Posted On 2020-06-28 In Schoenstatteanos, Vida em Aliança

A vida prevalece em tempos de Coronavírus

PARAGUAI, Eveline Person •

Este 7 de Março, quando completei 38 semanas de gravidez, o primeiro caso de Coronavírus foi confirmado em Asunción, Paraguai. O meu marido Manuel e eu estávamos cheios de entusiasmo pela filha que estava a caminho, mas, ao mesmo tempo, estávamos tolhidos de medo devido à grande responsabilidade que isto significava, especialmente com a pandemia em cima de nós. —

No dia 15 de Março, às 11 h e 15, o Manuel e eu deixámos de ser quem éramos para nos tornarmos pais. Nasceu a nossa luz, Emma Maria Sola Person. Com vários casos confirmados de COVID-19, percebi que, nesse dia, todos os medos se tinham tornado realidade. Ser mãe mudou tudo, já não era responsável apenas pela minha vida, mas também tinha a função indelegável de ser mãe.

Os dois dias pós-parto na Casa de Saúde, antes da minha alta, foram bastante difíceis, pois não permitiam visitantes, nem mesmo os avós. A angústia de que a minha filha, tão indefesa, ficasse infectada (ou pior, que nós a infectássemos) tornou-se cada dia mais forte. Finalmente, chegou o dia em que nós os três regressámos a casa. Manuel e eu abraçámos a “aventura” de sermos os seus guardiões, aqueles que a guiarão no caminho, aqueles que estarão presentes em cada passo”, como disse o Papa Francisco na sua catequese de 29 de Maio de 2015.

O cansaço e a angústia acumulam-se

Quando cheguei a casa, senti-me perdida, tudo era novo e o meu mundo estava de pernas para o ar. Os casos confirmados estavam a crescer e tínhamos a angústia de não saber quando é que essa situação iria terminar. Pessoalmente, o mais difícil desses primeiros dias, como mãe, era não poder contar com as visitas da minha mãe, uma vez que todos tinham de estar em quarentena rigorosa. Ainda que seja verdade que muitos casais recebem os seus recém-nascidos sem o apoio das suas mães, aqueles de nós que são abençoados por as ter procuram o seu apoio e mimos nessa altura.

A primeira quinzena de qualquer mãe é bastante dura, dias sem pregar olho e com cansaço acumulado. Nessa altura ainda não sabíamos que a Emma era alérgica à proteína do leite de vaca e foi isso que a levou a chorar tanto. Passaram-se dias sem dormir, até chegar ao ponto em que senti que não aguentava mais. No dia 21 de Março, fui uma vez mais à nossa amada Mater e, na realidade, queixei-me do facto de a minha mãe não poder vir acompanhar-me durante aqueles dias difíceis. Perguntei-lhe: Por que me deixas sozinha neste momento? Nesse dia, senti que a solidão e o desespero me invadiam.

Quando nos tornamos mães, apercebemo-nos de quão grande foi o trabalho das nossas mães, e talvez este seja o momento em que mais precisamos dos abraços reconfortantes e da incondicionalidade que as caracteriza simplesmente por estarem presentes.

 

Por acaso, não estou eu aqui, que sou tua mãe?

Ao longo dos anos adquiri um amor e devoção `reza do Terço. Foi em 2017, o meu ano de Terços diários, em que a Mater começou a manifestar-Se na minha vida. Sentia a Sua presença cada vez que via um arco-íris. De uma forma ou de outra, Ela conseguiu fazer-Se presente nos meus dias.  No dia 21 de Março, no meio das circunstâncias actuais e quando senti que me faltavam forças, dei à Mater um Terço com a minha vida quotidiana feita de cansaço e medo. Tal como no casamento de Caná, Ela não demorou muito tempo a manifestar-Se. No dia seguinte vi novamente um resplandecente arco-íris, provavelmente um dos mais belos que eu já tinha visto.

Foi nesse momento que senti que Ela me dizia as palavras que disse a São João Diego: “Não estou eu aqui, que sou tua mãe? Ela manifestou-se uma vez mais na minha vida, dizendo-me “todo este tempo estive aqui, contigo”. Naquele momento compreendi e agradeci tanto à Mater por nunca me deixar sozinha e por conseguir estar sempre presente na minha vida. No tesouro do coração de Maria estão os acontecimentos familiares de cada uma das nossas famílias, que ela preserva cuidadosamente.

O meu coração sentiu-se calmo

Mais uma vez foi Ela, com o seu amor materno, que se certificou de que eu nunca ficaria sozinha, que estava sempre atenta e solícita a cada acontecimento da nossa vida. Ela deu-me novas forças e convidou-me a viver, com coragem e serenidade, os desafios diários de ser mãe. Felizmente, graças à oração e ao apoio incondicional do meu marido, encontrei gradualmente paz e serenidade. Senti claramente como Deus e a Mater estavam a acomodar tudo, até que o meu coração se sentiu calmo, fazendo-se presente a luz da esperança e o desejo de que se encontre uma cura para a pandemia que ainda ameaça o mundo e nos lembra a fragilidade da vida humana. A Mater deu-me um espírito positivo no meio da pandemia, o espírito de amor, capaz de superar qualquer desafio e de continuar o meu trabalho como mãe com amor e optimismo.

Ela, a nossa aliada mais poderosa

Fui motivada a partilhar esta experiência, porque muitas vezes, quando passamos por um momento de tristeza ou dificuldade, afundamo-nos no desespero e na incerteza e perguntamo-nos quando é que essa situação vai acabar. Muitas vezes, a nossa falta de fé faz-nos cair, e é Ela quem nos convida a levar ao pé do altar tudo o que não compreendemos na altura e a esperar pacientemente, tal como fez junto da manjedoura, junto da cruz, e, até hoje, junto ao tabernáculo.

Com este testemunho convido-vos a nunca desistirem, porque A temos a Ela como a nossa aliada mais poderosa, a nossa mãe, aquela que nunca nos abandona, aquela que nos acompanha e guia sempre os nossos passos. Ela mostra-nos constantemente como é grande o Seu amor e fidelidade.

E para concluir, deixo esta foto do sábado passado, 20 de Junho, quando a Mater Se fez presente com um arco-íris de belas cores reflectido na minha filha Emma. Compreendi que a minha filha é um presente dela e que, no meio de um momento de dor e desespero, a minha amada Mater me deu a minha Sagrada Família de Nazaré, com a qual tanto sonhava.

Obrigada, bendita Mãe, Rainha da minha vida, por tantas graças, bênçãos e amor. Eterna gratidão à alma da minha alma, minha querida MTA!

 

 

 Original: espanhol (24/6/2020). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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