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Posted On 2023-07-31 In Igreja - Francisco - movimentos, Vida em Aliança

Rainha da Reconciliação na Capela de Schoenstatt em Kietrz

POLÓNIA, Maria Fischer •

“No site internacional dos palotinos www.sac.info há uma notícia interessante”, escreveu um palotino amigo de schoenstatt.org de Limburgo. “Talvez também saibam polaco – eu só sei algumas palavras. O que encontrei foi um link para um longo e belo artigo do portal Opole.Gosc.pl sobre a coroação da imagem da Mãe de Deus na capela de Schoenstatt em Kascher, na Silésia. Rainha da Reconciliação: polacos e alemães, palotinos e schoenstatteanos. Ela pode, Ela junta-nos a todos. Também para este artigo, para o qual um outro palotino, originário da província polaca, contribuiu com informações de base e traduções de textos.

Katscher 23.07.2023

Quatro Bispos – Adrian Galbas SAC de Katowice, Waldemar Musioł de Opole, Jan Kopiec de Gliwice e Martin David de Ostrava, numerosos sacerdotes e muito povo de Deus reuniram-se no Domingo 23 de julho em Kietrz para celebrar o 90º aniversário deste Santuário, uma réplica do Santuário Original em Schoenstatt., construído e consagrado por iniciativa do padre palotino Richard Henkes em 1933, muito antes de se falar de um “Santuário Original” e de se pensar em Santuários Filiais.

Chegaram a Kietrz convidados da República Checa, da Alemanha e do Movimento de Schoenstatt, que estão ligados à imagem da Mãe Três Vezes Admirável. A música para a liturgia foi assegurada por um conjunto de sopros da Catedral de Opole, Maciej Lamm tocou o órgão. Estiveram também presentes parlamentares e representantes do governo local, entre os quais: o Vice-Ministro da Agricultura Janusz Kowalski, também responsável pelo desenvolvimento rural, a Senadora Ewa Gawęda, o Senador Beniamin Godyla e o Presidente da Câmara de Piotrowice Wielkie Andrzej Wawrzynek.

Kietrz

História: Só assim se compreende a particularidade desta capela

A paróquia de São Tomás Apóstolo, à qual pertence esta capela e que conta hoje com cerca de 5.000 fiéis, foi fundada em 1266 e pertencia à Diocese de Olomouc (República Checa). A igreja foi construída em 1428, mas o edifício foi destruído e reconstruído várias vezes. Desde 1972, a paróquia pertence à Diocese de Opole (decanato de Kietrz). Os Palotinos (Sociedade do Apostolado Católico) assumiram os cuidados pastorais em Agosto de 2020. Como resultado, foram introduzidas novas formas de assistência pastoral. Os padres esforçam-se por fazer da paróquia uma “paróquia de portas abertas”. No território da paróquia há papagaios, cabras, pombos, pássaros coloridos e outros animais – uma imagem bem-vinda da Igreja colorida e diversificada. O pároco é o Pe. Janusz Rempalski SAC. Outros padres espirituais são o Pe. Jan Jabłuszewski SAC e o Pe. Marek Kożak SAC. Os palotinos eram responsáveis pela paróquia em Kietrz antes e durante a Segunda Guerra Mundial, mas foram expulsos pelo Exército Vermelho no final da guerra.

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Placa comemorativa do Pe. Richard Henkes SAC

Uma pessoa importante ligada à paróquia de Kietrz e a esta capela é o Beato Richard Henkes. Richard Henkes, um sacerdote palotino que trabalhou na paróquia. O Padre Henkes opôs-se à política dos nacional-socialistas e, por isso, foi enviado para o campo de concentração de Dachau. Nasceu em 1900, no seio de uma família católica numerosa, em Ruppach/Westerwald, na Alemanha. Frequentou a escola primária em Ruppach durante sete anos; querendo tornar-se missionário, transferiu-se para a recém-fundada escola palotina de Schoenstatt em 1912. Durante os anos de escola, foi convocado para o exército, mas não teve de ir para a frente de batalha. Depois de terminar o liceu em 1919, entrou no noviciado palotino em Limburgo, onde foi ordenado sacerdote em 1925. A partir de 1926, trabalhou como professor e educador em várias escolas palotinas, primeiro no oeste da Alemanha, especialmente em Schoenstatt, e a partir de 1931 no leste, em Kietrz, Frankenstein (Ząbkowice Śląskie) e Strandorf (Strahovice, hoje República Checa), que na época pertenciam à Alemanha. Pouco depois da chegada dos nacional-socialistas ao poder, o Padre Henkes pronunciou-se contra a ideologia do nacional-socialismo no púlpito e na escola, pelo que foi perseguido pela Gestapo. A primeira vez que foi interrogado foi em 1937, por causa de um sermão na sua cidade natal. Pela segunda vez, foi condenado perante o tribunal especial de Wrocław (Wrocław) por difamar Hitler. No entanto, a sentença não foi executada devido à amnistia que se seguiu à anexação da Áustria ao Terceiro Reich. Depois de um sermão em Branice, no qual comparou os oficiais nazis com os mártires da época romana, o Padre Henkes foi preso em Ratibor (Racibórz), a 8 de Abril de 1943, e levado de lá para o campo de concentração de Dachau. Também aí levou uma vida religiosa, partilhando a sua ração alimentar com outros prisioneiros e pregando a Palavra de Deus aos seus companheiros de prisão. Quando surgiu uma epidemia de tifo no final de 1944, o Padre Henkes ofereceu-se como voluntário para cuidar dos doentes no Bloco 17. Em meados de Fevereiro de 1945, foi infectado e morreu a 22 de Fevereiro de 1945. Depois da guerra, os palotinos que regressaram levaram as suas cinzas para Limburgo e enterraram-nas solenemente. A sua beatificação teve lugar em 15 de Setembro de 2019, em Limburgo.

