BRASIL, Cláudio Medeiros, Unión de Familias de Jaraguá •
Para nós é bem comum tentar tornar o dia 18 de cada um mês um dia especial onde possamos relembrar e renovar nossa aliança de amor. Creio que cada um tem sua maneira de se expressar, pois bem, eu juntamente com o Marcio Gonçalvez da Liga de Casais do Jaraguá encontrei um jeito um pouco inusitado para isto, lá em meados de dezembro quando pensamos e conseguimos a autorização matrimonial, tão importante e indispensável para este tipo de evento, decidimos partir do Jaraguá, de bicicleta, em uma espécie de Peregrinação até o Santuário de Atibaia. —
Os poetas poderiam até afirmar que se trata de uma jornada do Coração do Sião ao Tabor da permanente presença do Pai, é bonito, mas pouco sofrível, no nosso caso era só uma maneira de quebrar nossos limites e com a data chegando tivemos a grata surpresa de se juntarem a nós o André Micha e o Almir Cordeiro que foram membros do JUMAS.
Até aqui muitas foram as incertezas, hora era o tempo que parecia que não nos deixaria contar esta estória depois, hora era se as pernas iriam aguentar o trajeto e o maior medo de todos sempre foi a autorização matrimonial que poderia ser revogada a qualquer momento.
O trajeto foi um personagem importante pois são aproximadamente 86 KM do bairro do Jaraguá em São Paulo até o Santuário de Atibaia, ou seja quase 190 KM de ida e volta. É aqui que o passeio começa a ficar interessante e onde eu convido a todos a refletir sobre ele.
Peregrinação até o Santuário de Atibaia
Com um olhar de Pioneiro
Acredito que podemos falar de algo inerente na pedagogia de Schoenstatt que aprendi e continuo aprendendo desde os tempos no JUMAS e hoje como postulante na União de Famílias.
Na primeira vez que falamos sobre o caminho me veio a pergunta: Será que existe um trajeto mais fácil? Pois a rodovia Fernão Dias tem trechos de elevação acentuada, em outras palavras só tem subida e pouca descida. E nem comentamos do risco de dividir a pista com os carros e caminhões.
Olhando em nossa volta, com um olhar de Pioneiro, encontramos um caminho mais viável e pouco conhecido para chegarmos em Atibaia. Ocorre que no bairro do Jaraguá temos a linha do trem metropolitano a famosa “Linha Rubi” que atravessa a Cidade de São Paulo em direção ao interior do estado e nesse trajeto passa pela Cidade de Campo Limpo Paulista que milagrosamente fica apenas 34Km de Atibaia.
Pronto, assim com um novo olhar encontramos uma nova solução, bastava agora a coragem de aceitar a nova proposta e seguirmos fiel a ela. Na prática era tomar um caminho inusitado e em uma outra direção, nada comum. Eis aqui o convite: Quando olhamos a nossa vida com outra perspectiva? Quando verdadeiramente ouvimos o que a outra pessoa está falando e realmente testamos e vamos até o encontro daquela ideia? Aqui vai um exercício muito grande de desprendimento de nossas crenças para aceitar o outro e caminhar com o outro.
Decidimos partir do Jaraguá, de bicicleta, em uma espécie de Peregrinação até o Santuário de Atibaia
“Quando vai chegar aquela subida?”
Pois bem! Ideia aceita, autorização na mão e lá estávamos nós as 5:30 da manhã na Estação do Jaraguá, testar o caminho. Para mim foi uma alegria encontrar os 3 camaradas naquele local me veio à tona todos os bons momentos do JUMAS em especial uma partilha que ocorreu ali com o pouco que tínhamos para a jornada, estou falando de paçoca, frutas, barrinha de cereal e até câmara de ar.
Não vou comentar sobre o trecho feito por trem pois é muito simples e bem interessante quando notamos a mudança da paisagem à medida que vamos em direção ao interior do estado.
Com as poucas informações do caminho que tínhamos lá estávamos nós rumo ao Santuário e com uma única pergunta: “Quando vai chegar aquela subida?”
A resposta acredite nunca veio, o que encontramos foi algumas matilhas dos temidos cachorros Caramelo, temor de todo bom ciclista. E foi neste ponto que nosso pedal deixou de ser um simples passeio e se tornou uma aventura, pelo menos para mim que fiz questão de mexer com todos no caminho só para podermos correr deles.
De Jaraguá, de bicicleta, em uma espécie de Peregrinação até o Santuário de Atibaia
Quando temos um propósito claro
Aqui vale mais uma reflexão: quando temos um propósito claro, que no nosso caso era chegar ao Santuário, o caminho até ele vai se desenhando a nossa frente e a medida que isto acontece vamos aceitando os desafios que nos surgem e temos o dever de olhar para os lados e aproveitar a paisagem que este caminho vai nos apresentando, precisamos perceber o sol que vai surgindo e iluminando tudo e quando ele começa a arder agradecer todas as sombras que encontrarmos.
Quando olhamos para o passado podemos nos ver treinando em pequenos trechos, onde cada pedalada digo cada Ave Maria vai nos fortalecendo para quando o convite para algo maior chegar podemos aceitar de coração aberto.
A pedagogia de nosso movimento pode nos ajudar, ela nos permite começar sempre e de novo, ela nos ajuda a enxergar um propósito que nos conduz em nossa jornada e nos dá irmãos e irmãs para seguirmos adiante.
Termino concluindo que o caminho que fizemos para o Santuário é bem suave e um verdadeiro convite para ser feito mais vezes e com mais companhia.
De Jaraguá, de bicicleta, em uma espécie de Peregrinação até o Santuário de Atibaia
“Hoje é dia 18 um dia muito importante para nós”
Não vou conseguir descrever o que senti ao chegar ao Santuário, mas depois de algum tempo ali parado descansando e compartilhando o que trouxemos veio até nós uma Irmã bem, fácil de ser reconhecida pois ela está sempre de hábito azul e nos disse:
– Vocês sabem que dia é hoje? Hoje é dia 18 um dia muito importante para nós.
(Silêncio) – É Irmã sabemos sim, Irmã. Bem importante.
Um verdadeiro convite para ser feito mais vezes e com mais companhia.
