Posted On 2017-01-31 In Vida em Aliança

Um Santuário exposto ao mar e ao vento – um Santuário na periferia

ARGENTINA, Pe. Egon M. Zillekens, Pe. Alejandro Blanco, Maria Fischer •

Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, às pressas, a uma cidade da Judeia. Entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança agitou-se no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito exclamou: “Tu és bendita entre as mulheres, e é bendito o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? (Lc 1, 39-43).

Os sacerdotes da União vieram visitar-nos 

Não foi Maria, que se pôs a caminho, mas o Pe. Egon Zillekens, o Pe. Benno Riether, da Alemanha, e o Pe. Alejandro Blanco, junto aos membros “regionais” da União de Sacerdotes Diocesanos, e não foram a uma cidade de Judá, mas a Comodoro Rivadavia, cidade na Patagónia argentina, onde está o Santuário mas austral do mundo, o Santuário de Comodoro Rivadavia. Com eles, chegou a Mãe Peregrina do Santuário Original. A reação da pequena família de Schoenstatt de Comodoro Rivadavia foi parecida à de Isabel, entre a alegria e a surpresa de receber a visita de três sacerdotes da União. Apesar do aviso ser muito em cima da hora, e apesar de se estar em plena época de férias de verão, todos foram saudar os sacerdotes e participar na Missa que celebraram no Santuário.

Chegando de Pico Truncado, a cerca de 200 km a sul de Comodoro Rivadavia, os cinco sacerdotes tiveram tempo para esta pequena família de Schoenstatt. “Quando na Europa pensamos na América Latina, pensamos em Cuba ou na Bolívia, ou pensamos num Schoenstatt de grandes números, nas grandes cidades… Não sabia, pelo menos eu, de um Schoenstatt com pouca gente numa área algo esquecida, como esta pequena família em torno deste Santuário”, comentava o Pe. Egon M. Zillekens. Todos se alegraram imenso, especialmente a Sra. Julia, com mais de 90 anos, que ainda coordena esta família. Esteve várias vezes em Schoenstatt, Alemanha, leva toda a historia deste Santuário no seu coração, continua a acreditar na missão deste Santuário à beira-mar…  Inés e Daniel, um casal que leva por diante a missão de Schoenstatt, e outros, com orgulho, mostram tudo o que há neste Santuário e ao seu redor.

Um santuário “a céu aberto”

O Evangelho do dia parece ter sido feito especialmente para esta visita – o relato de Jesus com os seus discípulos ma margem do Lago da Galileia (Marcos 3,7-12). Este Santuário, na costa do Oceano Atlântico, permite um olhar até ao horizonte, um olhar quase infinito sobre o mar… O Santuário olha o oceano Atlântico, convidando a “navegar mar adentro”, e desde o seu trono de Graças, a Mater “tem vista de mar”.

É um Santuário exposto ao vento que é tão típico nesta zona, à água, um Santuário a céu aberto, sem proteção, um Santuário na periferia.

Pela sua situação, a cidade – com una geografia muito árida e desértica – tem os mais fortes ventos (40 km e até 100 km ou mais nas tempestades) em território continental argentino.

Schoenstatt foi fundado ali em 1978, mas a Família reconhece como data de fundação o dia 15 de setembro de 1979, quando se entronizou a Imagem da Nossa Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt na Igreja Catedral São João Bosco –  única Catedral do mundo dedicada ao Padroeiro da Patagónia e Fundador da comunidade Salesiana.

O Movimento nasceu pelo empenho de um jovem profissional, Roberto Horat que, apaixonado pela mensagem de Schoenstatt e pela pedagogia do Padre Kentenich, decidiu lançar-se “a fazer nascer” uma Família. Em 1985, nas jornadas do Centenário do Pai no Schoenstatt Original, Roberto Horat teve um encontro com o Padre Alex Menningen, o qual depois de ouvir a história da Família de Comodoro Rivadavia, decidiu oferecer a imagem da Mater para o futuro Santuário. Batizou aquele Santuário, só existente nos corações, como “Santuário do Mar e da Paz”.

É um Santuário igualmente exposto às pessoas, que nem sempre vêm com boas intenções. Sofreu  danos, incêndios, profanação. Razão de dor e tristeza da pequena família, mas sentem-se consolados pelo Papa Francisco através das suas palavras: “Devemos sair de nós mesmos para todas as periferias existenciais. Uma Igreja que não sai, mais tarde ou mais cedo, adoece na atmosfera viciada do seu fechamento. É verdade também que uma Igreja que sai, pode-lhe acontecer, como a qualquer pessoa que sai à rua: ter um acidente. Perante esta alternativa, quero dizer-lhes francamente que prefiro mil vezes uma Igreja acidentada a uma Igreja doente. A doença típica da Igreja fechada é a auto-referencialidade; olhar para si própria, estar encurvada sobre si mesma como aquela mulher do Evangelho. É uma espécie de narcisismo que nos conduz à mundanidade espiritual e ao clericalismo sofisticado, e impede-nos de experimentar “a doce e confortadora alegria de evangelizar”. (Carta do Papa Francisco à 105º Assembleia Episcopal Argentina).

Forjando vínculos

Três dos sacerdotes da União chegaram depois de uma viagem de Coyhaique na Patagónia chilena à Patagónia argentina, por esta paisagem imensa, exposto ao vento forte, com pouca gente e com animais que só se veem ali, como o ñandú petiso, também chamado de avestruz patagónica.

Foram visitar dois sacerdotes da União que vivem na Patagónia, alojando-se na Casa Paroquial de um deles em Pico Truncado, uma cidade petrolífera situada na zona norte da província de Santa Cruz. É um edifício onde antes estiveram os Salesianos, e tem espaço suficiente para visitantes. O pároco do lugar e outro sacerdote da União de Sacerdotes na Argentina são os que vivem mais longe e isolados, e por isso, o Pe. Egon Zillekens quis visitá-los e passar uns dias com eles. Assim se forjam vínculos, estes vínculos que permitem viver na periferia, na aridez de uma paisagem exposta à inclemência do clima e aos desafios pastorais de hoje. O Schoenstatt em saída depende de  um  Schoenstatt de vínculos.

Original: Espanhol. Tradução: ?

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