Posted On 2013-03-28 In Vida em Aliança

Mais que gestos e sentimentos – um compromisso maior

ARGENTINA, Pe. Javier Arteaga. Quis escrever esta carta de Aliança depois da Missa do início do pontificado do Papa Francisco. Foram tantas as vivências destes dias. Deus nos tem falado de forma tão forte, que era necessário um pouco de tempo para refletir. Poucas vezes os meios nacionais e internacionais se ocuparam tanto com um acontecimento eclesial, como a eleição do Papa Francisco. Talvez porque tenha excedido o eclesial para ser um acontecimento de grande repercussão social em todo o mundo. Multidões se aproximaram espontaneamente de praças e igrejas, para agradecer a Deus e expressar a imensa alegria.

Mais que gestos

Um sacerdote alemão, com quem compartilhei anos de estudos no seminário de Münster, me escreveu, cheio de alegria: “é o primeiro Papa chamado Francisco, o primeiro latino-americano, o primeiro argentino, o primeiro jesuíta. E em quantas coisas ainda será o primeiro!”. Surpreendeu o mundo com muitos gestos não frequentes no Vaticano, porém típicos do Cardeal Bergoglio que nós conhecemos. Gestos que expressam vida:

  • A simplicidade e a austeridade ao usar seus sapatos pretos de sempre, a cruz peitoral prateada que sempre usou como bispo, ao andar de ônibus junto com seus irmãos cardeais, como sempre andava em Buenos Aires. Simplicidade de vida que nos lembra, como Igreja, da necessidade de um estilo de vida mais simples e austero, sem pretensões de honra e poder, à semelhança de Cristo.

  • A proximidade e a cordialidade com cada pessoa, as mesmas que sempre teve. Porém, ficou gravada no coração de cada um de nós a cena, quando desceu do papamóvel para benzer e beijar um homem paraplégico, acariciando-o várias vezes. Proximidade para com os enfermos, com os desvalidos, com os encarcerados, com as vítimas da injustiça e com todo aquele que o buscava para pedir conselho e ajuda. É a imagem dessa Igreja próxima e cordial, que abraça e abriga, que escuta, dialoga e atende ao homem concreto, a cada ser humano, para nos dar seu coração, para nos dar Jesus que ama cada um de nós.

  • A misericórdia de Deus em tudo. “A misericórdia muda o mundo; um pouco de misericórdia faz com que o mundo seja menos frio e mais justo. Temos necessidade de entender bem essa misericórdia de Deus, esse Pai misericordioso, que tem tanta paciência…”, nos disse em seu primeiro Angelus do domingo passado. Existem muitas feridas para serem curadas e muita dor para ser mitigada em nossa vida e na pátria – o ódio não é o remédio! Temos muita, muita necessidade de perdão e misericórdia. Isso é o que nos oferece o Papa Francisco em suas palavras, silêncios e atitudes: a misericórdia de Deus feita carne e vida.

Mais que sentimentos

Será por tudo acima escrito e por muitos outros gestos, que, durante estes dias, não nos cansamos de ler e comentar as notícias sobre o Papa Francisco. Porque sua vida realmente é uma Boa Nova para nosso tempo, porque despertou uma onda de sentimentos bons que nos falam de desejos mais profundos:

  • Uma renovada alegria, como uma “Páscoa antecipada”, em meio à Quaresma. Uma alegria que não sentíamos já há muito tempo, que nos fazia falta, que nos abre para a esperança. Como me disse um pai de família, da cidade del Plata: “estou feliz porque novamente temos um Papa pai, sim, um pai à frente da Igreja”.

  • Um novo ar, de vida nova e renovação. Esse vigor do autêntico amor evangélico que o move e nos comove. (sim, as coisas podem mudar e se tornar melhores!)

  • Um santo orgulho (não um grosseiro chauvinismo) porque é o nosso Papa Bergoglio, porque o conhecemos e sabemos por experiência que ele realmente é o bom Pastor, que cuida de sua gente e nos conduz pelo bom caminho de Jesus. Assim como nos fortalecemos com seu amor, sua sabedoria e sua vida na Argentina, ele continuará agindo da mesma maneira, para o bem da Igreja no mundo inteiro.

Um compromisso maior

Nos encontros com o Mons. Bergoglio, era comum que, ao despedir-se, sempre pedisse “reze por mim”. Grande foi nossa surpresa e alegria no dia em que foi eleito papa; antes de nos dar a bênção apostólica urbi et orbi, do balcão da basílica de São Pedro, com humildade, pediu a todos nós, a Igreja, que rezemos por ele. Não é retórica; não é ‘pose’. Ele precisa muito de nossas orações porque são muitos os problemas que ele tem para resolver e pelos quais foi eleito. Muitas são as marés que a barca de Pedro, por ele timoneada, tem que enfrentar, tanto dentro da Igreja como no mundo. Por isso, nosso compromisso é rezar todos os dias pelo Papa Francisco, porque ele assim pediu à Igreja e porque somos seu povo argentino.

Creio que um segundo compromisso que temos para com o Papa Francisco, como Família de Schoenstatt, é amar e ajudar a Igreja, para que seja sempre família de Deus, como sonhou nosso Pai e Fundador, guiada pelo Espírito Santo, apostólica, mariana, unida e fraterna, pobre e humilde, alma do mundo. Esse é nosso presente e compromisso para o 2014.

Queridos irmãos, Deus nos tem falado muito forte e claramente durante estes dias, na pessoa do Papa Francisco. Sigamos presenteando a Aliança e aproximando muitas pessoas do amor de Cristo e Maria; sigamos forjando uma cultura da Aliança, dos vínculos e do diálogo em nossa sociedade. Em Aliança com Maria e em comunhão fraterna, sigamos trabalhando e colaborando com Cristo na construção de sua Igreja, família de Deus.


Carta de Aliança à Família de Schoenstatt da Argentina. Pe. Javier Arteaga é Diretor Nacional do Movimento de Schoenstatt da Argentina e participante da Conferência 2014.

Original: Espanhol – Tradução: Maria Rita Fanelli Vianna – São Paulo / Brasil

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