Posted On 2011-06-07 In Vida em Aliança

Por momentos, imaginei que o Padre Kentenich tomava as minhas mãos e que me ajoelhei junto com ele para rezar

P. Ángel StradaPORTUGAL, Paulo Teixeira. “Não é verdade que o coração nos ardia no peito, quando ele nos vinha a falar pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lucas, 24, 32). Quando comecei a ouvir o Padre Angel Strada a falar sobre o Pai e Fundador, foi esta a imagem que logo surgiu na minha cabeça. Se aos discípulos de Emaús lhes ardia o coração no peito, ao ouvirem Jesus explicar-lhes as Escrituras, sem no entanto o reconhecerem, a mim e ressaltando as devidas proporções, ardeu-me o coração ao ouvir a conferência do Padre Strada.

 

 

Visita do Padre Angel Strada a Portugal – 25 a 29 de Maio de 2011

Sou um admirador e tento ser um seguidor do Padre José Kentenich. Quando comecei a escutar a maneira como o Padre Strada contou o encontro privado que teve com o Pai e Fundador em 23 de Agosto de 1967, às oito horas e cinco minutos, tive a sensação que estive também junto com eles, naquela sala do Seminário de Münster.

A maneira tão empolgada como o Padre Strada descreve este encontro (com um brilhozinho nos olhos, como foi referido no final, por um dos presentes), fez-me ter a sensação de ter vivido as mesmas emoções que ele teve nesse encontro. Por momentos, imaginei que o Padre Kentenich tomava as minhas mãos e que me ajoelhei junto com ele para rezar. Foi sem dúvida um sonhar acordado.

Se preocupava com todos aqueles que faziam parte da sua Obra

A conferência do Padre Strada é muito enriquecedora e faz-nos perceber até que ponto o Pai e Fundador, se preocupava com todos aqueles que faziam parte da sua Obra. Conta o Padre Strada que nos encontros que manteve com o grupo de seminaristas em Münster, (ao qual ele pertencia), a primeira parte do encontro, era ocupada pelo Padre Kentenich a fazer perguntas a cada um deles, sobre assuntos tão diferentes tais como: as saudades do país e da família; se gostavam da comida; como decorriam os estudos e até se passavam frio, perguntando mesmo a um deles, se tinha ceroulas de algodão, pois estas eram a melhor coisa que existia para evitar o frio. Disse-lhe ainda que se não tivesse, lhe comunicasse, pois ele próprio se encarregaria de as arranjar.

Este pormenor, aparentemente insignificante, mostra-nos a maneira como o Padre Kentenich encarava a paternidade, zelando pelo bem estar de todos.

Eu conheço os meus e os meus conhecem-me a mim

Das conferências, (tive a possibilidade e a felicidade de assistir quatro vezes), ressalto duas frases que o Padre Kentenich disse ao Padre Strada:

A primeira, uma das frases do Evangelho do Bom Pastor: “Eu conheço os meus e os meus conhecem-me a mim”, foi dita no encontro a sós em Münster, na sequência do Padre Strada se ter admirado com o facto do Pai e Fundador lhe ter perguntado por dois jovens argentinos (conterrâneos do Padre Strada), que o tinham visitado oito anos antes em Milwaukee, durante o seu exílio.

O Padre Strada referiu que o Bom Pastor, esteve sempre muito presente nos ensinamentos do Padre Kentenich, especialmente nas conferências e palestras que proferia a sacerdotes.

E vocês, têm paz interior?

A outra frase, muito importante e que pode ajudar no nosso dia-a-dia, foi proferida pelo Padre Kentenich, durante um almoço com o grupo do Padre Strada, no decurso da visita ao seminário. Eles começaram a contar dificuldades e problemas ao Padre Kentenich, com o intuito de ele os ajudar a resolvê-las. Estranharam o silêncio dele e mais ainda, quando lhes perguntou por três vezes: “E vocês, têm paz interior?”

Só então perceberam que o Pai e Fundador lhes estava a transmitir, a ideia que a paz interior é muito importante para a resolução das dificuldades que nos vão surgindo ao longo da vida. O facto de estarmos em paz interior, não resolve as dificuldades ou os problemas, mas que ajuda muito na superação, disso não restam dúvidas.

