Posted On 2014-11-16 In Vida em Aliança

Somos esses santuários vivos a partir do qual Ela se doa aos homens

P. Carlos Padilla.  Chegamos ao final de um ano de graças, de um ano de vida, de um ano de esperança.  Pudemos participar do jubileu em Schoenstatt, em Roma, na Espanha.  Nós, que pudemos ir a Schoenstatt, nos reunimos como Família, vindos de todos os rincões do mundo.  Paramos ante o Santuário Original com o coração cheio de agradecimento.  Era preciso viver esse dia.  Alguns pudemos estar ali.  Outros estiveram em seus Santuários Filiais ou Santuário-Lar.  Porém, todos nós devemos renovar nossa Aliança de Amor no coração, no mais profundo da alma.  O jubileu precisa ser esse encontro pessoal e profundo com Deus e com Maria.  Agora, queremos agradecer por tudo que vivemos.  Com certeza, Deus superou magnificamente o que imaginávamos que o jubileu seria.  Qual foi o presente concreto, talvez escondido, que Maria nos deu nesses dias de jubileu, em Roma, em Schoenstatt, em nosso local?  O que lhe entregamos, no dia que renovamos a Aliança?

Nesse dia, Maria deixou seu Santuário e saiu para nos buscar

A fecundidade desse jubileu depende de tudo o que presenteamos, de tudo que está enterrado no Santuário, sob o olhar de Maria, do nosso sim pessoal e concreto.  É o Capital de Graças entregue em silêncio, com humildade, com alegria e simplicidade.  Nesse dia, Maria deixou seu Santuário e saiu para nos buscar.  Ela nos disse sim, falou que nos amava com todo seu Coração.  Ela nos disse que o mais importante acontece no silêncio da alma.  Ali onde Deus nos fala.  Maria volta à nossa terra sagrada, ao nosso coração enamorado.  Quer construir com nosso barro, trabalhar a pedra de nossa vida.  Conta com aquilo que existe, sonha com o impossível.  Há cem anos, Padre Kentenich dizia aos primeiros congregados: “Sei que construindo sobre o que alcançamos até agora, faremos grandes progressos”.  Assim aconteceu com eles.  Assim acontecerá conosco.  Com o que temos conseguido até agora, nos anos de Aliança que vivemos, Maria fará grandes milagres.  Novamente lhe dizemos sim.  Que estamos dispostos.  Que a amamos.  Novamente entregamos-lhes o coração.  Passamos o umbral deste século.  Agora, abre-se um novo tempo.  Um novo dia, um novo ano.  Maria disse sim à nossa vida.  Tal como é.  Com sua riqueza e com sua pobreza.  Com suas feridas e seus talentos.  Nós dissemos sim a Ela e à nossa vida.  À nossa vocação e à nossa ferida.  Ao nosso caminho e aos nossos medos.  Nós nos afundamos nas raízes desta terra sagrada.  Semeamos com simplicidade nosso coração esvaziado de egoísmos.  Nós nos fizemos crianças, congregados, homens.  Beijamos a cruz negra dispostos a dar a vida.  Porque sabemos que, se guardamos a vida, nós a perdemos.  E assumimos as palavras do Padre Kentenich: “Devemos crer no Reino de Deus, em sua realização no céu.  Com certeza, não temos também a tarefa de ajudar na edificação, na formação do Reino de Deus, da Cidade ideal, já aqui na terra, com a ajuda de todas nossas forças, inclusive nestes tempos difíceis que atravessamos?”.  Dizemos sim à Aliança com Maria.  Sim aos nossos passos desajeitados e vacilantes.  Sim à Maria, que é nossa Mãe.  Chegamos carregados de vida.  Voltamos cheios de esperança.  Deixamos uma rede cheia de rostos.  Trazemos uma rede que nos une como Família, simbolizada na cruz da unidade.

Em Roma, vivemos o chamado do Padre Kentenich para amarmos nossa Igreja.  Ele sempre amou a Igreja.

Ali, o Papa Francisco nos recebeu e nos presenteou um encontro íntimo e próximo com um pai.  Ele nos escutou, nos acolheu e nos abriu novos horizontes.  Ele nos recordou nossa vocação mariana: “Mãe que não apenas nos dá a vida, mas que também educa na fé.  É diferente buscar crescer na fé sem a ajuda de Maria.  É outra coisa.  É como crescer na fé, sim, porém na Igreja orfanato.  Uma Igreja sem Maria é um orfanato, porque Maria é aquela que ajuda a ir ao encontro de Jesus.  Ela o traz do céu para conviver conosco”.  E nos convidou a sermos fiéis à nossa vocação de gerar a vida.  Somos chamados a forjar um novo mundo em Cristo.  Um mundo novo por meio das mãos de Maria.  Nossa vida de Aliança quer forjar uma cultura de aliança, uma cultura de encontro, nesta terra de tantos desencontros.  O Papa nos disse: “Temos que trabalhar por uma cultura de encontro.  Uma cultura que nos ajude a nos encontrarmos como família, como movimento, como Igreja, como paróquia.  Sempre procurar como nos encontrarmos”.  Não é fácil viver unidos, criar laços, perdoar, aceitar, integrar.  Muitas vezes, acabamos desunindo porque não mais acreditamos, porque o orgulho nos pesa, porque não queremos perder nada.  Maria é unidade.  Ela sempre uniu, sempre nos une.

Nossa vocação é o serviço desinteressado, pobre, simples

O Papa nos convida a sermos pontes, lugar de encontro, lugar de aliança.  O Papa nos pediu para sairmos ao encontro de nós mesmos, para nos descentralizarmos.  Porque o perigo na vida é pensar que estamos no centro, que Schoenstatt é o centro da Igreja, que as coisas acontecem porque nós estamos ali e as fazemos.  Porém, não é assim.  Nossa vocação é o serviço desinteressado, pobre, simples.  Estamos para unir, para servir à vida, para sair e chegar às periferias.  Não queremos nos contentar em cuidar da vida que Deus nos confiou.  Precisamos ir mais além.  Buscamos o encontro com os que não estão próximos, com os que não creem, com os que não conhecem o Santuário como lar.  Não podemos guardar o tesouro que recebemos gratuitamente.  Nossa missão começa.  Maria nos envia a sermos fiéis à nossa missão no mundo.

No Vaticano, contemplando o imenso quadro de Maria, nos conscientizamos de nossa pequenez e da grandeza de nossa missão.  Ali, novamente dissemos sim à Maria.  Também lhe dissemos sim em seu pequeno Santuário, uma semana antes.  Voltamos a dizer sim no Vaticano, uma semana depois.  Dissemos-lhe que estamos dispostos a perder a vida, e entregar-lhe tudo, dando nosso coração.  Sabemos que Maria não deixa sozinhos no caminho.  Ela nos envia e nos precede.  Ela abre as portas para que entremos e já está dentro, nos esperando.  Ela nos dá a luz na obscuridade e é a mesma luz que levamos na alma.  Ela nos conforta no desalento, nos levanta quando caímos.  Ela acredita em nós quando nós mesmos não acreditamos.  Sobre Ela construímos, com suas mãos.  Não tenhamos medo.  Não nos enchamos de planos e projetos.  Simplesmente entreguemos com simplicidade o que temos.  A beleza do Santuário a partir de onde Maria nos presenteia uma nova forma de viver.  Ligamo-nos a Ela.  Deixamo-nos transformar em suas mãos de Mãe.  Somos esses santuários vivos a partir do qual Ela se doa aos homens.

Ela constrói a partir de minha pobreza, de meu abandono, de meu desejo de crescer e chegar às alturas.  Ela me envia e me protege.

 

Original espanhol. Tradução para o Português: Maria Rita Fanelli Vianna – São Paulo / Brasil

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