Posted On 2013-02-26 In Santuário Original

Maria continua nos convocando no Santuário, para enviar-nos ao mundo

ESPANHA, Pe. Carlos Padilla. Este mês de fevereiro vem sendo marcado por duas notícias que nos comovem como Família de Schoenstatt. A primeira é a que nos foi comunicada no dia 2 de fevereiro. As negociações com os Palotinos para conseguir que o Santuário Original passe para nossas mãos esfriaram e isso nos inquieta profundamente. A segunda notícia é a que recebemos no dia 11 de fevereiro, quando o Papa comunicou à sua Igreja que renunciava a seu ministério: “Queridos irmãos, como sabeis, decidi renunciar ao ministério que o Senhor me confiou no dia 18 de abril de 2005. O que fiz foi com plena liberdade, para o bem da Igreja, depois de ter rezado bastante, e de examinar minha consciência diante de Deus, bem consciente da gravidade da decisão”. Uma decisão dessas nos comove e nos convida a rezar por ele por seu sucessor.

Estamos caminhando rumo a 2014

Já falta apenas um ano para a celebração de nosso Jubileu. Estamos vivendo um tempo de graças. Hoje, sentimo-nos pequenos como Família. Somos poucos e com poucos projetos, se nos compararmos com outras realidades da Igreja, muito mais presentes e ativas em todo o mundo. Com certeza, sabemos que temos pela frente uma grande missão. Notamos o peso da responsabilidade, porque Deus coloca grandes cargas sobre frágeis ombros. Vemos que Maria nos chama para sermos testemunhas da unidade, em meio a um mundo dividido e sem paz, e que nos presenteia um caminho de santidade: a Aliança de Amor com Ela vivida, no Santuário.

Já se passaram muitos anos desde aquele 18 de outubro de 1914, no qual alguns jovens, junto com o Padre Kentenich, deram um salto mortal de fé. Agora nos alegramos com os frutos. Deus tem sido bom para conosco e nos tem abençoado. Hoje, existem milhares de homens e mulheres, presentes em todo o mundo. O sonho do Padre Kentenich se tornou realidade. A fecundidade da Aliança de Amor é visível para todos. Quantos milagres de transformação têm acontecido no Santuário! Quantas vidas transformadas na Escola de Maria, nossa escola de santidade! As palavras proféticas do Padre Kentenich ganham sentido: “Gostaria de transformar este lugar em um lugar de romarias e de graças para nossa casa, para toda a Província alemã e, talvez, para mais além. Todos os que aqui chegarem para rezar terão que experimentar as magnificências de Maria e confessar: Aqui é bom estar! Esta ideia é ousada, quase ousada demais para o público em geral, mas não para vós. Quantas vezes na história universal, fatos pequenos e insignificantes converteram-se em grandes acontecimentos. Por que não poderia também ser este o nosso caso?”.

Deus escolheu frágeis instrumentos para contagiar, com suas vidas, pensamentos audazes. Despertou na alma do Padre Kentenich um sonho profético. Assim, nós nos sentimos filhos de um profeta. Reconhecemo-nos torpes e débeis, porém confiamos no poder da graça na vida de cada um de nós: “Um filho de Maria jamais perecerá”. Maria continua nos convocando no Santuário para nos enviar ao mundo. Continua nos chamando, para que, com alegria, lhe entreguemos o coração e nos deixemos transformar em instrumentos dóceis em suas mãos de Mãe.

