Posted On 2020-05-10 In A Aliança de Amor Solidaria em tempos de coronavírus, Igreja - Francisco - movimentos

Fátima: Em 103 anos, duas pandemias

PORTUGAL, Lena Castro Valente •

Nos 103 anos, desde as Aparições de Nossa Senhora aos Pastorinhos em Fátima, duas pandemias alastraram e semearam o medo, o terror, a fome e a incerteza, no mundo inteiro.—

A primeira foi a terrível Pneumónica que, de 1918 a 1919 dizimou 20 milhões de pessoas muito mais que as mortes provocadas pelas devastadora Grande Guerra (1914-1918) na qual faleceram 8 milhões.

Duas das vítimas desta terrível pandemia foram os próprios Pastorinhos (S. Francisco Marto – 4 de Abril de 1919 –  e Santa Jacinta Marto – 20 de Fevereiro de 1920). Uma pandemia que atacou os próprios instrumentos da divulgação da Mensagem da Senhora.

Cem anos depois

A Humanidade está, de novo, a viver uma pandemia. Estamos, nós, cem anos depois, a viver na própria carne os efeitos dilacerantes e devastadores – medo, terror, fome, economia destroçada, incerteza quanto ao futuro (que futuro?) que, os nossos antepassados experimentaram.

Por causa disso o Sr. Cardeal D. António Marto (Bispo de Leiria-Fátima) decidiu e bem mas, com grande dor de coração, encerrar o Santuário de Fátima e todo o seu recinto aos peregrinos e celebrar os 103 anos das Aparições á porta fechada.

Em 103 anos nunca tinha acontecido.

Portugal no Mês de Maio – todas as estradas e caminhos vão dar a Fátima

Este ano não haverá peregrinações a pé (nem quaisquer outras). Logo no princípio de Maio, todos os anos, os portugueses fazem-se à estrada e, entre Terços e cânticos dirigem-se a Fátima. Eu, própria que, neste ano de 2020 completo um quarto de século de caminhadas para Fátima, estou em casa, com grande dor de coração, tal como, a que sente o Sr. Bispo de Leiria-Fátima.

Em vez de caminhar, estou a escrever este pequeno artigo para partilhar convosco esta angústia de não poder ir, pelo meu pé, ao encontro da querida Nossa Senhora do Rosário da Fátima, no seu Santuário. Em vez disso, graças ao Zoom os meus companheiros habituais e eu própria reunimo-nos as 9 e meia da noite para rezarmos o Terço e cantarmos a Nossa Senhora. É melhor que nada mas é um fraco paliativo.

As Missas ao ar livre, sentados em fardos de palha

Os campos coalhados de papoilas, as margaridas silvestres, as roseiras bravas, o vôo das cegonhas…

Este ano, não verei os campos coalhados de papoilas, as margaridas silvestres, as roseiras bravas e o vôo das cegonhas…não trocarei sorrisos e gargalhadas com os meus companheiros de caminhada…não terei Missas ao ar livre no meio dos campos… não rezarei Terços sem fim, porque todos os meus dias estão vazios das minhas obrigações habituais…não me deitarei na terra a descansar ao sol ou à sombra das vinhas…não me ajoelharei em frente à Capelinha das Aparições para rezar esse Terço da chegada…e, não abraçarei, nem serei abraçada, nessa alegria de todos termos chegado, em comunidade (ninguém se salva sózinho) após uma semana fantástica de entreajuda, em que o Céu tocou a Terra e a fecundou de esperança, amor e fraternidade.

Que esta tristeza e sacrifício que, ofereço para o Capital de Graças, possa trazer ao mundo inteiro tudo o que ele precisa agora mesmo.

 

A capela da quinta do Castilho, onde sempre celebramos as Missas nos dias 10 de Maio ao ar livre

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3 Responses

  1. Lena Castro Valente says:

    As razões de há cem anos não se podem comparar com as de agora. Há cem anos foram razões políticas alheias à hierarquia da Igreja. Hoje foi a própria Igreja que decidiu antecipar-se às medidas sanitárias e, porque coloca o Homem no centro, quis evitar a possibilidade de Fátima de poder tornar num foco de contágio. Agora trata-se de um impedimento global e dramático para a Humanidade.

  2. Lena Castro Valente says:

    É claro que as fotos não pertencem á peregrinação da Família de Schoenstatt portuguesa mas, á peregrinação Estoril Fátima na qual a schoenstatteana que escreve o artigo, eu, está integrada há 25 anos. Em Schoenstatt liberdade quanta possível, vínculos só os necessários. O artigo é o testemunho de uma schoenstatteana que este ano não peregrinou por causa da pandemia e do seu desgosto de não poder ir. Mas, fico contente porque, afinal há portugueses a ler schoenstatt.org e a fazer comentários. Obrigada

  3. Há 100 anos, (13 de maio de 1920) também não se realizaram as celebrações em Fátima: estava previsto estarem milhares de pessoas na Cova da Iria, mas as autoridades oficiais proibiram os peregrinos de lá chegarem.
    Por motivos diferentes, 100 anos depois, as forças policiais também vão impedir os peregrinos de lá chegarem. Também há 100 anos, o Cardeal Patriarca proibiu aquela que seria a primeira missa campal na Cova da Iria.
    100 anos depois…Coincidências!!!

    Para o dia 13 de maio de 1920, quinta-feira da Ascensão, estava prevista realizar-se uma grande manifestação de Fé e piedade em Fátima com a entrada da imagem na Cova da Iria, mas as autoridades oficiais (o administrador do concelho de Vila Nova de Ourém, o governador civil do distrito de Santarém e o ministro do Interior), enviaram forças militares de infantaria e cavalaria da GNR para Fátima. As forças formaram dois cordões: um na Cova da Iria e o outro junto da igreja paroquial de Fátima. O objetivo foi proibir a saída da imagem para a Cova da Iria o que veio a acontecer, como também proibir os fiéis de passarem pela estrada distrital até à Cova da Iria, o local das aparições. O dia foi de trovoada e de chuva abundante. Perante uma multidão de milhares de pessoas, alguns militares chegaram a desembainhar as espadas e a agredir alguns homens que de guarda-chuva aberto olhavam tristemente para a situação.

    Para esse dia 13 de maio de 1920, estava previsto a realização da primeira missa campal na Cova da Iria, mas o Cardeal Patriarca não concedeu a licença para a celebração.

    100 anos depois, por motivos diferentes, a história vai repetir-se. Coincidências…

    AS FOTOS APRESENTADAS NESTA NOTICIA, NÃO CORRESPONDEM A LOCAIS USADOS PELA PEREGRINAÇÃO A PÉ DA FAMILIA DE SCHOENSTATT A FÁTIMA.

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