.
“Uma salva de palmas para o novo Beato”, convidou os fiéis, que se juntaram em alegre aplauso para celebrar o Beato argentino.
Original: espanhol (5/9/2021). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal
