Posted On 2015-01-03 In Aliança solidária

Iraque: Cristãos celebraram o Natal com lágrimas de emoção pelas palavras do Papa Francisco

IRAQUE, aciprensa. Enquanto se lia a mensagem do Papa Francisco para os cristãos do Médio Oriente “havia gente que chorava emocionada”, afirmou o Pe. Luis Montes, sacerdote que trabalha pastoralmente em Bagdad (Iraque), ao relatar como celebraram o Natal os fiéis refugiados, que desde meados de 2014 tiveram que abandonar as suas casas por causa do Estado Islâmico (ISIS).

Através do sítio do Facebook “Amigos do Iraque”, o sacerdote argentino descreveu o ambiente vivido pelos fiéis, os quais, tal como afirmou o Papa Francisco, são como Jesus na Noite de Natal.

Em seguida o relato completo do Pe. Montes:

“Missa de Natal com os refugiados em Bagdad”

Para este Natal juntámos três Missas às que celebramos cada ano. Duas em inglês, das quais falarei mais tarde, e uma em árabe para os refugiados na escola.

Esta última foi muito especial pela difícil situação em que vivem e pelo especial presente do Santo Padre.

O Papa Francisco enviou uma mensagem para que fosse lida nas Missas de Natal, e na escola foi onde teve maior impacto porque, apesar de ser dirigida a todos os cristãos do Médio Oriente, tinha um especial significado para os que perderam tudo por causa da perseguição.

D. Jorge, secretário do núncio, disse umas belas palavras no início da Missa explicando como os cristãos refugiados se pareciam tanto com Jesus em Belém, e depois contou a todos sobre a mensagem do Papa. Entregámos uma cópia da mesma a cada fiel e lemo-la depois do Evangelho.

As palavras do Papa Francisco ressoavam com particular força no ambiente aberto da escola que, como Igreja improvisada, albergava os que mais se assemelhavam ao Menino Deus que nasceu pobre, sem comodidades, fora da cidade e que depois teve de fugir de quem o perseguia para o matar.

Enquanto se lia a mensagem do Papa havia gente que chorava emocionada. Cumpria-se ao pé da letra o que dizia o Papa: “para muitos de vós as notas das canções de Natal estarão misturadas com lágrimas e suspiros.”

Como não iam sentir emoção ao sentirem-se tão próximo do coração de pai do Papa? “Penso especialmente nas crianças, nas mães, nos idosos, nos deslocados e refugiados, nos que passam fome, nos que têm de suportar a dureza do inverno sem um teto que os proteja. Este sofrimento clama a Deus e apela ao compromisso de todos nós, com a oração e todo o tipo de iniciativas. Desejo fazer chegar a todos a minha proximidade e solidariedade, assim como a da Igreja, e dar uma palavra de consolo e esperança.”

Viam-se refletidos em cada palavra: “ Que possais dar sempre testemunho de Jesus no meio das dificuldades! A vossa presença é valiosa para o Médio Oriente. Sois um pequeno rebanho, mas com uma grande responsabilidade na terra em que nasceu e se espalhou o cristianismo. Sois como o fermento na massa. Antes que qualquer atividade da Igreja no âmbito educativo, sanitário ou assistencial, tão valorizadas por todos, a maior riqueza para a região são os cristãos, sois vós. Obrigado pela vossa perseverança.”

E mais ainda porque muitos perderam seres queridos nesta perseguição. “A situação em que viveis é um forte chamamento à santidade de vida, como assim o testemunharam os santos e mártires de diversas pertenças eclesiais. Recordo com afeto e veneração os Pastores fiéis aos quais nos últimos tempos se lhes pediu o sacrifício da vida, muitas vezes pelo mero facto de ser cristãos. Também penso nas pessoas sequestradas.”

E se sentiam, além disso, interpelados. “Rezo para que viveis a comunhão fraterna a exemplo da primeira comunidade de Jerusalém. A unidade querida por nosso Senhor é mais necessária que nunca nestes tempos difíceis; é um dom de Deus que interpela a nossa liberdade e espera a nossa resposta… Queridas irmãs e irmãos cristãos do Médio Oriente, tendes uma grande responsabilidade e não estais sozinhos perante ela. Por isso quis escrever-vos para animar-vos e para dizer-vos quão valiosa é a vossa presença e a vossa missão nesta terra abençoada pelo Senhor. O vosso testemunho faz-me muito bem. Obrigado. Todos os dias rezo por vós e pelas vossas intenções. Agradeço-vos porque sei que vós, nos vossos sofrimentos, rezais por mim e pelo meu serviço à Igreja. Realmente espero ter a graça de ir pessoalmente visitá-los e confortá-los.”

É muito difícil expressar o ambiente que se vivia na Missa. O sofrimento por Cristo fecundava os corações, unia-os ao seu Santo Sacrifício e trazia-lhes paz. No final da celebração aproximaram-se todos para beijar a pequena imagem de madeira de oliveira da Terra Santa do Menino Jesus que era uma proclamação de que o nascimento do Filho de Deus na nossa carne humana é um mistério inefável de consolação: “pois foi manifestada a graça de Deus que traz a salvação para todos os homens” ( Tt12,11). E por isso a alegria enchia os corações. Alegria profunda e serena. Verdadeira alegria!

Agradecemos a Deus por este belo Natal que nos concedeu.

Agradecemos ao Papa as suas palavras de alento: “desejo expressar o meu especial reconhecimento e gratidão a todos vós, queridos irmãos Patriarcas, Bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, que acompanhais com solicitude o caminho das vossas comunidades. Que preciosa é a presença e atividade dos que se consagraram totalmente ao Senhor e o servem nos irmãos especialmente nos mais necessitados, testemunhando a sua grandeza e o seu amor infinito! Que importante é a presença dos Pastores junto ao seu rebanho, especialmente nos momentos de dificuldade!”

Agradecemos a todos os que nos acompanham com as suas orações e sacrifícios.

E agradecemos aos nossos cristãos pelo seu exemplo.

Um Natal muito feliz!

Original: Espanhol – Tradução: Maria de Lurdes Dias, Lisboa/Portugal

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