ALEMANHA, Renate Siebenkäs •
Todas as famílias de Schoenstatt celebram o dia 18 do mês tal como foi cultivado nesse lugar. Na Arquidiocese de Bamberg comemoramos a “Celebração da Aliança ao fim do dia” (Bündnis-Feierabend). Feierabend, fim do dia no sentido literal, do alto alemão médio vem a palavra “vīrabent” que se refere à “véspera de um feriado” e idie é o tempo de lazer, tempo livre e descanso. Ao mesmo tempo, é um jogo de palavras no sentido de uma celebração da Aliança. O nosso “Bündnis-Feierabend” começa com uma Adoração Eucarística de meia hora, seguida da recitação do Terço. Às 19 horas é celebrada a Missa da Aliança com uma Homilia no espírito de Schoenstatt e a subsequente renovação da Aliança de Amor. —
Graças à minha participação nas celebrações da Aliança, pude experimentar pessoalmente o meu crescimento como schoenstatteana. Há um grande potencial de graças na celebração da Aliança. Mas, sinceramente, o dia 18 de Outubro destaca-se de todas as outras celebrações da Aliança. Simplesmente tem um efeito muito mais forte e intenso do que o habitual, porque nos aproxima muito mais do Padre José Kentenich e da geração fundadora. Liga-me e ao mesmo tempo faz-me recuar 109 anos.
Ano após ano, celebramos o dia 18 de Outubro com o santo do dia
Que el agua de mi vida se convierta en vino
No início da celebração eucarística, o Pe. Martin Emge, sacerdote diocesano, apresentou o santo do dia, o evangelista Lucas, como discípulo amado da Santíssima Virgem, um evangelista totalmente mariano. Que apropriado para a história da fundação de Schoenstatt.
Na sua Homilia, o Pe. Emge referiu-se à vida de Lucas. Ele escreveu o Evangelho mais longo e 16 cartas importantes nos Actos dos Apóstolos.
Quem quiser saber mais sobre o apóstolo Lucas, deve descobrir os três óculos com os quais ele viveu.
1. Óculos de médico
Como médico, Lucas cuidava dos doentes, dos pobres e dos fracos. Foi por isso que viu, através dos óculos do médico, as muitas curas, os muitos milagres que Jesus realizou sobre os doentes. Esta perspectiva, que era própria de Jesus, de defender os doentes, os oprimidos, os marginalizados, encaixava bem nos seus óculos de médico, cf. a parábola do Bom Samaritano. Através dos óculos do médico, Lucas vê a pessoa que precisa de ajuda, seja ela quem for.
2. Óculos de viagem
São Paulo reconheceu Lucas como seu companheiro de viagem. Os dois percorriam entre 300 e 400 quilómetros, em parte de barco, mas sobretudo a pé. Lucas estava constantemente em movimento e mergulhava completamente em Deus.
Os muitos caminhos que percorreram não foram viagens de prazer, pois Lucas teve de fazer muitos sacrifícios, incluindo estadias na prisão, que não foram isentas de dificuldades. Mas Lucas sentia-se simplesmente motivado, quer lhe conviesse, quer não.
Lucas escreveu os grandes relatos de viagens. Tal como Maria, apressou-se a atravessar as montanhas ou a ir para Emaús. Lucas conta sempre histórias de viagem. É um apóstolo que viaja de olhos abertos, porque sente que Deus nos encontra no caminho. Para ele, Deus não é estático. Podemos ler isto no livro dos Actos, que se lê como um grande relato de viagem.
3. Óculos de devoção mariana
Renovação da Aliança de Amor
0 Pe. Martin Emge descreveu uma pintura antiga e bem conhecida: Lucas, de pé junto ao cavalete, com um pincel na mão, pinta a mais antiga pintura da Virgem Maria na história da Humanidade. Isto é uma lenda. A imagem da Virgem Maria está exposta na Basílica de Santa Maria Maggiore (construída no século V), pelo que Lucas não pode ter sido o pintor, pois viveu no século I.
Mas o que é que está por detrás da lenda?
Lucas descreve Maria com palavras como “aquela que dá à luz Deus”. Ela deu vida não só a uma pessoa humana, mas ao Filho de Deus, gerado pelo Espírito Santo. Nenhum evangelista relata de forma tão completa e pormenorizada a Anunciação, o nascimento e a forma como Maria esteve aos pés da cruz. Mostra o papel importante de Maria no acontecimento do Pentecostes.
Mas qual é o papel da imagem de Maria em Santa Maria Maggiore, Maria Salus Populi Romani, esta representação tardia de Maria?
Santo Inácio de Loyola, fundador da Ordem dos Jesuítas, celebrou a sua primeira Missa como sacerdote em Santa Maria Maior, no altar-mor da igreja, onde as tábuas do presépio de Jesus em Belém são veneradas como relíquias.
A história remete-nos para Jakob Rem, fundador da Congregação Mariana de Ingolstadt, no tempo da Contra-Reforma. Ele gostou tanto da imagem de Maria em Santa Maria que mandou fazer uma cópia para Ingolstadt. A ele se deve também o título de “Mãe Três Vezes Admirável”: Mãe de Jesus – Mãe de Deus – Mãe da Cristandade.
Um vínculo maravilhoso através dos séculos: Lucas numa lenda como o pintor do mais antigo quadro de Maria; Jakob Rem manda fazer uma cópia para Ingolstadt; a Mãe de Deus torna-se a MTA, a Mãe Três Vezes Admirável; celebramos o dia da fundação do Movimento de Schoenstatt com Lucas Evangelista, que é profundamente mariano.
Antes de partir em viagem e quando regressa a casa, o Papa Francisco visita sempre a Mãe de Deus em Santa Maria Maior, em união como jesuíta e como grande devoto de Maria. Ele sabe que está completamente seguro em Maria.
Faz-nos felizes fazer sacrifícios?
“Quanto mais sacrifícios fizermos uns pelos outros, tanto mais felizes seremos” foi o lema do dia, uma frase do Padre Kentenich que se encontra no “Calendário de Schoenstatt”.
Lucas fez inúmeros sacrifícios, o que deve ter sentido nas vezes em que cruzou a soleira de uma casa? Será que a porta se abrirá? Será que a Palavra de Deus ressoará?
Os sacrifícios trazem alegria quando se aceita a Palavra de Deus. Dão-nos força para o caminho a percorrer.
Maria também teve de fazer muitos sacrifícios e, por isso, escreve uma história de felicidade. Ela entrega-se e alegra-se porque sente as bênçãos que o Seu Filho traz. Ela sente-se um instrumento de bênção.
Como é que eu me sinto quando faço sacrifícios?
Sempre que algo é difícil para nós, entregamo-lo a Deus com fé. Desta forma, podem ser recolhidas muitas pequenas contribuições que podem ajudar a difundir a fé e a despertar uma nova vida na fé.
O que levo comigo pessoalmente
Lucas não usou certamente os três óculos separadamente. Estou convencido de que ele usou sempre os três óculos simultâneamente e que, por isso, foi capaz de exprimir muito bem o Evangelho em palavras, para que o compreendêssemos melhor. Para que ardêssemos em fé e despertássemos a necessidade destes três óculos. Que a Mãe Três Vezes Admirável nos ajude nisto.
Como santo do dia, Lucas pertence ao Movimento de Schoenstatt. Que ele nos guie para o futuro com os seus três óculos.
Foto: Renate Siebenkäs
Original: alemão( 21/10/2023). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal
