BOLIVIA, por Ana María Dalenz, Missionária da Campanha da Mãe Peregrina em La Paz, Bolívia •
Quando Deus quer fazer coisas maravilhosas, necessita apenas corações generosos e dispostos a entregar-se. Este é o testemunho dos responsáveis da Campanha da Mãe Peregrina em La Paz, que recentemente viram como Deus nos inclui em seus planos de amor em favor das crianças pobres, graças à doação de uma coroa para a Peregrina Auxiliar feita por um ourives e designer de jóias italiano cuja mãe e irmão nasceram em Cochabamba, Bolívia.
A Campanha, um pouco debilitada, busca sua renovação
A Campanha da Mãe Peregrina em La Paz se debilitou porque a grande maioria dos missionários são senhoras de idade muito avançada; não há jovens comprometidos com este apostolado. Para fortalecê-la, com a ajuda dos distintos ramos do Movimento, nos propusemos no ano jubilar 2014 visitar a mil famílias com a imagem da Mãe Peregrina. Um desafio certamente difícil devido ao reduzido número de famílias comprometidas com Schoenstatt. Com o melhor esforço do movimento, logramos visitar a aproximadamente 850 famílias. Mas uma vez concluída as festividades do jubileu, foram poucas as pessoas e famílias que continuaram com este apostolado. Então a Campanha decidiu coroar a imagem da Peregrina Auxiliar para que Ela mostre o caminho a seguir. O impulso foi o grande desejo de invocar a ajuda da Mãe. Ela é quem deve ajudar a dar um significado para as atividades no futuro.
Uma amizade para coroar a Mãe
No ano jubilar 2014 um missionário de La Paz conheceu através de Facebook Marcelo Di Gesú, de Santeramo in Colle (Itália). Como participou de várias atividades do movimento, Marcelo pediu ajuda ao missionário para encontrar ritos de coroação de uma imagem Peregrina. Com esse intercambio surgiu espontaneamente uma amizade arraigada no carinho a MTA. No fim do ano 2014, Marcelo contou ao missionário que era ourives, designer de jóias e que havia elaborado uma coroa para a Auxiliar de Europa e outras duas para Itália e para México. Em março de 2015, o missionário coordenou a aprovação da Campanha em La Paz para pedir formalmente a Marcelo a elaboração de uma coroa para a Peregrina Auxiliar. A Campanha se comprometeu a pagar os materiais e o transporte da coroa ao país. A resposta não demorou. O ourives italiano aceitou fazer a coroa em agradecimento à Bolívia, país onde nasceram sua mãe (Salomé Carmen) e seu irmão (Giuseppe David).
Questionamentos e dificuldades para lograr a coroa
Devido aos recursos limitados, o mais razoável era encomendar localmente a elaboração de uma coroa de peltre ou de bronze. Ninguém na Campanha pensou que fosse possível presentear a Santíssima Virgem uma jóia de prata com pedras semipreciosas. Mas graças à disponibilidade de Marcelo Di Gesú, a Campanha decidiu coroar a imagem Auxiliar. Apressadamente, se redigiram solicitações para pedir doações aos ramos e as famílias do movimento. Mas este pedido de doações para a coroa provocou questionamentos. Alguns pensaram que a Mãe não precisa jóias sofisticadas ainda mais se são elaboradas na Europa (onde tudo normalmente é mais caro que em Bolívia). Outros desestimaram que a coroa fosse uma prioridade. Ao mesmo tempo, algumas famílias do movimento enfrentavam sérias dificuldades econômicas que lhes impediam fazer alguma doação. Até a primeira semana de maio de 2015 não se havia arrecadado o suficiente para enviar o dinheiro para a Itália. Apesar de não receber nenhum pagamento, Marcelo Di Gesú decidiu enviar a coroa, que chegou a Bolívia em 13 de maio, aniversário da aparição da Virgem de Fátima.
