ARGENTINA, Marinés e Mario Martínez, por Schoenstatt.org.ar •
“Eu tenho um sonho”. Esta célebre frase de Martin Luther King, pronunciada em Agosto de 1963 nos degraus do Lincoln Memorial, na cidade de Washington, ajuda-nos a poder transmitir o que a União Apostólica das Famílias da Argentina viveu de 19 a 21 de Agosto de 2023, na cidade de Tanti, Córdoba, por ocasião do seu 40º aniversário, naquilo a que chamámos “Fede Fest 40”. —
Tínhamos um sonho, celebrar com imensa gratidão e admiração a passagem de Deus nas nossas vidas, tudo o que a sua Providência foi dando em cada pessoa, os seus desejos e entregas, em cada comunidade, os seus encontros, as suas histórias, os seus ideais feitos dom e tarefa.
Vim à procura de abraços e encontrei muitos
O nosso encontro foi uma celebração dos vínculos expressos em abraços e no sentimento comum de “como é bom estarmos aqui, agora”.
Silvia Sago (do Curso 5 Presença do Pai), quando chegou ao encontro, disse-nos: “Vim à procura de abraços”. Gostaríamos de partilhar o testemunho da sua experiência pessoal:
“Esta festa dá-nos o impulso para continuarmos a viver o desafio de formar famílias santas, a partir da nossa pequenez, dando testemunho de que é possível. Pessoalmente, quase não venho. Um mês antes do Encontro, faleceu o Miguel, o meu marido. Era a primeira vez que eu ia participar sozinha num acontecimento deste género. Foi estranho. No entanto, disse várias vezes: “Venho à procura de abraços” e encontrei muitos. Dos que me conheciam e dos mais jovens, com os quais se geraram diálogos profundos e sinceros. Somos irmãos, mesmo que nos encontremos pela primeira vez. Temos uma missão comum, somos uma família”.
Uma grande comunidade: a geração fundadora com os Cursos mais jovenss
Sentimos a alegria de ser uma família, a importância da “comunidade”. A comunidade está no coração da União, uma comunidade integrada como um grande organismo de vinculações, onde todos estamos unidos: os primeiros (a geração fundadora) com os mais recentes (os jovens Cursos) misturados num painel onde “todos tinham algo a dizer, a dar, a aprender”. Uma experiência muito valiosa de diálogo intergeracional.
Luchi e Gaston Lucheta (um jovem casal do curso 48 Apóstolos do Fogo), depois do Encontro, partilharam a sua experiência:
“Queríamos agradecer e partilhar convosco que o que vivemos durante estes três dias na Fede Fest em Tanti e que nos encheu a alma, foi um pedacinho do céu que a Mãe nos deu! Descobrimos uma grande comunidade de pessoas federadas que Deus está a chamar na Argentina há 40 anos para que sejam e formem famílias santas, esperança para um mundo novo. Não há dúvida de que a nossa missão agora é levar este fogo a cada um dos nossos Cursos e transmitir tudo o que experimentámos, acendendo os corações. De mãos dadas com a Mater, cumprir a missão a que fomos chamados. Rezemos uns pelos outros para sermos semeadores de esperança…”.
Cristina e Víctor Rusas Sotelo, pertencentes ao Curso 52 de Chaco, que estão a iniciar o caminho na União das Famílias, disseram-nos:
“A nossa experiência na Fede Fest 40 foi muito bonita e deu-nos muitas experiências e testemunhos que nos farão crescer em muitos aspectos da nossa vida. Pudemos apreciar muito de perto como vive um membro da União, os seus ideais e ver e aprender sobre o processo de crescimento orgânico que está a acontecer há 40 anos. É muito forte ter conhecido os membros do primeiro Curso e dos seguintes, e saber que foi assim que tudo começou. É impossível não ver a mão de Deus e como ela se tem vindo a manifestar ao longo de todo este tempo. Estávamos muito motivados para seguir este caminho juntos e em família. Saber e ouvir o que a União está a fazer em todo o mundo sustenta-nos e dá-nos força para continuarmos a fazer a nossa parte no local de trabalho, na capela, na paróquia e com a responsabilidade de transmitir tudo o que vivemos aos nossos irmãos de Curso que, graças às contribuições financeiras e de coração que fizeram, nos permitiram viver esta celebração”.
O Memorial da União
Foi o momento de homenagear a vida daqueles que participaram na União das Famílias e que hoje formam a “comunidade do céu”. Apresentaram o Memorial da União para os recordar e para que todos os novos membros que se juntem possam conhecer aqueles que construíram esta história de vida.
Natalia Mori e Marcos Rodríguez (Curso 29 Antorcha) estiveram presentes no Encontro. Ela é filha de Horacio Mori do Curso 7 “Luz“, falecido aos 37 anos (também pai do Pe. Pablo Mori) e deu um belo testemunho recordando o seu pai e a sua passagem pela União das Famílias. Sentimos que os que partiram continuam vivos e presentes, são para nós “a comunidade do céu” e o nosso modo de viver a comunhão dos santos.
Respostas para os tempos actuais
Perante os desafios do tempo, somos encorajados a perguntar-nos: Como queremos viver e servir hoje e amanhã, para sermos uma voz profética de Deus?
O testemunho de Agustina e Caio Del Pino (Curso 37 Domus Patris) é um pequeno reflexo destas perguntas que nos tiram da nossa zona de conforto e nos convidam a entrar na permanente novidade de Deus:
“É importante mencionar que este relançamento, esta possibilidade de escutar a voz de Deus para o nosso tempo, é algo que desafia muito o nosso caminho. Encontraremos comentários diferentes, mas certamente um ponto comum nas nossas opiniões será a possibilidade de os Federados saírem para o mundo com respostas à voz de Deus… percebemos através do testemunho dos Federados pertencentes à Geração Fundadora, uma enorme preocupação com a transformação do mundo, do nosso país e das nossas regiões. Em alguns testemunhos sentimos, ouvimos e partilhámos que a chama continua bem acesa passados 40 anos. O Domingo foi um dia que complementou em muito, as boas sensações do Sábado. Antes de mais, o trabalho. O Workshop sobre o Perfil Federativo foi uma excelente iniciativa para olharmos para dentro, para nos confrontarmos com a nossa missão enquanto Federados, para procurarmos revalidar e actualizar as nossas atitudes, enquanto Casais Federados, enquanto pessoas que peregrinam para a Santidade, e para a construção das novas margens. (…) Serviu para nos conhecermos mais em pormenor e em profundidade. Partilhar as nossas próprias visões do que somos e do que queremos alcançar. Finalmente, voltámos à estrada na segunda-feira, muito felizes com a experiência de fraternidade partilhada com aqueles com quem conversámos”nos corredores”, e por ver que há realmente um sentido em sair com um olhar renovado sobre o que Deus nos pede hoje”.
Horizonte multicultural e mosaico de apostolados
Tivemos visitas de terras distantes que se tornaram próximas: a presença da Direção Internacional, formada por Alcides e Margarita González (Paraguai), María e Stefan Pelz (Alemanha), Marta e Martin Rigler (Áustria) e Silvina e Raúl Viñas (Argentina), mostrou-nos o horizonte multicultural da União das Famílias, presente em 19 países, assumindo a desafiante tarefa de inculturar Schoenstatt respeitando as identidades de cada povo. Foi um encontro de povos com uma missão comum.
O mosaico dos apostolados foi uma bela colagem que apresentou as diferentes regiões da União das Famílias em saída missionária, um arco-íris que mostrava a fecundidade da Aliança de Amor.
Não faltou a experiência de sermos crianças, pois pudemos ter uma tarde de jogos. Todos nós temos de mergulhar na nossa criança interior para experimentarmos a semelhança com Deus e a fraternidade entre nós.
