Posted On 2013-07-17 In Schoenstatt em saída

Neles, me encontrei com Cristo; esse Schoenstatt me encanta

ESPANHA, Fátima Alvaredo, mda. “Tem sido para mim uma experiência maravilhosa.  Me fez sair do comodismo de minha vida diária e aproximar-me do outro.  O que tenho encontrado é dignidade.  A partir desse dia, quando passo por Madri, e vejo pessoas no chão, percebo que passamos por tantas pessoas sem nem ao menos olhá-las nos olhos.  Tem me feito pensar.  Neles, me encontrei com Cristo.  Esse Schoenstatt me encanta”,  escreve Leonor em seu comentário sobre a reportagem “Encontro”, um projeto apostólico em Madri que, na verdade, não é entendido apenas como projeto, mas como atitude social e solidária, “a partir do Santuário aos pobres”, como disse João Pozzobon.  “Jesus nos diz que a maneira para conhecê-lo é encontrar suas feridas.  E você encontra as feridas de Jesus fazendo obras de caridade, dando-lhe algo ao corpo – ao corpo – e também à alma;  porém, o corpo –  eu destaco – de seu irmão com chagas, tem fome, tem sede, está nu, está humilhado, é um escravo, está na prisão, no hospital.  Essas são as chagas de Jesus hoje” – palavras de Francisco que se transformam em atos nas ruas de Madri desde aquele 23 de dezembro de 2012, início do “Encontro”.  E não apenas em Madri, desde que foi divulgado em schoenstatt.org.

“SAÍMOS DE NOSSA LETARGIA? Em cada lugar de nosso mundo existe alguém que precisa de nossas mãos para aliviar sua solidão, sua fome, sua sede, sua tristeza…”, escreve Lizzie Loets, de La Paz/Bolívia.  Juan Barbosa, da Argentina, referindo-se à história de Amparo, contada na reportagem mencionada, comenta: “Sem nenhuma dúvida, uma verdadeira proposta para uma urgente resposta às necessidades do mundo de hoje.  Posso ser alegre, solidário e positivo com meus próximos, enfrentando minha realidade? … Sinceramente, mesmo sem Amparo, sem nada de nada… você pode!  Comecemos agora!  Não vamos perder a oportunidade para ajudar!” Vários outros comentaram. “Posso fazer o mesmo em minha cidade”, escreveu Silvia Losada, da Argentina.  “Pensava que é fácil dar esmola ao pobre; já olhar em seus olhos e tocá-lo… É a tarefa que falta, então será meu propósito a partir de agora.  Obrigada por me tirar de minha letargia…”

Posso fazer o mesmo em minha cidade

Uma colaboradora de schoenstatt.org da Alemanha conta: “Esse reportagem sobre o “Encontro” mudou a minha maneira de me aproximar das pessoas de rua.  Sempre dei algo para elas; porém, agora, olho nos seus olhos e coloco a moeda em suas mãos, não mais no chapéu ou na vasilha que colocam à frente delas.  No domingo, me encontrei novamente com um homem, que tinha visto algumas semanas atrás, logo depois de ler a reportagem.  De novo estava em frente à basílica da cidade, abrindo a porta grande e pesada para os que entram e saem.  Ao seu lado, sua mochila e um frasco do McDonald’s, onde as pessoas – às vezes – colocam alguns centavos.  Da outra vez, sorri para ele e o cumprimentei, deixando alguns euros no frasco.  Desta vez, coloquei um par de euros em suas mãos e ele me disse: “Obrigado, ninguém faz isso…” Agradeci-lhe pelo serviço de abrir a porta e lhe perguntei por que está fazendo isso; ele me respondeu: “estou aqui todos os dias.  Posso ajudar.  Assim me sinto útil”.  Havia um sorriso e um brilho em seus olhos… e acrescentou: “Obrigado por me perguntar”.  E foi ali, na porta da basílica, que me lembrei das palavras de Francisco: “A fé é vivida mais intensamente nas periferias”.

ENCONTRO: uma forma de olhar com novos olhos

“Me dá muita alegria saber que este projeto está tocando muitos corações de pessoas que estão longe; o projeto mudou nelas a forma de olhar e agir com o próximo; alegria também por saber que schoenstatt.org difunde o projeto em tantos países e lugares.  Por ele, decidi escrever-lhe para contar por que surgiu esse projeto e quais são seus objetivos”, escreve Fátima Alvaredo.

“Há dois anos participo de uma ONG em Valladolid, desde quando decidimos acompanhar as pessoas sem teto.  Conhecemos todos da cidade e decidimos ajudá-los, acompanhá-los quando estão envolvidos em temas judiciais, e orientá-los.  Existem trabalhadores sociais que os ajudam a conseguir trabalho e estudar…”

“Acontece que, no Natal, surgiu um anseio em minha família (em Madri).  Porém, eu percebia que não havia sentido fazer isso em Madri, uma vez que não encontraríamos o mesmo compromisso, e seria impossível envolver toda a cidade.  Por isso me surgiu uma ideia, que é o próprio projeto “ENCONTRO”.  Me lembrei de uma das pessoas que visitávamos em Valladolid.  A única coisa que fazíamos era acompanhá-las com frequência, uma vez que nunca precisavam de nada, porque a comunidade – tão admirável –  vizinha a elas, lhe fornecia de tudo.  Elas tinham muitos amigos na região e era queridas por todos.  Assim pensei que – sim – teria sentido em Madri, se conseguíssemos motivar as pessoas, tornando-as capazes de cuidar daquelas que cruzam com elas todos os dias, ou porque são de seu bairro ou porque se cruzam nas ruas.  Assim, poderíamos acabar com as necessidades do mundo – não implica nada além de abrir o coração.  Trata-se de dar dignidade à pessoa que está ao seu lado e ajudá-la em suas pequenas necessidades.  E isso, o ateu ou o religioso, o rico ou o pobre consegue entender…”

“Todos entendem que as pessoas têm dignidade e não custa nada parar, olhar nos olhos delas e perguntar o que precisam, envolvendo-se pouco e ajudando-as nas pequenas necessidades que tenham (higiene, roupa ou comida).  É isto que nós fazemos, uma vez por mês (porque ainda não há suficiente número de pessoas); vamos ao encontro dos que chegam (tem chegado muita gente jovem, adultos, famílias com crianças…);  saímos de nossos bairros e oferecemos produtos de primeira necessidade (comida, artigos de higiene e roupa) e já conhecemos suas histórias, suas necessidades, seus gostos – tudo se torna cada vez mais simples.  As pessoas acabam se engajando e, sem precisar nenhuma organização, passam a cumprimentar o próximo sem medo, porque já o conhecem e porque são vizinhos.  Se há alguma necessidade que não pode ser atendida naquele dia, a pessoa que mora mais perto se encarrega de supri-la.  Assim, pouco a pouco, o projeto vai tomando forma. Também já temos doações que nos permitem ajudar mais.  No caminho, sempre levamos uma fruta, um sanduiche, um pão, suco, bolinhos.  E se eles podem cozinhar, lhes damos latas, roupas e desodorantes, escova de dentes e pasta, uma toalha.  Cada um de nós colabora com 5 euros e, assim, podemos ajudar mesmo estando apenas caminhando.  Começamos divulgando no Santuário e, assim, cada dia surge um voluntário; nos dividimos pelas ruas, conforme o número de pessoas presentes.  Portanto, a ideia não é fazer uma obra social ou um voluntariado, mas, sim, ter parte ativa e envolver-se com os problemas atuais; fazer campanha de solidariedade, escutando e acompanhando aquele que está ao nosso lado, porém não vemos nem escutamos.  Ser como José Engling, que dizia: “tudo para todos…”.

Compreendi que aqui havia uma missão para cumprir

José Antonio, um daqueles que saem às ruas pelo projeto “ENCONTRO”, relata: “Na verdade, as grandes missões sempre são colocadas sobre frágeis ombros.  Quando me convidaram para participar do projeto “ENCONTRO”, em dezembro, eu pensei que uma nova atividade poderia influir em minha liberdade.  Quando fui às ruas e vi pessoas normais como você e como eu, vi que a vida lhes havia dado duras penas sem nenhuma razão aparente, compreendi que aqui havia uma missão para cumprir;  e, à medida que fui encarando-os cara-a-cara, que fui escutando suas histórias, fui vendo Jesus em seu olhar, em suas palavras e compreendi que era mais feliz dando que recebendo, e que aquele que menos precisa é muito mais feliz e alegre do que aquele que tem mais”.

“Vi rostos que agradeciam a cada gesto meu, cada intenção de me aproximar deles.  Sentiam-se queridos e se sentiam como pessoas.  Tínhamos conseguido o milagre de preencher a vida de umas pessoas marginalizadas que acabavam se sentido queridas e valorizadas, mesmo que por pouco minutos”.

“Já se passaram seis meses; eles nos conhecem, nos esperam; sabemos seus nomes, suas pequenas aventuras.  Falamos com eles a respeito de suas preocupações pessoais, queremos fazer parte de sua família e, como tais, também sentimos a necessidade de voltar a encontrá-los”.

“Na verdade, nós recebemos muito, muito mais do que lhes damos.  Voltamos para casa, de um lado cheios de tristeza por causa da miséria humana; de outro lado, agradecendo a Deus porque temos sentimentos, por tudo que temos e nos é dado de forma gratuita; porém, tendo claro na mente que, a qualquer momento, ninguém está isento de passar para o outro lado da raia e que nos alegrará que possam existir pessoas que vão nos visitar e dar-nos um pouco de calor humano”.

“O projeto “ENCONTRO” é um encontro real com o Deus que está esperando por nós na rua.  Com o Deus que nos tem em Suas mãos e nos diz bem-aventurados os pobres de espírito porque eles verão a Deus”.

Um testemunho: agradecimento por não ser apenas teoria

“Nesta sexta-feira, conversamos com um homem nas ruas de Madri; era um homem assustado que nos observava o tempo todo.  Quando já estávamos nos despedindo, o homem se aproximou, querendo nos cumprimentar por não sermos apenas teoria mas também prática, e por sabermos transmitir amor a partir do olhar e dos gestos.  Nos disse que graças a nós tinha podido ver o herói da vida diária caminhar pelas ruas de Madri.  Realmente, um resumo perfeito do que nossa espiritualidade pode irradiar.  O mundo necessita de heróis que, a partir do silêncio, saibam fazer do ordinário algo extraordinário!”

Tradução para o Português: Maria Rita Fanelli Vianna – São Paulo / Brasil

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