Posted On 2016-03-31 In Artigos de Opinião

O lugar do discípulo, hoje, frente à Cruz de Cristo

por Maria Fischer, Redação

Primeiro, o relato:

O Papa Francisco mandou distribuir sacos-cama e pequenos presentes entre os sem-abrigo, de Roma, durante a Via Sacra de Sexta-Feira Santa.

O esmoler vaticano, Mons. Konrad Krajewski, percorreu as ruas na companhia de voluntários e de alguns sem-abrigo e, foi distribuindo os pacotes pelos que estavam a dormir na rua.

A acção produziu-se em “unidade espiritual” com a Via Sacra que decorria, simultaneamente, no Coliseu de Roma, no qual, Francisco e dezenas de milhares de fiéis recordavam os sofrimentos de Cristo.

O grupo fez a sua própria “Via Sacra pela cidade”, fez umas cem paragens e, esteve nas ruas até depois da meia-noite.

O Papa está muito comprometido com os sem-abrigo e, com os que vivem na rua perto do Vaticano. Instalou duches, casas-de-banho, um alojamento e um cabeleireiro/barbeiro. Também, manda distribuir, regularmente, sacos-cama e outros utensílios.

Faz-me pensar.

Andamos à procura do lugar do discípulo, do discípulo missionário hoje, frente à Cruz de Cristo. Não frente a uma cruz feita de chocolate, comida numa sexta-feira ou, um copo de vinho na Quaresma, estas cruzes duma piedade algo “biedermeier”[1] mas, frente às cruzes que o Papa descreveu na sua oração de Sexta-Feira Santa. Frente a estas cruzes que não podemos erradicar, totalmente, pois são demasiadas. Deixarmo-nos vencer? Apagar a Páscoa, a alegria e a esperança da alma, pois, deste modo não A podemos celebrar?

O meu lugar.

O Papa Francisco mostra o lugar: é o lugar de Maria. De pé, junto à Cruz de Cristo que, sofre hoje nos sem-abrigo, nos refugiados, nos prisioneiros, nos doentes, nas crianças abandonadas.

O Papa não pode tirar da rua, todos os sem-abrigo de Roma. Mas, distribui-lhes sacos-cama e doces de Páscoa…não deixa Cristo sózinho na Sua Cruz.

Não podemos dar um lar a todas as famílias sem-abrigo do Paraguai e do mundo inteiro; mas podemos construir uma casa para cem famílias, e ainda, para mais cem. E, também, podemos tornar-nos amigos destas famílias pobres. Viver em Aliança Solidária com elas.

É o meu lugar como discípulo. Na minha visita àquele preso que, não deixo só. Na minha louça doada a um refugiado. Na minha Bolsa para uma criança. Na minha oração e nas minhas lágrimas para os migrantes em Idomeni. Neles, tocando a carne de Cristo.

Então, sim, posso celebrar a Páscoa. A Cruz de Jesus é a Palavra com A qual Deus respondeu ao mal do mundo, diz-nos Francisco.

[1] O período Biedermeier estende-se de 1815 (Congresso de Viena) a 1848 (Revoluções de 1848 nos Estados alemães). O estilo Biedermeier designa a cultura burguesa – a arte e a literatura – marcada pelo conservadorismo dessa época. A restrição das liberdades e sobretudo uma certa desconfiança no tocante à ação política e provocam um recuo dos artistas para a esfera privada – a família e o ambiente doméstico. A fuga para o idílio e a vida privada são, consequentemente temas típicos do período.

É verdade:

“Jesus Cristo ressuscitou! O amor derrotou o ódio, a vida venceu a morte, a luz desterrou as trevas!”
Papa Francisco, 27-4-2016

É verdade:

Meus queridos amigos: a tristeza de Sexta-Feira Santa terminou e, hoje, em todos os lados, ressoam, novamente, os sinos da Páscoa. O que nos anunciam? E, o que cantam às nossas almas? Ouvimo-lo na Liturgia: “É verdade, o Senhor Ressuscitou. ALELUIA!”
Padre José Kentenich, Páscoa de 1952

Original: alemão. Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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