Quitito Asencio

Posted On 2023-11-21 In Vida em Aliança

Estar no lugar onde Deus quer que estejamos

ARGENTINA, Maria Fischer • 

“Estar no lugar onde Deus quer que estejamos. Esta é a graça da transformação interior”, diz Maximiano “Quitito” Asensio, com a firmeza e o entusiasmo da juventude e na força do carisma do fundador. Testemunho honesto e desafiante. “O contacto directo com as forças vivas que deram origem a Schoenstatt no nosso país, são as que podem reavivar o fogo original da Aliança”, comenta Maria Teresa Martino, ao ouvir a gravação. 

Quitito Asencio

Quitito Asencio

Todo o testemunho é uma amostra da graça da transformação interior, um grande dom da Mãe Três Vezes Admirável desde o seu Santuário. Sou testemunha desta graça, nesta tarde quente de 11 de Novembro no Santuário de La Loma, nesta terra do Paraná onde um grupo de jovens – entre eles aquele Quitito Asencio – fundou Schoenstatt há 64 anos com um marcado toque apostólico e laical.

Eu sou uma testemunha: Um ancião levanta-se, com grande esforço, dá uns passos cuidadosos, apoiado na sua bengala, em direção ao centro do local, pega no microfone? e transforma-se num jovem, dando uma mensagem e um testemunho, com o ardor e a força de um fundador, com um fogo e uma convicção que tocam as profundezas da alma; uma mensagem e um testemunho que valem todo o esforço de uma viagem sob chuva torrencial de Buenos Aires a La Loma (500 km), “este lugar que é uma imensa concretização da graça do ser humano e da graça do alto”.

Equipo de espiritualidad

Equipa de Espiritualidade – Foto: Héctor Ríos

Viver na graça da transformação interior

Nesse dia, a equipa de espiritualidade convidou todos para uma tarde de Família no Santuário, em preparação para o jubileu do 50º aniversário da sua bênção, a 31 de Maio de 1975. “No ano passado, surgiu o desejo de viver um triénio de preparação para este acontecimento que não é de somenos importância. São cinquenta anos desde que a Mater quis estabelecer-Se na cidade do Paraná“, diz o padre Ricardo Abalde, sacerdote diocesano. “Cinquenta anos em que recebemos graças abundantes. Cinquenta anos em que vimos como a Mater Se estabeleceu em todas as paróquias da nossa Arquidiocese, bem como numa enorme quantidade de Ermidas. Vemos a sua imagem nos autocarros, nos táxis, em muitas lojas. Este ano, o tema é o aprofundamento da graça da transformação interior, e esta tarde vivemos uma boa dinâmica com elementos que ajudam a tornar nosso o tema, ou melhor, esse fogo que transforma. Esse fogo de estar disposto a estar onde Deus quer que estejamos, transformando assim “cada metro quadrado” da terra de La Loma, “porque houve um homem que disse sim à graça da transformação”.

“Espanto. E não só o espanto pelo que está ali, mas também pelo que está a acontecer à volta do Santuário.

Os nazarenos vieram cá, não vieram? Sim, claro. Barrio San Martin, não é? Há dias, uma peregrinação vinda do norte de Santa Fé, eram cerca de 180 ou 200 pessoas, que vieram fazer a sua Aliança de Amor como peregrinos aqui no Santuário de La Loma. Tudo isso é um mistério da graça para nós, para dizer Sim, Mãe, eu creio; eu creio e Tu me surpreendes com tua graça de transformação. Tu me surpreendes em mim mesmo e nos outros, tu me surpreendes”.

Quitito Asencio

Quitito Asencio

Ela caminhou connosco desde o início desta história

Santuario de La Loma

Santuário de La Loma – Foto: Carlos Ricciardi

“Mas não só me produz assombro a graça da Mater, mas também admiração”, continua Quitito. “Ela caminhou connosco desde o início desta história. Pobres como nós éramos, muito pobres. Nós somos assim, uma casquita , nada mais. E Ela usou-nos como instrumento para levar esta obra para a frente.

Acontece que, quando se é velho, redescobrem-se orações que se rezaram toda a vida mas às quais não se tinha dado sentido. Há uma oração que rezo todos os dias e que me faz chorar.

Torna-nos semelhantes a ti
e ensina-nos a caminhar na vida como Tu:
forte e digna, simples e bondosa,
irradiando amor, paz e alegria.
Em nós percorre o nosso tempo,
prepara-o para Cristo.
(Rumo ao Céu, 609)

E eu digo-Lhe: “Que assim seja, Mater “, em mim, que assim seja em vós, que a Mater caminhe em cada um de nós, que caminhe com todos os baptizados, que caminhe com todos os consagrados, que caminhe com todos os Bispos, que caminhe com o Papa, que percorra o mundo que precisa dela, que gere Jesus Cristo de novo na História da Humanidade, que caminhe connosco. Este “Torna-nos semelhantes” é uma oração muito profunda. Penso que deve ser do Padre Kentenich, mas gosto muito dela. Que assim seja, que Ela caminhe connosco. Espanto, assombro e admiração são as duas palavras que tenho para a transformação interior.

A Mater revela-nos o irmão

Sublinhando que não é um teólogo ou algo do género, mas que vem da experiência real, Quitito dá uma definição de transformação interior que é tão simples como desafiante:

“Antes de mais, creio que a graça da transformação interior produz uma grande intimidade de coração. A Mater, pouco a pouco, vai-Se revelando tal como Ela é, tal como Ela me ama, é o que diziam os rapazes, tal como Ela me ama e através da vida, porque Ela serve-se da minha vida para Se manifestar tal como Ela é.