A Mãe foi coroada. Pede conquistar virtudes missionárias
Em 17 de maio de 2015, dia da Ascensão do Senhor, o Bispo Auxiliar de La Paz, Mons. Aurelio Pesoa presidiu a Eucaristia da XVIIIª Peregrinação ao Santuário de Schoenstatt em La Paz. Durante a celebração, e com a presença de quatrocentas pessoas, Mons. Pesoa colocou a preciosa jóia na imagem Auxiliar da Peregrina, coroando-a com o título “Mãe do Pão Eucarístico e Rainha das Alturas”. Com o primeiro título: Mãe do Pão Eucarístico honra-se o Congresso Eucarístico Nacional que será celebrado este ano no mês de outubro. O segundo título foi dado a Mãe desde sua chegada a Bolívia nos anos noventa, tal como o testemunha uma placa que a imagem já possuía. Dessa maneira, Maria Santíssima coroa-se para nos lembrar a frase citada frequentemente pelo Padre Kentenich “Mater perfectam habebit curam et victoriam” (a Mãe cuidará perfeitamente e vencerá). Graças à jóia elaborada por Marcelo Di Gesú com a ajuda de seu irmão, a Mãe recebeu uma coroa conforme sua realeza. Suas cinco pontas representam as virtudes necessárias para o trabalho missionário: fidelidade, unidade em Cristo, heroísmo, generosidade e misericórdia. Mas o trabalho não foi concluído com a coroação da imagem Auxiliar. Muito pelo contrário: acaba de começar, já que a conquista das cinco virtudes permite delinear um plano de crescimento espiritual para os missionários da Campanha.
Uma surpresa inesperada para as crianças pobres
Nos dias seguintes a coroação, a campanha continuou empenhada em aumentar as doações para cobrir parte dos custos da coroa. Para surpresa de todos, numa nota enviada ao amigo missionário o ourives comunicou sua decisão de presentear a totalidade da coroa, devolvendo o dinheiro arrecadado para as crianças que têm menos sorte em Bolívia. Com esta mostra de generosidade, Deus nos convidou a confiar mais em sua Divina Providência. O carinho que a esposa do ourives sente pela Madre Teresa de Calcutá, o fez sugerir apoiar as Irmãs Missionárias da Caridade em seu trabalho com famílias muito pobres. Assim abriu-se um caminho para colaborar com estas religiosas na zona Garita de Lima, uma das áreas com maior atividade informal de vendedores ambulantes na cidade de La Paz.
Na tarde de oito de junho, algumas missionárias acompanhadas pelo assessor da Campanha, P. Javier Uría, visitaram a creche das crianças para entregar os mil dólares arrecadados pela Campanha para cobrir parcialmente o custo da coroa. Durante a visita soube-se que há somente quatro na cidade de La Paz e que, apesar disso, colaboram com aproximadamente 144 famílias que vivem em extrema pobreza. Além de ter criado a creche para cuidar 72 crianças de idades entre os 8 meses e os 4 anos, as religiosas ajudam a dezenas de famílias com víveres para sua alimentação, vestimenta e outras necessidades. As religiosas também compartilham com as famílias a palavra de Deus, a oração, a reflexão e principalmente sua fé inquebrantável na Divina Providência.
Com respeito à creche, a Irmã Martins, superiora das Missionárias da Caridade, explicou que os pais não têm aonde deixar suas crianças pequenas enquanto realizam a venda ambulante nas ruas. Muitos deles vivem em pequenos quartos alugados nas áreas periféricas de La Paz e El Alto. Uma das crianças inclusive vive em um “lixão” porque não tem teto. Suas condições de vida são extremadamente difíceis e limitadas. Várias crianças da creche sofrem não apenas a falta de recursos materiais, mas também o haver sido abandonadas, por não ter seu pai ou mãe a seu lado. E como se fosse pouco, algumas estão expostas a situações de violência familiar. “Estas crianças veem de tudo, porque no pequeno quarto onde vivem, dormem e comem, ocorrem muitas outras coisas”, aclara a superiora.
Ao compartilhar com as Missionárias da Caridade, os integrantes da Campanha receberam uma quádrupla benção, porque além de levar a imagem da Mãe Peregrina, deixar o dinheiro arrecadado para as crianças pobres e receber uma benção com a relíquia de Madre Teresa de Calcutá, experimentamos em pequeno o extraordinário espírito de amor e generosidade que possuem estas religiosas fieis ao testemunho de Cristo Jesus e ao exemplo herdado de sua fundadora. Por nossa parte, estamos mais motivados para trabalhar pela Campanha da Mãe Peregrina. A experiência da coroação nos marcou, porque Deus e a Mãe nos ajudaram a ver uma nova dimensão de trabalho e compromisso. Sentimos agora que ser missionários da Mãe Peregrina significa também viver a aliança solidária com famílias pobres. Queremos ser uma “comunidade em saída” mais comprometida em buscar uma cultura de encontro, servindo melhor como instrumentos nas mãos de Maria, Mãe do Pão Eucarístico e Rainha das Alturas.
