Posted On 2014-12-18 In Francisco - Mensagem

A casca de banana

FRANCISCO EM ROMA, rv. Na Missa, em Santa Marta, no dia 15 de Dezembro, o Papa centrou a sua homilia no Evangelho do dia, em que os chefes dos sacerdotes perguntam a Jesus com que autoridade realizava as suas obras. E, explicou que se trata de uma pergunta que põe de manifesto o “coração hipócrita” daquela gente, visto que, a eles, “não lhes interessava a verdade”, mas, que só procuravam os seus interesses, movimentando-se “segundo o vento”: “Convém ir por aqui, convém ir por ali…” eram bandeirolas, eh!, todos eles! Todos sem consistência, disse Francisco. Com um coração sem consistência. E, assim, negociavam tudo: negociavam a liberdade interior, negociavam a fé, negociavam a pátria, tudo, menos as aparências. O que lhes importava era sair airosos das situações”. Eram oportunistas: ”aproveitavam-se das situações”.

E, contudo – prosseguiu o Papa – “algum de vós poderá dizer-me:”Mas, Padre, esta gente observava a Lei: ao sábado não caminhavam mais de cem metros – ou não sei quanto se podia fazer – nunca, nunca iam para a mesa sem lavar as mãos; era gente muito cumpridora, muito segura nos seus hábitos”. Sim é verdade, mas nas aparências. Eram fortes, mas por fora. Eram rígidos. O coração era muito fraco, não sabiam em que é que acreditavam. E, por isso, a sua vida era, a parte de fora, toda regulamentada, mas o coração ia de um lado para o outro: um coração fraco e uma pele rígida, forte, dura.

Pelo contrário – disse também Francisco – Jesus ensina-nos que o cristão deve ter o coração forte, o coração firme, o coração que cresce sobre a rocha, que é Cristo e, depois, deve ir pelo mundo com prudência: “Neste caso faço isto, mas …” É a forma de ir, mas não se negoceia o coração, não se negoceia a rocha. A rocha é Cristo, não se negoceia!”

“Este é o drama da hipocrisia desta gente. E, Jesus não negociava nunca o seu coração de Filho do Pai, mas estava tão aberto às pessoas, procurando caminhos para ajudar. “Mas, isto não se pode fazer; a nossa disciplina, a nossa doutrina diz que não se pode fazer! Diziam-Lhe eles. “Porque é que os Teus discípulos comem o trigo no campo enquanto andam, no dia de sábado? Não se pode fazer!” Eram tão rígidos na sua disciplina: “Não, na disciplina não se toca, é sagrada”.

O Papa Francisco lembrou quando “Pio XII nos libertou daquela cruz tão pesada que era o jejum eucarístico”:

“Talvez alguns de vós se lembrem. Nem sequer se podia beber uma gota de água. Nem sequer! E, para lavar os dentes, tinha que se fazer sem engolir água. Eu próprio, quando era miúdo fui confessar – me por ter comungado, porque julgava que uma gota de água tinha entrado.

É verdade, ou não? É verdade. Quando Pio XII mudou a disciplina – Ah! Heresia! Não! Tinha tocado na disciplina da Igreja!” – Tantos fariseus se escandalizaram. Tantos. Porque Pio XII tinha feito como Jesus: viu as necessidades das pessoas. “Mas pobres pessoas, com tanto calor!” Esses sacerdotes que celebravam três Missas, a última à uma, a seguir ao meio-dia, em jejum. A disciplina da Igreja. E, estes fariseus eram assim – “a nossa disciplina” rígidos na pele, mas como Jesus lhes disse, “podres no coração” fracos, fracos até à putrefacção. Tenebrosos no coração”.

“Este é o drama desta gente”, disse o Papa e, lembrou que Jesus denuncia a hipocrisia e o oportunismo:

“Também a nossa vida pode chegar a ser assim, também a nossa vida. E, algumas vezes, confesso-vos, quando vi um cristão, uma cristã assim, com o coração fraco, não firme, firme sobre a rocha – Jesus- e, com tanta rigidez por fora, pedi ao Senhor: “Mas, Senhor, atira-lhes uma casca de banana para a frente, para que dêem um lindo trambolhão, se envergonhem de ser pecadores e, assim, Te encontrem, a Ti que és o Salvador. Eh! Muitas vezes um pecado faz-nos ter tanta vergonha e, encontrar o Senhor, que nos perdoa, como a estes doentes que estavam ali e, que iam ver o Senhor para que os curasse”.

“Mas as pessoas simples” – observou o Papa – “não se enganavam”, no entanto, as palavras destes doutores da lei, “porque as pessoas sabiam, tinham esse olfacto da fé”.

E, concluiu a sua homilia com esta oração: “Peço ao Senhor a graça de que o nosso coração seja simples, luminoso com a verdade que Ele nos dá e, assim, poderemos ser amáveis, gente de perdão, ser compreensivos com os outros, de coração amplo com as pessoas, misericordiosos. Nunca condenar, nunca condenar. Se tens vontade de condenar, condena-te a ti próprio que, algum motivo terás, eh!”. “Peçamos ao Senhor esta graça: que nos dê esta luz interior, que nos convença que a rocha é só Ele e, não, tantas histórias que nós tratamos como coisas importantes; e, que Ele nos diga – Ele nos indique! – o caminho, que Ele nos acompanhe pelo caminho, que Ele nos alargue o coração, para que possam entrar os problemas de tantas pessoas e Ele nos dê uma graça que esta gente não tinha: a graça de nos sentirmos pecadores”.

Original italiano (rv):Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa. Portugal

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