Posted On 2014-08-01 In Artigos de Opinião

“Pe. Günther Boll”

EM POUCAS PALAVRAS, Pe. Joaquín Alliende L. De seu natural tímido, como o são algumas pessoas muito inteligentes. Era ágil, andava sem fazer barulho. Podia citar, oportunamente, Rilke ou alguma coisa de Spaemann. Uma vez convidou-nos para trocar impressões sobre uns Chagall acabados de descobrir. Noutra altura, interessou-lhe fazer dialogar a teologia da libertação com a visão kentenichiana da história. Adorava ver bom futebol na televisão e jogar volleyball. Este último apaixonava-o. Às vezes, quando perdia, desenhava-se na sua cara uma careta de desagrado. Na Adoração do Santíssimo inclinava o corpo para a direita, mas sempre erecto.O nosso Pai disse-lhe, em Milwaukee, que tinha uma sensibilidade vigilante como um esquilo. Uma vez recomendou-lhe que tivesse no seu quarto uma mistura de frutos secos e passas (Studentenfutter), para que Günther acompanhasse as suas variadas leituras do fim do dia com alguma coisa saborosa. Lavava os pratos com uma velocidade inimitável.

Leu tudo o que se publicou do Pe. Kentenich. Reviu traduções em várias línguas. Tinha boa pontaria. No que diz respeito a falar sobre temas de fundo com o nosso Pai, na maturidade final do Fundador, possivelmente tenha o récord mundial de horas conversadas com calma. Mas o central não era um saber, era um viver e um morrer. Günther Boll entregou tudo o que era no seguimento ao seu pai, ao profeta e ao Fundador. Por este efeito radical durante tempos muito difíceis foi-lhe impedido ser ordenado sacerdote católico. Depois, assumiu tarefas, das mais árduas, humanamente falando, para se entregar à sua missão de co-fundador, “sem preguntas, nem queixas”. Por isso sofreu. Uma vez vi-o chorar depois de ter aceite uma pesada responsabilidade.

Desde um centro pessoal decantadamente kentenichiano não tinha nenhum medo de ir ao limite, ou ao contradictório, sem dogmatismo e sem nunca se desvanecer. Quando alguém o encurralava artificialmente, respondia veloz e, nos seus verdes anos, com uma alfinetadela de ironia. Mais tarde, com os anos, a benevolência coloria as suas palavras.

Deixa-nos um legado multifacetado e perene. Assim como, em José Kentenich a sua herança se ata numa paternidade em Jesus, Unigénito do Pai e Bom Pastor de cada Homem, acontece algo de semelhante em Günther, como filho-pai. E, também demonstra que o Pe. Kentenich foi pai imediato em 1914 e é pai de pais cem anos depois projectando-se para um horizonte que está por nascer.

P. Joaquín Alliende

Original espanhol: Tradução, Lena Castro Valente, Lisboa. Portugal

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