Esta capela foi construída em 1933 por iniciativa do Pe. Richard Henkes SAC, dez anos antes do primeiro Santuário Filial. Talvez o primeiro “Santuário pré-filial” e uma demonstração de como a rede de Santuários desafia uma categorização demasiado rigorosa.

Kietrz

Onde a história e o presente se encontram

A celebração da coroação de Nossa Senhora de Schoenstatt na Capela de Kietrz fez parte da celebração do terceiro Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que foi organizado em Kietrz pela comunidade palotina juntamente com o Movimento de Schoenstatt em 23 de julho.

O celebrante principal da Missa foi o Arcebispo Adrian Galbas SAC, Arcebispo de Katowice e delegado da Conferência Episcopal para o Movimento de Schoenstatt na Polónia. O Arcebispo Adrian Galbas foi Provincial da “Província da Anunciação do Senhor” durante nove anos, com sede em Poznań; as Irmãs de Maria trabalham lá na casa dos Palotinos.

Uma imagem vale mais do que mil palavras. Uma dessas imagens é aquela em que Elżbieta Sroka, a última representante viva do Curso “Mãe do Pão” do Instituto de Nossa Senhora de Schoenstatt, apresenta a “Coroa da Reconciliação” ao Arcebispo Adrian Galbas. Este Curso tem estado especialmente empenhado nesta Capela durante décadas, que poderia ter caído no abandono e no esquecimento sem estas mulheres.

Überreichung der Krone

Não se trata apenas de uma recordação, mas de algo muito actual, tendo em conta a Ucrânia

“O Padre José Kentenich, fundador do Movimento de Schoenstatt, sempre sugeriu coroar Maria em tempos difíceis. Estamos certamente num tempo difícil porque há uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Precisamos de reconciliação”, disse Renata Kleszcz-Szczyrba, da Liga das Famílias de Schoenstatt, durante a celebração. “O Beato Richard Henkes, que serviu na paróquia de Kietrz anos atrás, foi um grande defensor da reconciliação e um servidor da verdade. Hoje precisamos de reconciliação em nós mesmos, entre nós, afinal somos uma nação muito dividida e polarizada, mas acima de tudo precisamos de reconciliação com Deus, que é a base para qualquer outra reconciliação”, enfatizou R. Kleszcz-Szc.

“A parábola do joio no meio do trigo e o título de Rainha da Reconciliação significam para nós um importante apelo à unidade, a lutar pela paz e pela reconciliação, a cuidar e a ser generosos uns com os outros, e à moderação no julgamento e na condenação”, disse Mons. Musioł na sua Homilia.

Referindo-se ao Evangelho, o Bispo chamou a atenção para três perigos: o primeiro é a tendência para o cortar pela raiz; o segundo, a absolutização da tradição, que se exprime em palavras como: sempre foi assim, nunca houve isso antes; o terceiro é a visão absolutista sobre o que é agora, sem tradição, história e futuro.

“Na parábola do joio, o Senhor Jesus não só fala do último dia, em que tanto o joio como o trigo serão ceifados, de modo que o primeiro irá para o fogo e o segundo para o celeiro, mas também nos fala do nosso futuro terreno, do nosso amanhã. “Deixai crescer ambos até à ceifa. Para que, quando ceifardes o joio, não arranqueis também o trigo”, sublinhou o Bispo. “Vivemos e viveremos num mundo em que há uma luta constante entre o bem e o mal. Vivemos num mundo em que há pessoas boas e más, mas esta parábola adverte-nos de que não nos compete classificá-las, e muito menos julgá-las“, explicou o Bispo Musioł. Encorajou todos a construir um futuro com base na reconciliação e advertiu-nos contra os comentários de ódio. E dirigindo-se à geração mais velha: “Queridos idosos, a geração jovem não é uma erva daninha, mas uma semente que cresce lentamente”.

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Homilia

Grande palco para a pequena Serva do Senhor

Após a celebração eucarística, todos se dirigiram em procissão para a praça da igreja, onde se realizou a coroação da imagem num palco especialmente decorado.

Em seguida, a imagem da Mãe Três Vezes Admirável foi levada para a Capela de Schoenstatt e recolocada no seu lugar.

A pequena Serva do Senhor, coroada como Rainha da Reconciliação, tem uma grande tarefa pela frente.

De facto, como disse o Arcebispo Galbas: “No gesto da coroação e nesta celebração de hoje trata-se sobretudo de deixar que Maria seja Rainha de tudo, de tudo em nós”.

Depois da Missa, os Palotinos convidaram todos os participantes para um concerto do grupo Universe. Os músicos actuaram no anfiteatro ao lado da casa paroquial. Durante o concerto, o vocalista do grupo Universe, Henryk Czich, referiu-se à coroação da imagem de Nossa Senhora de Schoenstatt, tirando um rosário do bolso.

Kietrz

A oração de reconciliação

“Por intercessão da Rainha da Reconciliação, rezamos pela nossa comunidade eucarística. Que o espírito de verdadeira reconciliação reine entre nós, com Deus, com o próximo e comigo mesmo, para que todos os espíritos se unam na verdade e todos os corações no amor”.
Link para o artigo em pormenor (em Polaco) Fotos

Königin der Versöhnung

 

Original: alemão (29/7/2023). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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