Posted On 2012-05-29 In Vida em Aliança

Quem está no comando?

Margaret Steinhage Fenelon. Oh, posso imaginá-lo sentado a minha frente, do outro lado da mesa rabiscando palavras e símbolos em seu bloco de anotações e com um brilho maroto em seus olhos. Eu fico chateada com uma coisa ou outra, protestando indignadamente sobre algo que deu errado em minha vida e procurando por justificativa, direcionamento e correção. Meu diretor espiritual sorri, coloca sua caneta na mesa, recosta-se em sua cadeira e me olha nos olhos.

 

 

“Quem está no comando?” Ele me pergunta com uma calma absoluta. Isto não é exatamente o que eu queria ouvir, eu suspiro profundamente.

“Ela está no comando”, eu retruco.

“Quem está no comando?” ele me pergunta novamente.

Eu suspiro ainda mais profundamente esta vez. “Ela está no comando.” Eu retruco novamente.

“Quem está no comando?”

“Ela está no comando”.

A rodada de pergunta-suspiro-resposta se repete múltiplas vezes, até eu perder a paciência. “Ela está no comando!” Eu grito.

“Bom”, Pe. Jonathan responde calmamente. Sentado, ele se inclina para a frente, pega sua caneta e pensativamente começa a rabiscar novamente. “Agora, onde estávamos mesmo?” ele pergunta com um sorriso largo e carinhoso.

Esta cena ocorreu inúmeras vezes nos últimos anos – na sua sala de visita, topando com ele em Schoenstatt ou outros eventos e mesmo pelo email uma vez quando ele havia sido transferido para outra localidade. Em algum lugar, interligado em nossas saudações e conversas rápidas surgiria, “Quem está no comando”” “Ela está no comando”. Meus emails tinham páginas; a resposta de Pe. Jonathan  ia de um parágrafo a uma página, mas de alguma maneira ele conseguia lá colocar “Quem está no comando?”

Viver na Aliança de Amor

Esse era o jeito de maestria do Pe. Jonathan trabalhar comigo, de me ajudar a viver ao máximo a Aliança de Amor que eu fiz muito tempo atrás com nossa Mãe Bendita. Ficou claro para mim a realidade que quando nós fazemos uma aliança com alguém, nos rendemos completamente, permanentemente ao outro. Em 15 e maio de 1977, Maria e eu nos rendemos uma à outra e,  a partir daquele momento, eu a coloquei no comando de todo aspecto da minha vida. O Pe. Jonathan sabia disto, e ele também sabia que a chave para me ajudar a atravessar qualquer coisa era me lembrar que eu havia colocado nossa Mãe Bendita no comando de tudo e que ela cuidaria de tudo com sua poderosa intercessão (onipotente intercessão, Padre Kentenich diria), se ao menos eu pudesse respirar de vez em quando e deixá-la agir.

Apostolado desmoronado? Traído ou difamado?

Apostolado desmoronado? Quem está no comando? Ela está no comando. Traído ou difamado? Quem está no comando? Ela está no comando. Saúde ou dificuldades financeiras? Quem está no comando? Ela está no comando. Incerteza à frente? Quem está no comando? Ela está no comando. Mal interpretado pelos superiores ou entes queridos? Quem está no comando? Ela está no comando.

O Pe. Jonathan não estava tentando adiar minhas preocupações; na verdade, ele caridosamente e pacientemente as validava. O rabisco sempre terminava em um pequeno gráfico ou diagrama que representaria visualmente a situação e agiria como um lembrete para mim para as próximas semanas – até minha próxima reclamação. Seu objetivo era me fazer ver que tudo, tudo o que acontece está no plano de Deus e que, com Maria no leme, meu barco navegará placidamente mesmo nas águas mais violentamente turbulentas. Ela é a Rainha de tudo  e ela será vitoriosa sobre tudo.

Meu sucesso pertence a nossa Mãe Três Vezes Admirável, também

Ele usava este método também para me lembrar que, por causa de minha aliança, meus sucessos pertenciam a nossa Mãe Três Vezes Admirável, também.

Novo livro publicado? Quem está no comando? Ela está no comando.  Bem sucedido/a na apresentação? Quem está no comando? Ela está no comando.  Problema complicado resolvido? Quem está no comando? Ela está no comando? Discórdia terminada? Quem está no comando? Ela está no comando.

Como eu enfrento alguns dos maiores desafios que eu ainda tenho que enfrentar…

Então, agora como eu enfrento alguns dos maiores desafios que eu ainda tenho que enfrentar, me pego entoando repetidamente um canto interior: “Quem está no comando? Ela está no comando. Quem está no comando? Ela está no comando.. Quem está…” muitas e muitas vezes ao longo do dia, como um daqueles jingles de comerciais que você não consegue tirar da cabeça. Apenas esta vez eu fico agradecida por não tirá-lo de minha cabeça e espero que ele atinja o meu coração.

O Pe. Jonathan, tendo perdido uma batalha contra o câncer de pulmão meses atrás, não está aqui pessoalmente para ecoar esses versos comigo. Contudo eu posso ainda vê-lo sentado a minha frente, seus olhos brilhando, a caneta rabiscando no bloco de anotações, um sorriso largo e carinhoso em seu rosto. E eu posso ainda ouvir sua voz, clara como sempre. “Quem está no comando?” Ela está no comando. Ela sempre estará.

 

Tradução: Maria Cristina Nigro Falcoski, São Paulo, Brasil

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