Posted On 2015-10-20 In Igreja - Francisco - movimentos

Um caminhar juntos

SÍNODO SOBRE A FAMÍLIA •

O Sínodo dos Bispos está a debater a terceira parte do Instrumentum Laboris “A missão da família hoje”, tal como foi explicado na conferência de imprensa que teve lugar quinta-feira, 15 de Outubro, moderada pelo Pe. Federico Lombardi, Director do Gabinete de Imprensa da Santa Sé e, acompanhado por Mons. Carlos Aguiar Retes, Arcebispo de Tlalnepantla, México e, por Mons. Stanislaw Gadecki, Presidente da Conferência Episcopal da Polónia, para além, dos porta-vozes das diferentes línguas: em espanhol, o sacerdote Manuel Dorantes; em italiano o Pe. Bernard Hagenkord; em inglês, o Pe. Thomas Rosica; e Romilda Ferrauto; para a língua francesa.

Entre a tarde de quarta-feira (14/10) e a manhã de quinta-feira (15/10) houve 93 intervenções de Padres Sinodais. E, muitas delas, trataram da situação dos divorciados que voltaram a casar pelo civil e, que querem ter acesso à comunhão.

Segundo explicaram vários porta-vozes, os Padres Sinodais sublinharam, nas suas intervenções, a defesa da Doutrina Católica e, que “a Igreja não tem autoridade, nem poder para mudar a Palavra de Deus”. Ainda que, também, se tenha observado que “a Igreja não pode excluir, permanentemente, as pessoas dos Sacramentos”.

A este respeito, é aqui, onde surge nas intervenções, a ideia da via penitencial e do caminho de discernimento, lembrando que, os divorciados que, se voltam a casar pelo civil, não estão excomungados e, que, na vida da Igreja se pode participar de muitas formas.

Testemunhos muito comovedores

Numa das intervenções, um participante instou a assembleia a conceder que, os divorciados que se voltaram a casar possam ser padrinhos dos seus netos ou sobrinhos, já que, também, isto é proibido pela Igreja, pois, “querem viver uma vida coerente com a fé”, explicaram.

Um dos Bispos Latino-americanos – que não foi identificado porque não se divulga o nome do ponente – explicou que, no seu país alguns divorciados que, voltaram a casar-se, se põem na fila para receberem a comunhão durante a Missa mas, só podem receber a bênção do padre, a chamada comunhão espiritual.

Este relator considerou que, a “comunhão espiritual não é suficiente, pois se, se humilham ao fazê-la é, porque, já estão a admitir a sua “mea culpa”.

Outra intervenção, “muito comovedora para os presentes”, explicaram os porta-vozes, consistiu no relato de, como durante a sua Primeira Comunhão um menino partiu a Hóstia e deu um pedaço a um dos seus progenitores que, ao ser divorciado e casado de novo não podia comungar.

A necessidade de uma Pastoral Familiar concreta

Outro tema abordado no debate foram os casamentos mistos e, com disparidade de culto e, os desafios que, enfrentam estes casais. Por exemplo, falou-se de mulheres católicas que se casam com muçulmanos e, se veem obrigadas a viver numa situação de poligamia. Do mesmo modo, refletiu sobre o sofrimento e a necessidade de consolar os casais que não podem ter filhos.

Para enfrentar estas e, muitas outras situações, falou-se da necessidade de uma Pastoral Familiar concreta e, não somente da organização de actos circunstanciais.

Um assunto discutido, com frequência, foi a necessidade duma formação constante de preparação para o casamento e, elaborar uma nova metodologia. Também foi proposta a necessidade de abandonar a linguagem tipo escolar que, se refere a um “curso de preparação matrimonial” em favor de, um “caminhar juntos”. Outra proposta no âmbito da formação de noivos foi a da criação de cursos em linha na preparação para o casamento.

Lembramo-nos das palavras de Francisco ao Movimento de Schoenstatt, há quase um ano?

Mas a pastoral de ajuda, neste caso, tem que ser corpo a corpo. Ou seja acompanhar. E isto significa perder tempo. O grande mestre em perder tempo é Jesus, não é verdade? Perdeu tempo acompanhando, para fazer amadurecer as consciências, para curar feridas, para ensinar. Acompanhar, significa fazer caminho juntos.

Também foi mencionada a necessidade de ajudar os futuros sacerdotes com a Pastoral Familiar, visto que, e, segundo o que contou um padre sinodal, muitos jovens seminaristas, frequentemente, vêm de famílias disfuncionais e, precisam de curar a sua visão da família e, compreenderem a beleza do casamento cristão, já que, foi detectado, claramente, que costumam ter os seus primeiros problemas em relação à vocação da família.

Também foi solicitada ao Sínodo uma palavra de consolo para os casais que não têm filhos, enfatizando a importância da adopção.

Por seu lado, Mons. Aguiar lembrou que “o Sínodo não pretende tomar decisões. As nossas reflexões ficam, em aberto, nas mãos do Santo Padre”.

Mons. Gadecki afirmou que “é necessário acompanhar os divorciados com amor e amizade para que se sintam amados pela Igreja”, ao mesmo tempo que, lembrou que “é necessário o arrependimento e a aceitação dos próprios erros e começar um novo caminho”. Também, assegurou que “ não se deve condenar ninguém porque a condenação e o juízo são do Senhor e, não nossos”.

Igualmente, o prelado mexicano, sublinhou que “a Doutrina e a Pastoral caminham juntas. A Pastoral é consequência da Doutrina”. O Senhor – precisou – disse-nos que, a salvação é para todos. Também explicou que “não se trata de justificar situações anómalas mas, de descobrir causas e situações e, como acompanhar pastoralmente”.

Também, o Mons. Gadecki assegurou que no Sínodo existe um grande consenso sobre que “ não há autoridade no mundo que possa apagar o vínculo de um casamento válido”.

Mostrar a Misericórdia de Deus

Para concluir, Mons. Aguiar explicou que, o Papa mostra, com o Ano Jubilar, a atitude da Igreja em pôr em relevo o Amor Misericordioso de Deus, um Amor que deve chegar a todos do mesmo modo, um amor que comece a ser gerado no seio da família.

Por seu lado, o porta-voz Lombardi mencionou que, se falou, também, do “motu próprio” sobre o processo de nulidade matrimonial, em particular, em relação com a formação dos agentes no campo jurídico. Igualmente, assegurou que, houve muitas propostas e conselhos pastorais concretos. Por exemplo, um dos padres sinodais “sublinhou que no Instrumentum Laboris se fala, uma vez só, de perdão e, é muito pouco”.

Fotografia de cima: Gentileza de Intermirifica.net
Original: espanhol. Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

 

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