No sábado à noite houve também a alegria da fogueira feita com a participação de todos e no Domingo à noite houve jantar, bolo, brinde e dança, como acontece em todas as famílias que se reúnem para celebrar aniversários e momentos importantes da vida.
A Mater esteve presente desde o início – quando entronizámos a Sua imagem e A coroámos como Rainha do nosso Encontro – e até ao fim – quando deixou o local para acompanhar cada um na sua viagem de regresso a casa, com a tarefa de continuar a ser a nossa mãe e educadora, convidando os Seus filhos a apressarem os passos para servirem os homens do nosso tempo.
Pudemos vivê-lo à distância, como se estivéssemos lá
Graças à tecnologia, muitos membros da União que tinham o desejo de estar lá puderam participar através do canal YouTube. Partilhamos o testemunho de Maria e Daniel Martino (Família do Santuário do Curso 2):
“Confesso que, de casa, com o Daniel, não apostámos numa experiência profunda, mas apenas em informarmo-nos do que se passava em Córdoba. Mas através da escuta ao vivo de cada orador, os cânticos, os ritmos, os rostos… tudo chegou “a nossa casa” e encheu o ambiente com as vozes da Fede no Encontro. Rimos, chorámos, rezámos e deixámo-nos contagiar pelo grande ambiente familiar e espiritual que reinava. Parecia que estávamos dentro da sala de reuniões. Ficámos muito contentes por encontrar irmãos e irmãs que nos eram tão queridos e que, no entanto, estavam tão longe. Mas o ambiente era mais forte do que a saudade, e conseguimos embarcar no comboio da vida da Fede, com saudades do passado, mas prontos a navegar para o futuro”.
Quando pensamos no Encontro, somos desafiados a enfrentar dificuldades e obstáculos, mas tínhamos muita ilusão e esperança na União, como expressaram Huerto e José Sánchez (Curso 19 Fogo do Pai):
“Esperança Posta na Fede como resposta a muitos desafios actuais; esperança de que há caminhos possíveis, de que podemos, juntos, ultrapassar estes tempos difíceis. Sabemos que nada está perdido, que somos capazes de construir um presente que faça a diferença para que os nossos filhos e netos possam contar com um futuro melhor. Temos ferramentas, temos é que saber usá-las e actualizá-las. Contamos com a nossa espiritualidade conjugal e familiar, que é o seguro mais importante neste caminho… Somos FAMÍLIA, INSTRUMENTO DE MARIA sem dúvida alguma”.
O sonho de Deus era maior
Nós tínhamos um sonho. Aliás, todos nós temos sonhos, não é verdade? O testemunho de Jorge e Carmelita Day, (Curso Sinais do Pai) que seguiram o encontro no YouTube fala-nos disso mesmo:
“Acompanhar a Fede Fest de longe e em parte foi uma grande alegria para as nossas almas. Os testemunhos dos Barbero, Quiroga e Múndula sobre como se vive a Comunidade reavivaram os nossos corações. Tivemos também a sorte de Horacio e Andrea nos terem transmitido muitas das experiências do Encontro em que recordámos tantos irmãos e irmãs com quem partilhámos dias, capítulos… a vida! Escavar as raízes dessa árvore frondosa fez-nos reconhecer a semente que a Irmã Regina espalhou em alguns de nós na casa dos Zapata. Isso foi em 1983, e penso que o mês era também Agosto. Desde então, partilhámos o sonho dos Bulfóns de uma União forte e grande”.
O sonho de Deus era maior. O sonho de Deus era maior, chamou os primeiros em 1983 e hoje, 40 anos depois, continua a chamar trabalhadores para a sua messe, encontrando instrumentos frágeis que imploram à Mater: Dá-nos o espírito de liberdade e de magnanimidade, de heroísmo e de conquista de Hoerde, para sermos contigo a Família do Pai.
Um sonho de Deus que sussurra bem alto nos nossos ouvidos: “Acordem, acordem-se mutuamente”.
Original: castelhano (22/9/2023). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal
