Posted On 2014-11-20 In Vida em Aliança

O quarto checo em Roma, ou: Quando todo um Movimento de Schoenstatt se inflama por Belmonte…

ROMA, mda. Austrália, Suíça, Alemanha, República Checa: se se tratasse da Taça do Mundo de futebol, estes quatro haviam de estar na meia-final. Ou nas Olimpíadas no pódio, com medalhas e cerimónia protocolar para os vencedores. Seguidos de perto pelas Filipinas, Burundi, e México, deixando os outros muito tristes… Austrália, Suíça, Alemanha e República Checa: estes quatro países têm o seu quarto no Centro Internacional de Schoenstatt em Roma, Belmonte, já completamente financiado. A Austrália e a República Checa estão neste momento a considerar a sua configuração com a Cruz típica do seu país, a imagem da MTA de Schoenstatt e ainda outro símbolo. Para os peregrinos da República Checa que no sábado, depois da audiência do Jubileu com o Papa Francisco, vieram a Belmonte, houve apenas uma gota de amargura: não poderem visitar o «seu» quarto. E quem ouve a sua história também percebe porquê.

O Centro para hóspedes e encontros, DOMUS PATER KENTENICH, dispõe de 31 quartos. Estes quartos têm os nomes dos Países, nos quais há um Santuário no Ano Jubilar de 2014. Em Setembro de 2004, por ocasião da Bênção do “Santuário de todos nós”, a riqueza dos povos foi trazida ao Santuário, sob a forma de inúmeras talhas originais. Dez anos depois estão agora os Países convidados a tornar visível no “seu” quarto – da Domus Pater Kentenich – alguma coisa da sua riqueza. Quem habitar depois algum destes quartos “residirá” também no coração e na vida de um País, com a sua Missão e Cultura plenamente originais. Belmonte deve ser a oferta de todos os Países, uma Casa de todos os Povos e Culturas na Aliança de Amor. Onde cada um pode ser tal como é e todos, habitando sob um só tecto, se sentem em casa estando juntos, estando próximos, estando unidos. “No nosso lançamento para os peregrinos, em Outubro em Belmonte, já experimentámos algo disto e podemos agora imaginar como deverá ser um dia Belmonte“, dizia Norbert Jehle, da Alemanha, no último domingo. Quem habitar no quaro do Paraguay deve de alguma maneira sentir e experimentar qualquer coisa da alegria de construir a Nação de Deus no coração da América e de transportar para hoje a visão das Missões dos Jesuítas. Neste sentido doaram os jovens do Paraguay os primeiros 150 € para o seu quarto. E quem habitar no quarto do Burundi será envolvido pelas graças de um Movimento jovem e em desenvolvimento que dá o seu contributo para o processo de paz no país. E quem for hóspede no quarto da República Checa é tocado pela história dum país em que as sementes de Schoenstatt logo muito cedo foram lançadas e tiveram que suportar uma das mais duras perseguições aos cristãos dos últimos tempos… e experimenta algo dum presente feito ao Padre Kentenich que ele já não pôde voltar a oferecer.

Este é o nosso quarto

Num calmo dia da semana a seguir à celebração do Jubileu o pároco Frantisek Jirazek, da República Checa (que durante alguns meses trabalha em Belmonte), foi com a autora à zona da casa até agora fechada aos peregrinos e mostrou­‑lhe o quarto dos checos. Lado a lado estão as colunas 202 e 203, o sacerdote diocesano checo e o Movimento de Schoenstatt da República Checa. Mesmo no quarto os trabalhadores arranjaram as coisas para si o mais cómodo possível, com uma mesa, cadeiras e garrafas de bebidas. “Aqui todos se sentirão bem“, diz o Pfr. Frantisek. Aponta para as umbreiras da porta onde ainda se podem ver as muitas assinaturas e os desenhos que as crianças pintaram. O quarto checo em Belmonte, há muito já pago, não é só a ideia de alguns sacerdotes diocesanos, não é mesmo ideia nenhuma, mas vida. Aqui arde todo um movimento pelo Santuário de todos nós em Roma e pelo Centro Internacional de Schoenstatt no coração da Igreja, e por isso espontaneamente aparece a criatividade e o compromisso. E o entusiasmo que se contagia enquanto neste quarto o Pfr. Frantisek conta a história de Schoenstatt na República Checa, a história da íntima união com Roma e Belmonte e porquê o “Menino Jesus de Praga“ de algum modo tem que estar neste quarto.

Uma história cheia de dramatismo

A história de Schoenstatt na República Checa começa bem atrás, nos tempos da Fundação. No Outono de 1921 é constituído o primeiro grupo da União Apostólica fora da Alemanha, em Praga; no dia de Todos os Santos de 1921 A. Groß, que durante um ano estudava em Praga, fundou um grupo com candidatos ao sacerdócio, como é noticiado na revista MTA (ano 1922, S. 28-29). No princípio dos anos 30 foi então o P. Ferdinand Kastner SAC que estabeleceu contactos com estudantes de Königgrätz (Hradec Králové). Petr Stepanek selou em 1934 em Schoenstatt a Aliança de Amor. Os estudantes e os jovens sacerdotes encontravam­‑se com regularidade e em 1939 começaram a procurar um lugar, um santuário, onde Nossa Senhora haveria de actuar como em Schoenstatt. Porque um dele era coadjutor numa paróquia das proximidades, decidiram­‑se por uma pequena capela em Rokole, para eles o seu santuário secreto e que, durante a guerra e toda a perseguição comunista, foi o centro de graças do Movimento de Schoenstatt checo. “Não é nenhum santuário cópia fiel do Santuário original, e também não tem o altar como o original, essa corrente veio depois; mas para nós ele é o nosso Santuário Original na República Checa“, diz o Pfr. Frantisek. Gerações de schoenstattianos cresceram à sombra daquele santuário, no qual ficou a imagem das peregrinações tradicionais e uma pequena imagem escondida da MTA representava a ligação visível com o Santuário Original. Pouco tempo depois de, em 1947, o Padre Kentenich ter enviado para a República Checa as primeiras Irmãs Marianas, formadas na Suíça, deu­‑se a tomada do poder pelo comunistas e para Schoenstatt começa um tempo de dura perseguição, de tal modo que nenhuns contactos com o exterior eram possíveis. Só depois da “Revolução de veludo“, no ano de 1989, surgiram laços mais fortes. No ano de 1997 foi por fim abençoado na República Checa o primeiro Santuário fiel ao original. Mas ainda antes da Revolução um grupo de schoenstattianos rumou a Roma…

“Este é o terreno onde um dia haverá um Santuário, e nós queremos ser parte desta história“

Foi a 12 de Novembro de 1989, poucos dias antes do desencadear­–se da Revolução de Veludo. O Papa João Paulo II canonizou Santa Inês da Boémia numa cerimónia festiva e com a presença de milhares de peregrinos checos e eslovenos. A inconcebível possibilidade de viajar até Roma para esta canonização ainda hoje ressoa nos relatos dos schoenstattianos checos. E este pequeno grupo peregrinou nesses dias também a Belmonte. Um terreno nos arredores de Roma, um arranjo com uma imagem e mato. Mas: “Este é o terreno onde um dia haverá um Santuário, e nós queremos ser parte desta história“. Esta visita foi o princípio duma íntima união que perdura. “É a nossa oferta para o Padre e para a Igreja e não está paga“, explica o Pfr. Frantisek, como ele sempre de novo estimula para a acção. “O meu coração arde por isto!“. E não só o seu. Muitos vieram para a bênção e quase todos os anos há peregrinos da República Checa em Belmonte. Quando começou a construção da Domus Pater Kentenich e se soube qual seria o quarto checo começou a mobilização para alcançar o contributo financeiro – e para que as pessoas que habitarem este quarto possam submergir­‑se na corrente da história da Aliança e das graças originais checas. E aqui inclui­‑se o Menino Jesus de Praga.

O Menino Jesus de Praga

O Menino Jesus de Praga é uma das imagens de graças milagrosas de Jesus mais conhecidas em todo o mundo. Encontra­‑se na igreja Santa Maria da Vitória (Kostel Panny Marie Vítězné) no convento carmelita de Praga. A estátua é uma figura em cera, da Renascença, com cerca de 45 cm de altura e representa o Menino Jesus com cerca de três anos. É o trabalho de um artista desconhecido do século XVI e veio de Espanha, e constitui uma parte central da identidade nacional e católica checa. A ligação com Roma vem da história, a ligação com Schoenstatt só talvez possa persenti­‑la aquele que já tenha visto no quarto do Padre Kentenich na Schulungsheim em Schoenstatt a estátua do Menino Jesus de Praga. É uma das últimas ofertas que o Padre Kentenich recebeu – a 21 de Agosto de 1968, das Irmãs Marianas da República Checa. “Já não teve oportunidade de voltar a oferecê­‑la“, diz o Pfr. Frantisek. Os peregrinos checos sempre trouxeram para Roma um “Menino Jesus de Praga”. Agora Ele deve vir – “para de alguma maneira ser colocado na parede, aqui tive a ideia” – no “quarto checo“ em Belmonte. Porque o Padre Kentenich não pôde mais voltar a oferecer o “seu” Menino Jesus, oferece­‑O a Família de Schoenstatt checa a ele e à sua Família e a todos os que algum dia estiverem a Belmonte, de novo e para sempre.

E vai ser um pouco difícil no futuro a gente decidir­‑se se gostaríamos de instalar­‑nos no quarto australiano com a maravilhosa bela Cruz dos aborígenes, ou no quarto checo com esta história e o Menino Jesus de Praga…

E talvez no futuro seja ainda mais difícil quando os outros países vierem… e far­‑nos­‑á bem deixarmo­‑nos simplesmente surpreender, porque o Espírito Santo sabe muito bem de que graças de que país precisamos.

Informações acerca dos “Quartos dos países“ aqui.

Para encomendar brochuras de Informação: offerta@roma-belmonte.info

Webseite de Belmonte: www.roma-belmonte.info

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