Clemens Mann. A crise de abusos sexuais abalou fortemente a Alemanha. Foi lesada a credibilidade e a confiança depositada na Igreja Católica; sempre soam com maior intensidade os apelos por reformas. Mas, como devem os cristãos lidar com a crise eclesial, talvez a mais grave depois da segunda Guerra Mundial? Qual atitude a ser tomada: dirigir o olhar para os déficits existentes ou divisar, porém, as forças fundamentais positivas existentes dentro da Igreja e propagandear um novo começo?
O debate realizado no salão nobre da Igreja da Adoração, e ocorrido no âmbito da Semana de Outubro, decidiu-se pela última. Não é a crise que devia estar no centro, senão as ressonâncias de que vive a fé cristã e a Igreja na Alemanha; ressonâncias essas que podem ser benéficas para um domínio das exigências vindouras. Este debate teve como convidados: o Arcebispo Roberto Zollitsch, Presidente da Conferência Episcopal Alemã, Stefan Vesper, Secretário-Geral do Comitê Central dos Católicos (Zdk), a Ir. Aloisia Höing, antiga presidente da Conferência Alemã dos Superiores Maiores (DOK), Wilfried Hagemann, sacerdote do Movimento dos Focolares, e Lucas Schreiber, membro do Movimento Apostólico de Schoenstatt. Os convidados representaram respectivamente os diversos agrupamentos existentes na Igreja e relataram a respeito de forças fundamentais positivas de seu âmbito de vida e de experiência. No término deste debate de cerca de uma hora e meia de duração, chegaram a um resultado notavelmente unânime: a solução reside, não em queixas ou lamentações, senão no aliar-se reciprocamente e procurar estabelecer conjuntamente um diálogo aberto e sincero; e agora há que percorrer este caminho otimista.
Fortes forças fundamentais em ação na Igreja
Em que ressonâncias pode então a Igreja depositar sua confiança, a partir da visão dos peritos? O Secretário-Geral do Zdk, Sefan Vesper, acentuou o engajamento dos leigos; este não é irrenunciável para a Igreja. “Sem nós”, assim afirma o ilustre senhor de 54 anos de idade”, nada funciona na Igreja”. Não obstante, outrossim aqui muito há que ainda não é explorado e tem de ser melhor aproveitado para o bem da Igreja. Vesper vê um segundo apoio no engajamento político e social de muitos cristãos na sociedade. ” O enjoamento político e social”, segundo ele,” a partir da fé” é importante para poder formar ativamente a sociedade.
A Ir. Aloisia Höing, Superiora Geral das Irmãs da Santa Maria Madalena Postel – Irmãs Educadoras de Heiligenstadt – referiu-se à importância dos cerca de 30 mil religiosos que exercem um papel importante na assistência religiosa e social. “Os religiosos são pessoas que fazem Deus conhecido”. A vida religiosa é uma cultura que remete para Deus, em cada época. A vida à luz dos votos é, na verdade, um desafio diário para os religiosos, podendo ser, ao mesmo tempo, testemunho para orientar inteiramente a vida para Deus. Uma vez que os membros das comunidades religiosas se encontram de modo particular próximos dos homens, poderiam auxiliar os fiéis a encontrar sua própria vocação.
O Pe. Hagemann, membro do Movimento dos Focolares, vê as comunidades religiosas quais lugares em que se pode encontrar a Deus e se vivencia um ser sustentado reciprocamente e na fé. Mediante o “juntamente com sacerdotes e leigos” nas comunidades, os sacerdotes poderiam outrossim vivenciar um fortalecimento na fé. No Movimento dos Focolares, o próprio Hagemann vivencia-se como “um irmão entre os irmãos”. O diretor de um centro de espiritualidade, situado nas imediações de Ottmaring, Augsburg, Alemanha, vê as comunidades paroquiais qual grande oportunidade para as comunidades religiosas. Estas deveriam ainda engajar-se com maior intensidade nas respectivas paróquias – para o bem da Igreja.
O contributo do Movimento Apostólico de Schoenstatt para a Igreja
Schreiber, membro desde há 14 anos da União das Famílias de Schoenstatt, referiu-se à espiritualidade de vinculação do Pe. Kentenich. Este não quis nenhum individualismo, senão um vínculo pessoal da própria pessoa com pessoas, lugares e obras. Todos estes vínculos remetem para o vínculo do homem com Deus; em Schoenstatt, este vínculo torna-se peculiarmente patente na Aliança de Amor. Sem embargo, para Schreiber, outrossim a pedagogia do ideal é um valioso contributo de Schoenstatt para a Igreja. “Temos”, no dizer de Schreiber, “uma noção de como será a Igreja daqui a trinta anos”. São visões para uma comunidade central. Mediante a elaboração do lema do ano, ideais diocesanos e, desde recentemente, outrossim ideais, o Movimento Apostólico de Schoenstatt tem, de modo particular, grande experiência neste âmbito.
O Arcebispo Zollitsch vê na Boa Nova a ressonância mais importante para a comunidade da Igreja. “A fé”, segundo ele, ” no Deus vivo distingue os cristãos”. Os cristãos acreditavam numa meta que se encontra fora do mundo. Todo o tempo é assim qualificado como tempo de Deus. Por conseguinte, não há motivos para queixumes nem para lamentos, senão para – no espírito de uma interpretação dos sinais dos tempos – fazer uma reflexão sobre o que Deus tenciona fazer com o homem. Para Zollitsch, crer significa: “os homens exercitam-se a reconhecer a vontade de Deus e partem conjuntamente rumo à sua realização”. O Arcebispo de Friburgo e membro da comunidade dos Padres Diocesanos de Schoenstatt elogiou o grande engajamento dos leigos na Igreja. Estes são ” uma imensa dádiva de Deus dada à sua Igreja”, dádiva essa muito pouco valorizada por parte dos homens.
Dirigir o olhar para o bem
No início desta tribuna, Stefan Vesper fez uma crítica a respeito da grande orientação de déficit na Igreja. Outrossim o Arcebispo Zollitsch exortou os delegados do Movimento Apostólico de Schoenstatt a verem gratamente o bem na Igreja. Entre os participantes desta tribuna reinava unidade, de sorte que agora se trata de evidenciar as avaliações positivas na Igreja em um processo de diálogo. Qual processo esperançoso, a tribuna viu, ao mesmo tempo, as iniciativas de diálogo da Conferência Episcopal Alemã que Dom Zollitsch havia proclamado por ocasião da assembleia geral do outono dos bispos alemães. Na verdade, o diálogo ainda se encontra no início, no dizer de Zollitsch; porém, pode levar a um doar-se recíproco, assim como a uma cultura de escuta a Deus.
