TURQUIA/ESPANHA, Laura Toves •
Este Verão tivemos o privilégio de visitar o lugar que é considerado a última residência da Santíssima Virgem Maria, em Éfeso. Foi lá que viveu os seus últimos 12 anos com São João, até ao momento da Sua Assunção. O Evangelho diz-nos que Jesus Cristo, antes de morrer na Cruz, confiou-lhe a Sua mãe. E a partir desse momento, levou-A para sua casa. —
Um pouco de história
Os Actos dos Apóstolos dizem-nos que após a morte de Jesus Cristo, uma perseguição contra os cristãos eclodiu em Jerusalém. Ao mesmo tempo, os apóstolos saíram pelo mundo para pregar o Evangelho. São João veio para a Ásia Menor, e muito provavelmente, devido à perseguição, trouxe consigo a Santíssima Virgem.
No século XIX surgiu um livro intitulado “A Vida da Virgem Maria”, de acordo com as revelações de uma religiosa alemã chamada Catherine Emmerich, que, sem nunca ter ido a Éfeso, descreve com surpreendente precisão tudo sobre a colina de Éfeso e a casa onde Ela via e como iam transcorrendo os últimos anos da Virgem Maria. Duas expedições científicas foram formadas em 1891 com base nestas indicações, e no final do seu trabalho, encontraram o local e as ruínas tal como Catherine Emmerich as tinha descrito.
Ela é a Medianeira
Todos os dias 15 de Agosto, ortodoxos, muçulmanos e católicos rezam juntos e celebram juntos o dia da Assunção ou da Dormição (para os ortodoxos). É uma época excepcional em que todos rezam juntos. De facto, quando os muçulmanos mencionam Maria (Maryam em árabe), esta é normalmente acompanhada pela frase “que a paz esteja com ela”.
Chegámos a 17 de Agosto, um pouco tarde, mas também na intimidade de sermos demasiado poucos para ver o local. Na nossa viagem pudemos ver como todas as igrejas ortodoxas por onde passávamos estavam adornadas com imagens da Virgem Maria, recordando esta festa.
A casa, uma experiência real do Espírito Santo
O local fica no topo de uma colina e o autocarro deixa-nos a poucos metros do caminho que conduz à casa. numa curva do caminho, deparamo-nos com uma estátua de Nossa Senhora com as mãos estendidas. Recordámos imediatamente o nosso querido Ambrósio e Maureen e o seu projecto “Madre, Ven“, cuja imagem da Imaculada Conceição veio de Éfeso.
Estávamos ansiosos por visitar o local, mas o que não contávamos (ou sim) era a emoção que começou a brotar. Poderíamos questionar se Ela realmente viveu lá ou se foi num lugar próximo, mas o que não podemos negar é a emoção e a grande e profunda experiência que tivemos. É verdade que o guia nos advertiu que havia ali algo especial, que havia uma energia muito forte, mas não podíamos imaginar o quanto.
Quando finalmente chegámos à casa no topo da colina, foi surpreendente como era pequena e humilde. A atmosfera de silêncio das pessoas que lá estavam naquele momento fala do respeito e adoração que Ela recebe.
Uma vez dentro, há um pequeno vestíbulo e depois uma pequena sala não maior do que o nosso Santuário. Há um altar ao fundo com outra estátua de Nossa Senhora, mas desta vez sem mãos – nós somos as mãos dela! E do lado direito há uma pequena sala que reproduz o quarto onde a Virgem Maria descansou. Assim, em meio minuto, caminha-se através da casa e, sem querer, damos por nós lá fora.
Como fazíamos parte de uma excursão com outros turistas, fomos para a fila e quase sem nos apercebermos, voltámos à rua, pois a casa, além de humilde, é muito pequena. Como não podíamos parar porque estávamos a ser conduzidos para fora para que todos os turistas pudessem entrar, encontrámo-nos imediatamente na rua. Não podíamos acreditar, como poderia acontecer tão rapidamente num lugar tão especial?
É uma experiência que não pode ser descrita em palavras
Voltámos rapidamente para dentro, desta vez sozinhos (felizmente, nessa ocasião o resto dos turistas não o fez), e foi aí que tivemos aquele momento muito especial, íntimo e real com Ela. Conseguimos saborear alguns minutos, muito poucos, totalmente cativados e embriagados. Começámos a chorar e a chorar e não conseguíamos parar. Era verdade o que o guia nos dizia. Há alí vibrações muito, muito especiais. É uma experiência que não pode ser descrita em palavras, não pode ser explicada por muito que tentemos aqui. Na verdade, ao escrever este artigo, não consigo deixar de me emocionar. Aqueles de vós que poderem, levantem-se, vão lá, e vivam-no!
A mente viaja e tenta imaginar como Ela vivia aqui, como era o seu dia-a-dia. E acaba por se sentir feliz por poder pôr os pés no mesmo sítio, que Ela. Como seriam as suas noites? Em que pensaria Ela? Estaria sozinha? Estaria com frio? Quais seriam os seus pensamentos? E as suas orações? Que dificuldades teria? Sabemos que São João tomava conta dela e cuidava dela. Quero acreditar que Ela não se sentiria só em demasiadas ocasiões.
Para terminar, acendemos as nossas velas (podem comprá-las dentro da casa), e colocámos-vos a todos nas nossas intenções.
Aí entrámos com um espírito de “crianças” e sentimos a presença real do Espírito Santo. A nossa alma e o nosso corpo emocionaram-se e foram preenchidos por Ela. E só podemos agradecer àqueles que nos deram esta imensa oportunidade que não esqueceremos.
Vê-se a nossa emoção, não é verdade?
Original: castelhano (28/8/2022). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal
