Posted On 2015-01-15 In Vida em Aliança

A noite em que chegaram a Lampedusa…

SUÍÇA, Melanie e Ulrich Grauert. “Imigrantes mortos no mar por essas barcas que, em vez de terem sido um caminho de esperança, foram caminho de morte. Assim dizia a manchete do jornal. Desde que, há algumas semanas, soube dessa notícia, infelizmente repetida tantas vezes, meu pensamento voltava-se a ela repetidas vezes, como se fosse um espinho no coração que causa dor. Então, senti que precisava vir aqui para rezar, um gesto de proximidade, também para despertar a consciência de todos nós para que não se repita o que aconteceu. Que não se repita, por favor”. Assim falou Papa Francisco em 8 de julho de 2013, em seu discurso em Lampedusa, esse discurso que muitos chamam de “a encíclica de Lampedusa”. É um espinho no coração também para muitas pessoas do Movimento de Schoenstatt – o destino das pessoas que saem de sua pátria, que precisam deixar seus lares, que querem fugir… Antes do Natal, chegaram refugiados a um antigo hotel em Ebikon, Suíça. Os primeiros de um grupo de 50 ou 60…

O grupo foi recebido com sentimentos encontrados por parte da população. Não pudemos ficar em paz. Ninguém conhecia exatamente os detalhes. Por isso, fomos duas vezes a esse lugar.

Tudo estava fechado e, na primeira vez, não vimos ninguém. Na segunda vez, Ulli estava conosco e não se dava por vencido; com voz forte, chamou: “Olá! Olááááá!!!”. Tinha uma janela aberta, na qual finalmente apareceu uma mulher. Ela nos deixou entrar pela porta de trás; assim, pudemos entregar-lhe nosso pastel e chocolates e eles nos ofereceram café e chá. Cultura do encontro…

Café de Eritreia

No dia 26, voltamos com duas de nossas filhas e levamos roupas para eles. Nossas filhas ficaram um pouco mais; mostraram as jovens para elas – ali estão 11 mulheres de Eritreia – o lago Rotsee. Na noite do dia 27, fomos convidados para jantar. Isso foi realmente emocionante. Éramos seis pessoas e todos recebemos deliciosos pratos. Pudemos também ver como se torrava, moía e se preparava tradicionalmente o café em uma cozinha à gás. Duas das pessoas falavam muito bem o inglês; assim, pudemos nos comunicar. Foi uma noite alegre, que também nos fez pensar.

A maioria deles chegou a Lampedusa em barcos; eles têm família que vive aqui há alguns anos, à espera de uma resposta; dentro do bairro, são levados um lugar para outro. Na noite em que chegaram de barco, eram aproximadamente 1.000 pessoas que também tinham chegado ao mesmo tempo, em três barcos.

Alguns dias depois, nossas filhas foram à cidade Zug para visitar uma exposição sobre refugiados iraquianos. A emissora de rádio “fischermann fm” tinha organizado a exposição e convidou um correspondente de guerra que esse ano foi escolhido como jornalista do ano. Ele falou de tudo o que acontece na Síria e mostrou um filme que ele mesmo fez e editou.

Esse foi um Natal muito especial…



IMG 7640 from schoenstatt org on Vimeo.


Original em espanhol. Tradução: Maria Rita Fanelli Vianna – São Paulo / Brasil

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