Posted On 2015-06-09 In Francisco - Mensagem

Nós os cristãos temos que estar cada vez mais próximo das famílias que são colocadas à prova pela pobreza

Em sua catequese da audiência geral – celebrada na primeira quarta-feira de junho na Praça de São Pedro com a presença de milhares de fiéis e peregrinos procedentes de numerosos países – o Papa Francisco, continuou suas reflexiones sobre a família e a vida real, considerando, nesta ocasião, a vulnerabilidade da família, nas condições de vida que a colocam à prova. Destacou que em meio a estas situações, muitas famílias “tentam viver com dignidade, confiando na benção de Deus, convertendo-se assim numa autêntica escola de humanidade que salva a sociedade da barbárie”. Entretanto, assegurou que “este reconhecimento não nos exime de nossa obrigação de velar com a oração e com a ação para que a ninguém falte o pão, o trabalho, a educação e a saúde”.

A família e a vida real: pobreza

Texto da catequese do Papa

“Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Nestas quartas-feiras havemos reflexionado sobre a família. E seguimos com este tema. Reflexionar sobre a família. E desde hoje nossas catequeses se abrem com a reflexão da consideração das vulnerabilidades que tem a família, nas condições de vida que a colocam à prova. A família tem muitos problemas que a colocam à prova. Hoje começaremos por um.

Uma destas provas é a pobreza. Pensemos em tantas famílias que povoam as periferias das grandes cidades, como também as zonas rurais. Quanta miséria, quanta degradação! E ademais, para agravar a situação, em alguns lugares chega também a guerra. A guerra é sempre algo terrível, que golpeia especialmente a população civil, as famílias. Realmente a guerra é a mãe de todas as pobrezas, a guerra empobrece a família. Uma grande depredadora de vidas, de almas, e dos afetos mais sagrados e mais queridos.

Apesar de tudo isto, há muitas famílias pobres que com dignidade buscam conduzir sua vida cotidiana, frequentemente confiando abertamente na benção de Deus. Esta lição, porém, não deve justificar nossa indiferença, mas aumentar nossa vergonha por existir tanta pobreza! É quase um milagre que, mesmo na pobreza, a família continue a se formar e até mesmo a conservar – da maneira que pode- a especial humanidade de suas uniões. O fato irrita àqueles planejadores do bem-estar que consideram os afetos, a geração, os vínculos familiares, como una variável secundária da qualidade de vida. Não entendem nada. Ao contrário, deveríamos nos ajoelhar diante destas famílias que são uma verdadeira escola de humanidade que salva as sociedades da barbárie.

O que resta, então, se cedermos a chantagem de César e Mamon, da violência y do dinheiro, e renunciamos também aos afetos familiares? Uma nova ética civil somente acontecerá quando os responsáveis pela vida pública reorganizem as relações sociais a partir do combate à espiral perversa entre família e pobreza, que nos leva ao abismo.

A economia atual especializada frequentemente no bem-estar individual, mas que pratica largamente a exploração dos vínculos familiares. Esta é uma contradição grave! O trabalho da família é imenso e não é contabilizado nos balanços… nem reconhecido! De fato, a economia e a política são avaras em reconhecer isto. Além disso, a formação interior da pessoa e a circulação social dos afetos têm justamente ali seu alicerce. Se ele for derrubado, tudo cai.

Não é só questão de pão. Falamos de trabalho, instrução, saúde. É importante entender isto. Sempre quando vemos as imagens de crianças desnutridas e doentes em tantos lugares do mundo nós nos comovemos muito. Ao mesmo tempo, nos comove muito também o olhar brilhante de muitas crianças, privadas de tudo, que estão em escolas feitas de nada, quando mostram com orgulho seu lápis e seu caderno. E como olham com amor seu professor ou professora! Realmente as crianças sabem que o homem não vive só de pão! Também está o afeto familiar. Quando existe miséria as crianças sofrem porque elas querem o amor, a união familiar.

Nós, os cristãos, temos que estar cada vez mais próximo das famílias que são colocadas à prova pela pobreza. Pensemos todos se conhecemos algum pai sem trabalho, mãe sem trabalho. A família sofre. As uniões se debilitam. É feio isto. De fato, a miséria social golpeia a família e, às vezes a destrói.

A falta ou a perda do trabalho, ou sua forte precariedade, atingem fortemente a vida familiar, colocando relacionamentos à duras provas. As condições de vida dos bairros mais desfavorecidos, com problemas de habitação e de transporte, como também a redução dos serviços sociais, de saúde, escolares, causam mais dificuldades.

A estes fatores materiais se soma o dano causado a família pelos falsos modelos, difundidos pelos meios de comunicação baseados no consumismo e nas aparências, que afetam as classes sociais mais pobres e incrementam a desintegração das uniões familiares. Cuidar as famílias, cuidar o afeto, mas a miséria coloca à prova a família.

A Igreja é mãe, e não deve esquecer este drama de seus filhos. Também ela deve ser pobre para ser fecunda e responder a tanta miséria. Uma Igreja pobre é uma Igreja que pratica uma simplicidade voluntária em sua própria vida -em suas instituições, no estilo de vida de seus membros- para abater cada muro de separação, principalmente dos pobres. É necessária a oração e a ação. Rezemos intensamente ao Senhor, que nos sacuda para fazer nossas famílias cristãs serem protagonistas desta revolução da proximidade familiar, que agora é tão necessária. Desta proximidade familiar, desde o princípio, está formada a Igreja. E não nos esqueçamos que nosso juízo dos necessitados, dos pequeninos e dos pobres antecipa o juízo de Deus. Não esqueçamos isto.

E façamos tudo, tudo o que pudermos para ajudar as famílias a seguir adiante na prova da pobreza e da miséria, que golpeiam os afetos e as relações familiares.

Eu quisera ler outra vez o texto da Bíblia que escutamos ao começo. E que cada um de nós pense nas famílias que passam pela prova, que são provados pela miséria e pela pobreza. A Bíblia diz assim: “Meu filho, não negues esmola ao pobre, nem dele desvie os olhos”. Mas pensemos cada palavra. “Não desprezes o que tem fome, não irrites o pobre em sua indigência. Não aflijas o coração do infeliz, não recuses tua esmola àquele que está na miséria. Não rejeites o pedido do aflito, não desvies o rosto do pobre. Não desvies os olhos do indigente, aos que pedem não dês motivo de te amaldiçoarem pelas costas”. Porque isto será o que faça o Senhor, diz o Evangelho, se não fazemos estas coisas. Obrigado”.+

Original: Espanhol – Tradução: Lena Ortiz, Ciudad del Este, Paraguay

 

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