No Santuário, encontramos nosso lar

Por isso, causa-nos dor tudo o que afeta o Santuário Original. É verdade que nos vinculamos ao nosso Santuário Filial mais próximo de nós. Além disso, todos os dias rezamos em nosso Santuário-Lar. Porém, às vezes nos esquecemos de voltar nosso olhar para o Santuário Original. A distância nos faz pensar que não tem nada a ver conosco. Entretanto, com certeza, foi ali que tudo nasceu. É nossa Terra Santa de Schoenstatt. Porém, às vezes, quão pouco a conhecemos! Quantas vezes temos rezado no Santuário Original no qual, tantas vezes, o Padre Kentenich se ajoelhou? Os que já pudemos estar ali sabemos quanto este lugar é importante para todos. Ali, fincamos nossas raízes e nos sentimos em casa. Por isso, nos causa pena saber que não podemos dispor dele com toda liberdade. Sonhamos que, um dia, ele possa ser nosso, para viver nele, em plena liberdade. Desejamos que haja paz e unidade nessa terra santa. Entre nós e todas as comunidades que ali vivem. Queremos peregrinar ali sempre que possamos, para beber da fonte, para descansar em Maria, em seu Santuário. Ali, ela quis se estabelecer, pela primeira vez. Ali ela reina e não se esquece de nenhum de nós. Quiséramos presentear a Maria, no Santuário, uma Família de Schoenstatt santa e unida. Quiséramos viver essa unidade no pequeno. Em nós, deve existir, na força, uma unidade na diversidade. Às vezes, a diversidade se torna mais forte e nos custa encontrar pontos de união. Sonhamos com esse novo Pentecostes que nos una no Espírito Santo. Quando pensarmos que o sonho de ter o Santuário Original se distancia, não nos desanimemos; ao contrário, devemos nos animar e nos unirmos em oração. Sonhamos em possuir esse lugar santo. Rezemos por esse milagre e ofereçamos nosso Capital de Graças. São exigidos de nós a unidade e o perdão, vivendo sempre a alegria de ser Família. Imploremos com Maria a vinda do Espírito Santo para que nos una no amor.

O outro acontecimento que nos comoveu profundamente neste mês: a renúncia de Bento XVI

É como se, de repente, tenhamos ficado órfãos. Sem esperar, nos encontramos diante de uma decisão que nos leva a meditar. O que Deus nos quer dizer com esse passo que o Papa deu? Em primeiro lugar, que não podemos julgar uma decisão tomada na consciência, diante de Deus. Acreditamos na aspiração à santidade de Bento XVI e sabemos que foi uma decisão muito pensada e rezada. Talvez tenha sido o passo mais difícil e corajoso de sua vida. Em segundo lugar, vemos muito valor e liberdade nesse passo. Ele foi muito livre para decidir algo tão diferente da decisão de João Paulo II. Nele, admiramos seu martírio, a oferenda de sua vida até o final. E nos alegramos porque, como Cristo, ele também não desceu da cruz. Por isso, causa-nos mais admiração a decisão que hoje meditamos. Bento XVI seguiu outro caminho. Com liberdade, percebeu que Deus lhe pedia a renúncia. E nos mostra sua humildade e seu desejo de, em sua vida, tornar realidade a vontade de Deus. Quer que a Igreja seja bem conduzida. Quer que, à sua frente, esteja um Papa com todas suas capacidades físicas e espirituais. E percebe que, agora, ele não pode desempenhar essa tarefa, porque não tem forças. Em terceiro lugar, essa decisão muito nos comove, quando pensamos que, hoje, tanta gente não deixa seu cargo e não renuncia a nada. Ninguém renuncia à vida pública, nem no governo dos povos, nem na economia. O testemunho de Bento XVI nos amima a viver com mais humildade. É preciso saber renunciar e decidir quando já não podemos seguir adiante. Nunca somos imprescindíveis. Sua decisão é um testemunho de veracidade em um ambiente no qual ninguém assume responsabilidades.

É certo que ficamos como órfãos

Porém, pessoalmente, me alegra ter um Papa tão livre e audacioso. As decisões que se tomam diante de Deus são verdadeiras. Ainda que, muitas vezes, não sejam compartilhadas nem compreendidas por todos. Ainda que se receba críticas e rejeição, e se possa perder a popularidade. Para todos nós, que pretendemos peregrinar para Roma no próximo ano, sabemos que já não lhe entregaremos tudo o que Deus despertou em Schoenstatt, ao longo deste século. Bento XVI esteve no Santuário em Roma e conhece nossa espiritualidade. Em 2014, teremos outro Papa. Nestes dias, rezemos pelo Conclave de cardeais, para que saibam escutar a vontade de Deus. Desejamos que seja um homem de Deus, um homem santo que, com sua vida, com suas palavras e seu testemunho, conduza a nave da Igreja mar adentro, com humildade e muita fé.

Carta à Família de Schoenstatt da Espanha.


Pe. Carlos Padilla é Diretor Nacional do Movimento de Schoenstatt da Espanha e participou da Conferência 2014. Colabora com Schoenstatt.org com as homilias dominicais e textos de retiros.


Original: Espanhol – Tradução: Maria Rita Fanelli Vianna – São Paulo / Brasil

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