O Padre Strada, contou-nos ainda que o Pai e Fundador era muito divertido, que gostava de fazer brincadeiras e que tinha muito sentido de humor.

Mais importante que conseguir obter a honra dos altares para o Padre Kentenich, é tornar conhecida a sua mensagem

A segunda parte da conferência, foi dedicada a explicar o andamento do processo de beatificação. Neste assunto o Padre Strada foi muito directo e prático. Segundo ele, não se podem esperar facilidades, pois são processos muito complexos e que exigem imenso esforço de todos aqueles que estão a trabalhar neles. No caso concreto do Padre Kentenich, devido à enorme quantidade de escritos que deixou, ao imenso número de testemunhos que receberam, ao facto de tudo ter que ser traduzido para castelhano, (pois o alemão não é uma das línguas oficiais do Vaticano), tudo isto tem contribuído para que o processo vá demorando todos estes anos. Recordo que foi oficialmente aberto em 1975.

No entanto, a boa notícia é que a parte diocesana está pronta, faltando apenas que o sacerdote designado pelo Bispo de Trier, complete o seu relatório, para o Bispo decretar a sessão de clausura do processo e fazê-lo seguir para Roma.

Segundo o Padre Strada, mais importante que conseguir obter a honra dos altares para o Padre Kentenich, é tornar conhecida a sua mensagem, a sua pedagogia e o seu carisma. Não podemos correr o risco de que o Padre Kentenich seja apenas mais um santo. Com efeito, referiu o Padre Strada o Papa João Paulo II, durante o seu pontificado, beatificou e canonizou 1890 pessoas. Quem de nós, é capaz de citar pelo menos 50 deles? Mas, insistiu o Padre Strada, não dizer apenas o nome, mas sim, saber porque foi beatificado ou canonizado, saber como foi a sua vida e tentar seguir o seu exemplo, ou pelo menos pedir a sua intercessão pelo facto de efectivamente as virtudes que os levaram à honra dos altares, poderem influenciar positivamente a nossa vida.

Por certo, não é isto que queremos para o nosso Fundador. Queremos sem dúvida que quando chegar a hora da beatificação, a mensagem, os ensinamentos dele, sejam conhecidos não apenas dos schoenstateanos mas sim do mundo inteiro, que a festa não seja só nossa, mas de toda a Igreja Universal. Aí sim, podemos ter a certeza absoluta que cumprimos a nossa missão.

Ansiosas por saber mais sobre o Padre Kentenich

O Padre Strada, pediu ainda muitas orações. Orações especificamente dirigidas, salientou. Por um lado, pedindo que ocorra um milagre por intercessão do Padre Kentenich, pois isso daria um impulso decisivo ao processo. Por outro lado, orações pedindo que o padre da Diocese de Trier, termine o relatório. A Diocese é muito grande, o padre tem muito trabalho e são precisas orações, para que Deus o ajude e ilumine, para terminar de escrever o relatório.

Para terminar, foi bonito de ver a maneira como as pessoas assistiram às conferências. Escutando com muita atenção, toda a comunicação do Padre Strada, dando a sensação que estavam ansiosas por saber mais sobre o Padre Kentenich. Assisti às conferências na Gafanha da Nazaré, em Azurém (Guimarães) e em Canidelo (Gaia) e em todas, notei muito interesse e mesmo o facto do Padre Strada falar em castelhano, não foi obstáculo para que todos percebessem o conteúdo e a mensagem que foi transmitida.

Foi interessante também, a maneira como no final das conferências as pessoas se abeiravam do Padre Strada, como se já o conhecessem há muito tempo, queriam tocar-lhe, cumprimentá-lo, pedir-lhe a bênção. Entendi estes factos, como se as pessoas vissem no Padre Strada, um pouquinho do Padre Kentenich e através dele, sentiram-se mais perto do nosso Pai e Fundador.

Termino com a certeza que os portugueses se vão empenhar a fundo nesta causa e penso que podemos garantir ao Padre Strada, usando um slogan de um conhecido político mundial:

Sim, Padre Strada, nós vamos conseguir!

São assim as minhas impressões, dum fim-de-semana, que nunca mais vou esquecer.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *