Posted On 2014-11-11 In Francisco - Mensagem

Uma cultura do encontro, que faça cair todos os muros que ainda dividem o mundo

VATICANO. À hora do Angelus dominical de 9 de novembro último, o Papa Francisco recordou os 25 anos da queda do muro de Berlim, que durante tanto tempo dividiu em duas a cidade e foi símbolo da divisão ideológica da Europa e do mundo todo. A queda foi possível graças ao incansável esforço de tantas pessoas, entre elas João Paulo II. E pediu orações para que, com a ajuda do Senhor e a colaboração de todos os homens de boa vontade, se difunda sempre mais a cultura do encontro, capaz de fazer cair todos os muros que ainda dividem o mundo e não mais aconteça que pessoas inocentes sejam perseguidas e assassinadas por causa da fé e de sua religião. Antes da Oração do Angelus, Francisco explicou que a Catedral de Roma, São João de Latrão, é mãe de todas as igrejas da cidade e do mundo. “Com o termo mãe, nos referimos não tanto ao edifício sagrado da Basílica material – me refiro – à obra do Espírito Santo que nesse edifício se manifesta, frutificando mediante o ministério do Bispo de Roma em todas as comunidades que permanecem em unidade com a Igreja que ele preside”.

Texto completo das palavras do Papa

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje, a liturgia recorda a Dedicação da Basílica de Latrão, que é a catedral de Roma e que a tradição define como “mãe de todas as igrejas da cidade e do mundo”. Com o termo mãe, nos referimos não tanto ao edifício sagrado da Basílica, mas à obra do Espírito Santo que nesse edifício se manifesta, frutificando mediante o ministério do Bispo de Roma em todas as comunidades que permanecem em unidade com a Igreja que ele preside.

Cada vez que celebramos a dedicação de uma igreja, lembramos de uma verdade essencial: o templo material feito de tijolos é um sinal da Igreja viva e operante na história, quer dizer, daquele “templo espiritual”, como disse o apóstolo Pedro, da qual o próprio Cristo é “pedra viva, rejeitada pelos homens, porém escolhida e preciosa diante de Deus” (1Pedro 2,4-8).

Jesus, no Evangelho da liturgia de hoje, falando do templo, revelou uma verdade assombrosa, ou seja: que o templo de Deus não é apenas o edifício feito de tijolos; que é seu Corpo, feito de pedras vivas.

Em virtude do Batismo, cada cristão toma parte do “edifício de Deus” (1Cor 3,9); e além disso, se converte na Igreja de Deus. O edifício espiritual, a Igreja comunidade dos homens santificados pelo sangue de Cristo e pelo Espírito do Senhor ressuscitado, pede a cada um de nós a coerência com o dom da fé, percorrendo o caminho de testemunho cristão. E não é fácil – todos sabemos isso – a coerência com a vida, entre a fé e o testemunho; porém, nós devemos seguir adiante e ter em nossa vida essa coerência cotidiana. “Este é um cristão!”, não tanto pelo que diz, mas sobretudo pelo que faz, pela forma como se comporta. Essa coerência que nos dá vida é uma graça do Espírito Santo que devemos pedir. A Igreja, na origem de sua vida e de sua missão no mundo, não tem sido mais do que uma comunidade constituída para confessar a fé em Jesus Cristo, Filho de Deus e Redentor do ser humano, uma fé que é demonstrada pela caridade – seguem juntas! Também hoje a Igreja é chamada a ser no mundo a comunidade que, radicada em Cristo pelo Batismo, professa com humildade e valentia a fé n’Ele, dando testemunho da fé pela caridade. Com essa finalidade essencial devem ordenar-se também os elementos institucionais, as estruturas e os organismos pastorais. Por essa finalidade essencial: testemunhar a fé na caridade. A caridade é exatamente a expressão da fé, e a fé é a explicação e fundamento da caridade.

A Festa de hoje nos convida a meditar sobre a comunhão de todas as Igrejas, quer dizer, dessa comunidade cristã. Por analogia, nos estimula a nos comprometermos para que a humanidade possa superar as fronteiras da inimizade e da indiferença, construindo pontes de compreensão e diálogo, para fazer do mundo todo uma família de povos reconciliados entre si, fraternos e solidários. A própria Igreja é sinal e antecipação dessa nova comunidade, quando vive e, por seu testemunho, divulga o Evangelho, mensagem de esperança e de reconciliação para todos os homens.

Invoquemos a intercessão de Maria Santíssima, para que nos ajude a, como ela, nos convertermos em “casa de Deus”, templo vivo de seu amor.

 

Depois da oração do Angelus, o Papa dedicou estas palavras:

Queridos irmãos e irmãs, há 25 anos, em 9 de novembro de 1989, caía o muro de Berlim, que durante tanto tempo dividiu a cidade em duas e foi símbolo da divisão ideológica da Europa e do mundo inteiro. A queda aconteceu de repente, mas foi possível pelo longo e incansável esforço de tantas pessoas que lutaram, rezaram e sofreram, alguns até o sacrifício da vida. Entre eles, na lista de protagonistas, encontramos o Santo Papa João Paulo II. Rezemos para que, com a ajuda do Senhor e a colaboração de todos homens de boa vontade, se difunda sempre mais uma cultura do encontro, capaz de fazer cair todos os muros que ainda dividem o mundo, e que não volte a acontecer que pessoas inocentes sejam perseguidas, inclusive assassinadas, por causa de seu credo e de sua religião. Onde há um muro, há nevoeiro de coração. Servir como pontes, não como muros!

Hoje, na Itália, celebra-se o Dia do Agradecimento, que este ano tem como tema “Nutrir o planeta. Energia para a vida”, relacionado à próxima Expo Milão 2015. Uno-me aos Bispos no desejo de um compromisso renovado, para que a ninguém falte o alimento diário que Deus doa a todos. Sou próximo do mundo da agricultura e incentivo o cultivo da terra de forma sustentável e solidária.

Nesse contexto, acontece em Roma a Jornada Diocesana para a proteção da criação, um evento que tem como objetivo promover estilos de vida baseados no respeito ao meio ambiente, reafirmando a aliança entre o homem protetor da criação.

Saúdo a todos os peregrinos vindos de diversos famílias, as famílias, os grupos paroquiais, as associações, neste dia tão bonito que o Senhor nos dá.

Em particular, saúdo os representantes da comunidade da Venezuela na Itália; vejo a bandeira ali, às crianças de Thiene (Vicenza) que receberam a Confirmação, as universidades de Urbino, os fiéis de Pontecagnano, Santo Angelo em Formis, Borgonuovo e Pontecchio.

Neste dia tão bonito, desejo a todos um bom domingo. Por favor, não se esqueçam de rezar por mim. Bom almoço e até breve!


Original em espanhol – Tradução: Maria Rita Fanelli Vianna – São Paulo / Brasil

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