Esta intimidade também me ajuda a conhecer-me melhor, as minhas sombras, os meus afectos, as minhas tortuosidades, as coisas que não faço bem, ajuda-me a conhecer-me, a graça da transformação interior. Mas também me ajuda a conhecer o meu irmão e a amá-lo com mais verdade, com autenticidade. A Mãe revela-nos o irmão, revela-nos o próximo, revela-nos o outro para que o amemos como ele é e não como queríamos que fosse.

E depois há outra intimidade que a Mater gera na Aliança e na graça da transformação interior e, em que o Padre Kentenich insiste permanentemente. Ela não é o fim do meu caminho, Ela é o início do meu caminho. Por isso, Ela conduz-me plenamente à Trindade, ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.

Quem faz a experiência de uma profunda vivência mariana, percebe o que é Jesus Cristo para a Mater, o que é o Pai para a Mater, o que é a plenitude do Espírito Santo no Seu coração. A intimidade com Maria significa esta intimidade também com a Trindade, na qual devemos crescer.

A graça interior, para mim, teve também um segundo significado muito forte, que é o da condução na vida quotidiana, na vida, no quotidiano de mim mesmo. A agenda do dia, o que tenho de fazer, como tenho de o fazer, Ela intervém e intervém de maneira, digamos, eficaz, precisa, insistente. Quantas vezes pedimos coisas à Mater?

La Loma

La Loma

Onde queria que eu estivesse

Talvez o que mais tenha surpreendido e desafiado os ouvintes de Quitito tenha sido a confirmação do carácter providencial-apostólico da graça da transformação interior, que tantas vezes interpretamos mal, como algo meramente formativo ou “interior”. Não tem nada a ver com isso!

“Vou contar-vos uma experiência que tive depois de ter estado na função pública. Como não tinha nada para fazer, comecei a rezar à Mater onde queria que eu estivesse. A grande Família (NR: da Família de Schoenstatt de La Loma) já estava organizada, tinha o seu Conselho, a dedicação necessária à Família não era tão grande. Uma tarde, tomando mate com a patroa (NR: forma carinhosa de chamar a esposa), o telefone tocou e eu atendi. Era Monsenhor Karlic e disse-me: “Quero oferecer-lhe o lugar de director da Caritas”. Respondi-lhe: “Mas eu não percebo nada de Cáritas, mas deixe-me pelo menos falar com a patroa”. E o Bispo Karlic termina dizendo: “Bem, responda-me às quatro horas”.

Desliguei o telefone e disse: “O que é que eu tenho andado a pedir? O que é que eu tenho andado a rezar? Onde é que me querem pôr? E foram 20 anos dedicados ao serviço da Igreja, numa coisa de que eu não sabia nada, mas era a orientação de Deus, onde Deus queria que eu estivesse”.

Estar no lugar onde Deus quer que estejamos

“Essa é a graça da transformação interior, estar no lugar onde Deus quer que estejamos para a glória de Deus, para a vigência da Aliança de Amor. E tudo isto é enriquecer, enriquecer a Aliança com aquilo que são as advertências da vida. Era disto que o Padre Kentenich gostava tanto.

Lembrei-me no outro dia, lendo um Evangelho, daquele fragmento em que Jesus vê que uma mulher põe uma pequena moeda de cobre e os fariseus põem o que lhes sobra. Fiz essa experiência, a Mater leva-nos à experiência do Evangelho e ficamos derretidos. Como foi isso?

Na cidade de Feliciano, havia um homem deficiente, ele estava sempre em frente ao banco e quando eu fui ao caixa, dei-lhe algumas moedas. Às 19 horas, quando vou à Missa, esse homem estava sentado três bancos à minha frente. Passa o cesto da coleta e este homem dá-lhe as suas moedas. Agarrou-me tanto…! Mesmo que eu vendesse o meu carro naquele momento, não conseguiria igualar o que aquele homem tinha dado. Lembrei-me dessa cena do Evangelho e, bem, são essas as graças de transformação que todos nós temos.

Temos de estar a olhar e atentos à linguagem de Maria na vida quotidiana. Ela dá-Se, Ela mostra-Se. É isso que temos de proclamar ao mundo. O Deus da vida, o Deus da vida! A Mater está aqui, para nos conduzir a Deus e para que sejamos testemunhas deste Deus que irrompe constantemente nas nossas vidas.

À volta da mesa

A tarde terminou com todos sentados em pequenos ou grandes grupos, com os seus grupos de vida ou com aqueles com quem mais gostaríamos de trocar impressões, e foi como no Sínodo, com estas mesas de 12 pessoas a ouvir, a falar, a discernir. Corações abertos. Sentia-se o ar do testemunho recebido que abria os corações. Isso fez-me agradecer por estar no lugar onde Deus quer que eu esteja, mesmo que custe, mesmo que desafie… e perguntar-me como e onde ser ainda melhor do que neste lugar, nesta missão, nesta tarefa.

Obrigado, Quitito, por estar esta noite, este 11 de Novembro de 2023, no lugar onde Deus quis que eu estivesse. Por mim, e por tantos.

 

Vídeo do testemunho

 

La Loma

La Loma

Colaboração: Claudia Echenique, Lilita e Carlos Ricciardi, Juan Zaforas @schoenstatt.org

Original: castelhano (19/11/2023). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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