Posted On 2015-10-13 In Em Aliança solidária com Francisco

Revendo a Mensagem Papa Francisco à Família de Schoenstatt – Parte 3: Juventude e testemunho

Por Sarah-Leah Pimentel, África do Sul •

Um dos meus hinos favoritos da igreja tem o refrão: “E eles saberão que somos cristãos pelo nosso amor.”

Isto faz-me lembrar da sua antítese. Mahatma Gandhi uma vez foi citado como dizendo que tinha grande respeito por Cristo, mas não tinha grande consideração pelos cristãos.

O comentário de Ghandi toca no fundo, naquilo em que nós muitas vezes não somos verdadeiramente cristãos. Ser cristão não é pelo número de missas que estamos a assistir, o número de rosários que oramos ou estarmos envolvidos nos ministérios na paróquia. Ser cristão significa seguir a Cristo. Seguir a Cristo exige que nos tornemos mais semelhantes a Cristo. Cristo é a encarnação do amor. Assim também nós devemos transformar-nos em amor, em todas as situações da nossa vida. “Eles saberão que somos cristãos pelo nosso amor.”

Testemunho

No ano passado, a família de Schoenstatt perguntou ao papa Francisco como convidar os jovens para uma vida mais plena em Cristo. Podemos resumir a sua resposta numa palavra: Testemunho.

Qual é o melhor modo de evangelização? Testemunho. Qual é a missão da nossa vida? Testemunho. Essencialmente o Papa Francisco chama-nos – jovens e velhos – a “viver a vida de tal forma que os outros vão ficar tão interessados que irão perguntar por quê?”

Por que é que ela não reage com raiva à calúnia?
Por que é que ele não vai morar com a sua namorada antes de se casarem, mesmo quando é mais conveniente?
Por que é que aquele casal é capaz de permanecer casado apesar de tantas dificuldades?

Testemunho.

“Coerência de vida”

Quando nos comportamos de acordo com os valores que são contrários à cultura de hoje, as pessoas percebem. Eles reconhecem que estamos vivendo por um sistema de valores diferente. Muitos podem rir-se de nós, mas há aqueles que – através do testemunho da nossa vida – podem ser inspirados a considerar uma forma diferente, que ainda não tinham pensado nisso antes.

Por isso, é tão importante que haja “coerência na sua vida”, diz o Papa Francisco. Ele explica isso, dizendo que a nossa missão de evangelizar o mundo é muito mais bem-sucedida quando não vivermos uma “vida dupla”. Se nós nos chamamos cristãos, mas vivemos como os pagãos, nós mandamos uma mensagem confusa e as pessoas vão descrever-nos da mesma maneira que fez Gandhi.

As palavras do Santo Padre levam-nos talvez a reflectir sobre se todos os aspectos das nossas vidas são coerentes com o que significa ser cristão. Existem aspectos da minha vida que sou chamado a mudar, para que eu possa viver de forma mais coerente?

Humildade e Perdão

Claro, nós não somos perfeitos. O Santo Padre recordou-nos na audiência em Roma, no ano passado, que “todos nós vacilamos porque todos nós somos fracos, todos nós temos problemas.” Contudo, isto torna-se uma oportunidade para nós “nos humilharmos e pedir perdão.”

Francisco está a dizer-nos que, se formos demasiado perfeitos, ou pensarmos que somos demasiado perfeitos, nós pecamos por orgulho e isso torna-nos “snobs” e ficamos tão imobilizados pelo sentido de nossa própria perfeição que nos esquecemos que a nossa principal missão é a de sair “para encontrar ovelhas.” O perigo de nos deixarmos envolver pelo nosso próprio sentido de justiça é que nos convencemos ilusoriamente de que só podemos estar na companhia de pessoas que são tão santos e justos como nós, ou nas palavras do Papa Francisco “eles dedicam-se ao seu pequeno grupo, penteando ovelhas … eles tornam-se cabeleireiros espirituais!”

São as nossas fraquezas que nos tornam humildes. Esta foi também a experiência de São Paulo:

“A fim de evitar que me exaltasse, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás, para me atormentar. Três vezes roguei ao Senhor que afastasse isso de mim. Mas ele disse-me: “A minha graça te basta, porque o meu poder aperfeiçoa-se na fraqueza.” Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente nas minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim. É por isso que, por amor de Cristo, sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas dificuldades “.

Superar o medo e partir para a jornada da vida

As nossas fraquezas mantêm-nos humildes e tornam-nos mais livres para entregar a nossa vida a Deus, permitindo-Lhe que nos leve até onde Ele planeou. O Papa Francisco encoraja-nos a deixar os nossos medos de lado e a partir para a jornada da vida. Nesta jornada, iremos cometer erros, mas também vamos encontrar a nossa própria e única missão.

Uma viagem nunca é confortável. Obriga-nos a deixar as nossas zonas de conforto e confiar mais nas nossas próprias forças. É um apelo a confiar tudo a Deus em oração e a ir ao encontro de outros que podemos descobrir ao longo da estrada da vida.

Nas palavras do nosso Padre Kentenich, a viagem e a missão do encontro é a oração de confiança que fazemos na nossa Consagração Manhã:

“Mesmo nas tormentas e nos perigos, manterás sempre a fidelidade… Tu nos enviarás as vocações que connosco se empenhem pelo teu Reino, nos darás trabalho e copiosas bençãos e à nossa impotência unirás a tua omnipotência.” (Rumo ao Céu, Consagração da Manhã)”

O cansaço é um sintoma do egoísmo

É interessante reflectir que, na nossa Consagração da noite, pedimos perdão pelas “muitas reservas ocultas” que “tornam o nosso coração cansado e frio.” O Papa Francisco também nos adverte contra o cansaço. Normalmente, isso é algo que esperamos dos idosos, mas o pontífice diz muito claramente que mesmo os jovens podem experimentar “a tentação do cansaço.” O cansaço é um sintoma do egoísmo.

Podemos ser tentados a dizer: Eu fiz a minha parte. Agora é a vez de outra pessoa. No entanto, o Papa Francisco adverte-nos para o oásis no deserto, que quando nós “encontramos um lugar bonito de que gostamos, queremos permanecer lá.” Mas ele diz-nos que não podemos permanecer. Nós podemos descansar e recuperar as forças, mas depois somos chamados a prosseguir o caminho “, porque saímos para dar algo, vamos em missão.”

Uma missão para formar corações juvenis para Deus

Em última análise, poderíamos dizer que a missão da nossa vida é ser instrumento da Santíssima Mãe “para atrair os corações juvenis”, como ela prometeu no nosso Documento de Fundação. Nós só podemos fazer isso se os nossos próprios corações são jovens. A nossa juventude interior é visível pelo entusiasmo com que nos comprometemos com o mundo que nos rodeia. A nossa juventude e entusiasmo é que atraem os outros até nós. O nosso testemunho é a luz que brilha para que “os outros possam ver as boas obras que o Pai realiza através de nós”, conclui o Papa Francisco.

Eles saberão que somos cristãos pelo nosso amor. Eles saberão que somos cristãos pelo nosso testemunho coerente.

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Original: inglês. Tradução: José Carlos A. Cravo, Lisboa, Portugal

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