Posted On 2013-06-22 In Vida em Aliança

O WiFi para nos conectarmos com a Mãe e Rainha e o Bom Deus: pastoral de ermidas

ARGENTINA, P. Guillermo Carmona. Há pouco tempo realizou-se no Paraná a jornada sobre a “pastoral das ermidas”. Ali pude vivenciar com nitidez a riqueza que se foi acumulando ao seu redor e, ao mesmo tempo, perceber que quase todas estavam nas mãos ou ao cuidado dos missionários da Campanha. Que razão tinha João Pozzobon ao chamar as ermidas “antenas que atraem do alto a força e o dom do Divino Espírito”! Alguém as definiu em termos modernos, são “o WiFi para nos conectarmos com a Mãe e Rainha e o Bom Deus”…

As ermidas são lugares de encontro com o mundo sobrenatural. São “sacramentais do lugar”. Os sacramentais são fonte de graça, se a pessoa os utiliza (reza um terço, ou faz uma peregrinação, por exemplo) com atitude crente e aberta. Nestes lugares, parece que Deus – através de Maria ou de algum Santo – está mais perto e escuta as necessidades e orações dos seus filhos. Mas nestes lugares, Deus também educa, afirma a fé, faz crescer a esperança e aprimora o amor. A palavra “ermida” provém de “eremita” e esta por sua vez do grego, que significa “no deserto”. Em redor das ermidas desenvolvem-se e crescem devoções, expressões de fé, a reza do terço, a Via Sacra, as procissões e peregrinações. Cuidando da ermida, vivia antigamente um “eremita”, o qual cultivava uma intensa vida ascética, longe do mundo.

A corrente do Santuário aberto

As ermidas são desenhadas, construídas e mantidas pelo povo fiel. Cada uma delas é original: algumas são retangulares, em forma de cruz latina, quadradas, etc. A ermida representa a memória de um povo, de um bairro, ou de um grupo religioso. Não deve haver na Argentina nem uma só diocese onde não haja pelo menos uma ermida da MTA. Elas alimentam-se do capital de graças do peregrino que chega até esse lugar. A Mãe realiza os “milagres de graça”, de cura e crescimento espiritual. De vez em quando também faz alguma cura física, embora não seja comum em Schoenstatt.

As nossas ermidas são evocações do Santuário filial. Recorda-no-lo, sendo por isso também caminho até ele. Nas ermidas experimenta-se a corrente do “Santuário aberto”; estão à disposição de todos, sem distinção de idade, raça, religião ou situação eclesial. Ali recorrem os que estão em “periferia”, segundo a expressão do Papa Francisco.

Desenvolver uma “mini-pastoral”

Ao escrever-lhes estas linhas gostaria de os incentivar a que cultivem o vínculo às ermidas que tenhamos mais próximas. O processo normal da construção de uma delas, parte da inquietação de uma pessoa, de um missionário ou de uma comunidade missionária. Se for construída num lugar público – uma praça ou ambiente totalmente aberto – é preciso perguntar ao pároco e eventualmente pedir a sua autorização. Para a sua inauguração seria bom contar com a sua participação e das pessoas do lugar.

Também seria bom que a comunidade diocesana de Schoenstatt estivesse informada e pudesse participar na sua preparação e inauguração.

Mas o mais importante será cuidar do lugar e desenvolver uma “mini-pastoral”, quer seja rezando o terço todas as semanas, procurando que se celebre Missa de vez em quando, se for possível, dia 18 de cada mês.

Peregrinações

Visitando diversas ermidas da Argentina tive uma bonita sensação: “Que bem que se está aqui!” Percebe-se que há uma comunidade que reza e cuida do lugar. Em muitas delas prepara-se a Aliança, consagram-se missionários e celebra-se o mês de Maria e a novena do Natal.

Um trabalho importante é organizar peregrinações regulares das ermidas ao Santuário filial mais próximo. Desta maneira consegue-se o vínculo com ele. João Pozzobon recordava que a fecundidade da abóbora dependia de que permanecesse vinculada à raiz…

No ano passado tive a alegria de caminhar uns bons quilómetros na peregrinação desde Concepción do Uruguai a Pronunciamiento. A organização com gente jovem, com muito espírito e carisma. Foi uma experiência muito bonita. As peregrinações mantém as ermidas sempre dinâmicas e despertam a criatividade. Daquela vez, quando a peregrinação chegou a Pronunciamiento surpreendeu-me o asseio e a beleza do lugar.

A minha ermida

Se alguém ou um grupo de missionários – quiser partilhar este tema, sugiro que o façam com as seguintes perguntas:

Quem vai à tua ermida – Que atividades são aí oferecidas?

O que mais gostas na tua ermida – que gostarias de fazer para que tenha ainda mais vida?

Há algum desejo que vinculas à tua ermida?

Há dois grandes sonhos que deveriam acompanhar todos os missionários: que no solo da Argentina se semeiem mais e mais Alianças de Amor e que ao longo da pátria existam muitas ermidas que nos recordem que Deus e Maria continuam a guiar os nossos passos.

Trad.: Maria de Lurdes Dias, Lisboa, Portugal

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *