Posted On 2013-12-29 In Schoenstatt em saída

A Noite de Natal dos mais necessitados

ESPANHA, P. Jaime Vivancos. Um ano mais os jovens do Movimento de Schoenstatt em Madrid quiseram levar a partir do Santuário um raio de esperança a famílias e pessoas que realmente precisam; fizeram-no através da campanha solidária natalícia em Móstoles, que habitualmente fazem os Pioneiros e as Escolares de Madrid desde o Natal de 2002 com a colaboração das famílias em torno dos santuários de Schoenstatt de Pozuelo e Serrano e do Colégio Monte Tabor. Recolheram-se alguns testemunhos para partilhar em schoenstatt.org e torná-los participantes de “Móstolos 2013”.

Mais de 300 caixas de comidas e 500 perus

O refeitório de San Simón Rojas em Móstoles converteu-se em salva-vidas de muitas famílias. Diariamente, este centro ajuda 700 pessoas e na Noite de Natal muitas famílias jantaram graças às cestas que os voluntários do refeitório tinham preparado.

“Agradecemos aos jovens do Movimento de Schoenstatt e à colaboração do Padre Jaime e a Irmã Maria pela iniciativa que tiveram mais um ano com a organização da campanha de natal. Todos gostámos de ver como disfrutaram as mais de 650 pessoas que estiveram em San Simón de Rojas com as mais de 300 caixas de comida que distribuíram  no dia 14 de dezembro e com os 500 perus que entregámos no dia 24 de dezembro pela manhã, dia em que também aparecemos na televisão.

Obrigado e que Deus os abençoe.”

Sole – Voluntária do Refeitório San Simón de Rojas

…porque ayudará a cada una de las personas que vayan.

No passado dia 15 de dezembro nós, os Pioneiros e Escolares de Madrid, fomos distribuir caixas, brinquedos e outras coisas a um refeitório social em Móstoles. Para nós foi uma experiência muito bela, e com a qual pudemos aprender muitas coisas, como saber onde fica Móstoles, onde nem todos têm tanta sorte como nós de ter um teto para dormir, comida e muito mais e que está tão próximo de nossas casas. A cada família do refeitório social oferecemos um caixa de comida preparada por diferentes famílias de Schoenstatt e um peru para a ceia de Natal. Para além disto ofereceu-se um lanche para crianças e encenações de peças de teatro. Também se ouviu música no refeitório, o que divertiu as crianças. Foi uma experiência muito bonita e gostaria de agradecer a todas as famílias que ajudaram especialmente com as caixas e os perus, também ao Padre Jaime e às Irmãs Lucia e Maria, aos responsáveis do refeitório social e particularmente à Mãe e Rainha por nos ter oferecido esta bonita experiência. Espero que se repita por muitos anos porque ajudará muitas pessoas.

Paco Martín-Gil – Pionero de Schoenstatt Juventud de Madrid

“Móstoles, um Natal adiantado”

Poder organizar Móstoles junto ao Padre Jaime e aos escolares e pioneiros de Schoenstatt foi para mim uma experiência muito bonita e positiva, religiosa, que se fez com muita dedicação e esforço.

Desde o primeiro momento acompanhámos esta “empresa” com a oração diária para que as pessoas nos respondessem e pudéssemos entregar novamente caixas de alimentos e um bom lanche aos meninos do refeitório.

Qual não foi a minha surpresa ao ver a resposta de todas as pessoas que assistiram à missa aos domingos tanto em Serrano como em Pozuelo. A maioria deles, as famílias, queriam apadrinhar caixas de alimentos a famílias, e quando estas acabaram, continuámos com as pessoas individuais. Também recebemos donativos em dinheiro que nos permitiram oferecer perus e preparar o lanche para as crianças do refeitório.

Para os escolares e pioneiros ir ao refeitório de Móstoles e trabalhar durante todo o dia servindo e ajudando as pessoas mais necessitadas é um apostolado muito atrativo que todos querem realizar. No entanto, questionava-me porque é que a nossa juventude “lutava” por assistir a este apostolado tão desinteressado. E descobri que quando os nossos rapazes e raparigas se unem por um fim comum formam uma “combinação mágica” de força e entusiasmo juvenil para atuar sem timidez (disfarçando-se de reis magos), para servir com dedicação preparando o lanche (por ex.: o chocolate quente), para ajudar com abnegação os que necessitavam de ajuda (ajudando a transportar caixas pesadas às senhoras que não podiam), conversar e partilhar com as crianças, com os jovens e com os adultos, sair de si mesmos e entregar-se sem parar com toda a sua simpatia, animando, cantando, dançando, contagiando a todos com a sua alegria.

Móstoles foi uma grande festa onde os nossos rapazes nos ofereceram uma vivência adiantada da vinda do Menino Jesus, com presentes concretos como foram os brinquedos para as crianças, as caixas de alimentos para os adultos mas o mais importante foi trazerem alegria aos corações pois já o Menino Deus estava entre nós.

(Ir. M. Lucia Jofré – Assessora da Juventude Feminina de Madrid)

Ayudando en Móstoles

Conheci o Padre Jaime através de uma colega de trabalho à qual contei que queria ajudar em qualquer coisa  e que me disse que em Schoenstatt organizavam um lanche todos os anos num refeitório social de Móstoles. Depois de alguns encontros com o Padre, pareceu-lhe interessante que presenciasse a organização deste evento e que lhe contasse através da minha perspetiva as minhas impressões e que se tornasse público o seu trabalho.

Apresento-me: sou uma rapariga madrilena de 26 anos de uma família favorecida economicamente. Sou licenciada em Sociologia e não professo a fé católica. Contudo, desde o primeiro momento percebi que tínhamos um objetivo comum, independentemente da orientação religiosa: fazer o bem e ajudar os mais necessitados.

Devido à crise económica que deu lugar a importantes cortes diminuíram sobretudo as ajudas sociais, torna-se muito necessário que existam iniciativas deste tipo para compensar apesar de não ser suficiente devido à presente taxa de desemprego em Espanha. Nesta data natalícia é habitual existir mais atividade caritativa, tornando-se mais evidente a desigualdade que caracteriza a nossa sociedade, e tenta ajudar com este tipo de iniciativas.

Uma organização que dá um selo pessoal à ajuda

Liderados pelo Padre Jaime, as crianças do Movimento Apostólico de Schoenstatt promovem e organizam há anos um lanche no refeitório San Simón de Rojas em Móstoles para as crianças desfavorecidas. Distribuem caixas cheias de comida para os que costumam ir a este refeitório. O objetivo é fazer passar às crianças uma tarde agradável e divertida com  música e comida e dar alimentos aos que não têm recursos. O Padre Jaime e as irmãs Lucía e Maria acolheram-me com um sorriso no rosto e com grande entusiasmo, como as crianças, encantados de incorporar uma pessoa nova nas suas atividades e emocionados com o que estavam a organizar.

Estive presente em quase todo o processo de organização das caixas enquanto as crianças as iam enchendo pensando naqueles a quem eram dirigidas. Com os anos, desenvolveram um sistema para distribuir as caixas, atribuindo um número a cada pessoa ou família a quem se dirige e com uma informação básica para adaptar o conteúdo. Por exemplo a orientação religiosa, o número de membros da família e se há crianças e com que idade. Este ano, foram incluídos novos produtos como bebidas alcoólicas e doces tradicionais de Natal, pensando no que cada família gostaria de comer e beber nesta data.

Despertar sorrisos

Os jovens voluntários escreveram mensagens carinhosas para transmitir alegria e amor aos destinatários. Parece pouca coisa, mas creio que é um detalhe importante, já que envia energia positiva e seguramente consegue provocar alguns sorrisos, que é o que no final importa e a melhor recompensa que se pode receber.

Para enriquecer o lanche composto por doces natalícios, chocolate quente, bolos e rebuçados, as crianças de Schoenstatt organizaram um espetáculo animando os mais pequenos a participar, cantando, contando anedotas e aprendendo a tocar instrumentos musicais.

Para além disso, o grupo de jovens e as famílias doaram uma grande quantidade de brinquedos para distribuir pelas mais de 100 crianças que estiveram no lanche. Era difícil distribuir os presentes, já que muitos lutavam entre si ou queriam um brinquedo diferente pelo que este momento da distribuição de brinquedos acabou por se converter num pequeno caos. No entanto, com grande entusiasmo e dedicação as crianças de Schoenstatt organizaram-se para escolher (de entre as muitas caixas divididas por idades e por sexo) um brinquedo de que os meninos, que ali iam conhecendo, gostassem. Apesar das lágrimas de alguns descontentes com o seu brinquedo, o refeitório encheu-se de alegria e esperança.

A possibilidade de ver o lado positivo da Igreja

As crianças que promoveram esta iniciativa são oriundas, de um modo geral, de classes favorecidas com recursos suficientes e esta ocasião dá-lhes a oportunidade de valorizarem o que têm e observar os efeitos de uma distribuição desigual dos recursos. Tive uma conversa com um dos rapazes de Schoenstatt de 17 anos, que vivem quase todos em bairros de classes mais altas de Madrid e se sentiam inseguros em Móstoles, mas o que mais os chocou foi o perfil das pessoas que vão ao refeitório. Pensavam num estereotipo de indigente que vemos nos filmes, mas no entanto, o refeitório estava cheio de “gente normal” cujo único defeito (se se pode chamar assim) é o de ter nascido num ambiente social mais desfavorável. É muito importante que as gerações futuras aprendam este tipo de coisas e vivam experiências deste tipo para que se sensibilizem.

Esta experiência deu-me a oportunidade de ver o lado bom da Igreja, que ajuda as pessoas a sentirem-se integradas na sociedade e a sentir que formam parte de algo. Contrapondo o rosto mais difundido pelos meios de comunicação centrado mais nas instâncias de poder do que nas pequenas organizações que são as que verdadeiramente formam a Igreja e representam a essência do cristianismo.

A natureza humana necessita de guias para canalizar o bem e não se deixar conquistar pela avareza ou inveja. A Igreja sempre desempenhou uma função social importantíssima, e com esta experiência fui capaz de me dar conta disto através das reações das pessoas ao receber ajuda, que tanto custa pedir e admitir que se necessita. Apesar da injustiça social na qual estamos imersos, no que toca à distribuição de riqueza, é muito positivo destacar o poder que pequenas iniciativas a nível local têm para melhorar a comunidade. Não só se constroem vínculos de afeto entre os ajudados e ajudantes mas também se aprende uma lição fundamental, não é o dinheiro que faz as pessoas. Como seres humanos há muito mais que nos une do que o contrário e devemos centrar-nos nisto.

(Marta López – Socióloga)

O último testemunho…

Enviamos o material que compilámos da campanha de natal em Móstoles com a ideia de o partilhar em schoenstatt.org. Um abraço e muito obrigado por me animar a partilhar esta experiência.

P. Jaime Vivancos

Original: Espanhol – Trad.: Maria de Lurdes Dias, Lisboa, Portugal

 

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