CUBA/ESPANHA, Elisa Menéndez-Pidal Zabía, da Missão Cuba da Juventude Feminina de Madrid •
Desde o começo Cuba foi algo que veio totalmente da Providência. A Juventude Feminina de Madrid queria ter um projeto para o verão, mas não sabíamos onde, nenhum país parecia que nos abria suas portas para poder ir, e foi depois do Jubileu quando algumas jovens se depararam com um testemunho de um tal Padre Bladimir no Santuário de Pozuelo.
Pessoalmente eu não sabia muito bem o que fazia aí, mas fui escutar-lhe falar sobre Cuba e aos poucos foi acendendo em mim algo que não sabia o que era… E de repente o vimos claramente. Tínhamos que ir a Cuba! As jovens de Madrid já tinham projeto para o verão! Deus nos entregou de bandeja.
Os meses seguintes de preparação foram muito difíceis, reuniões de formação, eventos para arrecadar dinheiro; parecia que sempre se complicavam as coisas, mas tínhamos uma coisa clara: isto era algo totalmente de Deus e de Maria e ia seguir em frente.
Boas-vindas com o hino de Franz Reinisch
Por fim chegou o nove de agosto, me lembro da adrenalina que sentia antes de subir ao avião pensando na incrível viagem que nos esperava, estávamos todas muito nervosas e emocionadas também. Quando chegamos a La Habana, nos esperava uma grande surpresa. O Padre Bladimir nos foi buscar com todas as crianças da paróquia! E não apenas isso, nos receberam com bandeiras de Espanha, Cuba, Schoenstatt e o hino de Franz Reinichsz ecoando por todo o aeroporto! Aqui realmente foi onde tudo começou e onde se começou a formar os vínculos tão fortes com este grupo de cubanos.
Neste povoado de pescadores…
Nossa tarefa era muito concreta, não apenas era ajudar ao Padre nas coisas da paróquia e no que ele nos pedisse (ajudamos a preparar um acampamento de crianças pequenas para todo o povoado de Santa Cruz e comunidades dos arredores) era fundar Schoenstatt nesse pequeno povoado de pescadores e missionar.
Durante minha experiência ali pude observar um pouco como é a situação de Cuba, e é muito dura, não vou contar coisas políticas, nem econômicas porque todos sabem como é o comunismo, mas sim contar como afeta a pessoa.
Quando um povoado não conhece Deus
Cuba é um país no qual a ideologia está antes que o próprio ser humano, e é impressionante como isto corrompe o homem em todos os sentidos. Eles não conhecem o que é a liberdade, e com isto me refiro à liberdade interior; vivem totalmente condicionados pelo regime e isto afeta todos os âmbitos: as famílias, a educação, a diversão, mas no que mais influi é nas crenças.
Cuba leva cinquenta anos sem ouvir falar de Deus e quem pôde haver transmitido, eram as avós que agora aos poucos estão morrendo, por isso há duas gerações de pessoas totalmente ateias que nem sequer sabem quem é Deus, Jesus, o Papa… porque tudo isso lhes foi arrebatado. Isto é realmente impactante porque se a uma sociedade se lhe priva de Deus, lhe priva a esperança, a vontade de viver, de ter aspirações, de querer esforçar-se. Todos são iguais, não importa se você é bom em pintura ou em informática, ninguém pode explorar aquilo para que tem aptidão porque todos têm que ter a mesma igualdade de condições, é muito triste e dá um aperto no coração quando vê a este povo tão próximo a Espanha e a nossas raízes.
As avós e a Virgem da Caridade
Schoenstatt, portanto é uma resposta ao que eles necessitam: que é família e liberdade. Ali a instituição da família não existe, as pessoas não se casam, não existe a fidelidade e isso repercute muito nas crianças. Não têm liberdade interior, por viverem sem esperança e com muitas ataduras.
Cuba é um país muito mariano por isso era muito fácil chegar a seus corações através da Virgem da Caridade do Cobre que é a padroeira de Cuba. Castro não a quitou porque a atribuiu como um ícone nacional de tradição popular, assim era muito fácil contar que a Virgem da Caridade e a de Schoenstatt era a mesma virgem e isso lhes encantava e emocionava.
Ensinaram-me a rezar
Como experiência pessoal foi incrível; não era um voluntariado, era missão, que é levar o mais importante para mim que é Deus, o carisma de Schoenstatt e ver como a esses jovens da paróquia lhes emocionava o Padre Kentenich ou a Mãe (muitos deles fizeram a Aliança, há grupo de Apóstolos de Maria, de Cruzados, de Mães e de Madrugadores) Eram mais de Schoenstatt que nós, sem ter Santuário e tinham uma fé que sinceramente, ensinaram-me a rezar. Eu nunca havia visto ninguém rezar como o faziam estes jovens e como levavam tudo muito seriamente, um exemplo a seguir além do grande compromisso que têm com a Paróquia e com o Padre e ver totalmente que o fazem por Deus e por ninguém mais.
O ocidente tem muito a aprender de Cuba. É gente que não tem complexos, que é autêntica, alegre, acolhedora, boa, que não tem nada e que dá tudo; é algo que toca o coração, ver gente tão pobre e tão boa.
Quando está assim em algo tão puro e santo, onde não há as complicações, as distrações de seu dia a dia, onde se dá importância ao que realmente o é, é muito mais fácil ver Deus em tudo, porque não há coisa que impeça fazê-lo: nas crianças, cantando com eles, brincando, em conversas com os cubanos… é algo muito forte que você quer trazer à Espanha, mas não sabe como fazê-lo.
De volta a Madrid
Isto é o que acontece aos que têm o privilégio de ver a realidade do mundo… não querer ir embora, porque ali tudo é muito mais fácil e você se torna um pouco contrário a tudo de onde provém. Mas eu creio que descobri qual é a arma perfeita para tentar viver com a mesma ilusão de quando está fora: é fazer do ordinário algo extraordinário. E isto é muito fácil, é somente colocar Deus em tudo o que faça, desde fazer a cama de manhã, até sorrir para o condutor do ônibus, porque outra coisa que você percebe quando volta, é que aqui as pessoas estão amarguradas, vão tristes a todos os lugares, aqui há uma pobreza espiritual brutal. Percebe que ser católico é uma grande responsabilidade que temos que ser conscientes e ser santos no dia a dia, nas pequenas coisas e nos mantendo fiéis a nossa Aliança de Amor com Maria.
Minha intenção é fazer da minha vida: Cuba
Seguir vendo Deus como o fazia ali, também aqui em Madrid, colaborando com essa felicidade que tanto lhes caracterizava e que tanto sinto falta.
Adsum Mater, nosso lema de missão que viva sempre em mim e em todas as missionárias. Que nunca, nunca esqueçamos esta grande viagem que compartilhamos juntas, ao lado desses jovens cubanos schoenstatteanos e do Padre Bladimir que tanto trabalho faz ali e do grande exemplo que é para tanta gente de Santa Cruz del Sur.
Unidos a Maria conquistemos Cuba!