Posted On 2014-09-05 In Aliança solidária

Não esqueçamos o clamor dos cristãos e de quantos sofrem perseguição no Iraque

mda. “Saúdo cordialmente os peregrinos de língua árabe, em particular, os do Iraque”, saudou o Santo Padre Francisco, através do tradutor de árabe, na audiência geral de 3 de setembro. “A Igreja é Mãe, e como todas as mães, sabe acompanhar o filho necessitado, levantar o filho caído, curar o doente, procurar o perdido e despertar o que dorme, assim como defender os filhos indefesos e perseguidos. Hoje gostaria de vos assegurar, especialmente a estes últimos, a sua proximidade: estão no coração da Igreja; a Igreja sofre convosco e honra-se convosco; vós sois a sua fortaleza e o seu testemunho concreto e autêntico da sua mensagem de salvação, de perdão e de amor. O senhor vos bendiga e vos proteja!”. O Papa acompanha muito de perto o que sucede com os cristãos e outras minorias perseguidas no Iraque e na Síria. Com o objetivo de lhes mostrar a sua proximidade, enviou de 12 a 20 de agosto o Cardeal Fernando Filoni para que visitasse Erbil – capital do Curdistão -, onde permanecem refugiados uns 70.000 cristãos. Cristãos que tiveram que abandonar as suas casas, as suas igrejas, os seus lugares de trabalho, cristãos que sofrem a morte de familiares e amigos, que têm fome e têm medo. Durante a sua visita, o cardeal entregou da parte do Santo Padre um milhão de dólares como ajuda para os cristãos e as outras minorias que fogem do ISIS. Os 70.000, cada um com a sua história, com a sua dor, com a sua vida em ruínas. “Por favor, ajudem-nos, carreguem-nos aos ombros, como vossos irmãos, vossas irmãs, vossos filhos”, pede o Cardeal Filoni. “São os vossos filhos, os idosos são os vossos idosos”.

O enviado especial do Papa Francisco ao Iraque, Cardeal Fernando Filoni, exortou a comunidade internacional a ver os refugiados iraquianos não como uma multidão, mas como pessoas individuais, com as suas próprias histórias e necessidades. “Devemos fixar o nosso olhar em cada criança, em cada pessoa. Quando os vemos sentados no chão não pensamos numa multidão, mas em pessoas com uma história própria”, disse numa entrevista a ACI Prensa, no dia 22 de agosto.

“Segundo os dados que me foram entregues, neste momento existem 1,2 milhões de deslocados internos no Iraque”, indicou o Cardeal, e isto inclui cristãos, yasidis e caldeos. “Informei o Papa Francisco sobre a situação de precariedade destas pessoas que na sua maioria, fugiram sem nada”, expressou o Cardeal Filoni. O Cardeal ainda explicou que estava profundamente comovido pela difícil situação das pessoas que estão a sofrer, cada um com a sua própria história. Em particular, chamou-lhe a atenção a situação das crianças idosas e das minorias yasidi. O Cardeal confessou ter visto mulheres agachadas num canto, sem os seus maridos”, assim como homens adultos “chorando como crianças porque não vêem nenhum futuro para o seu povo”.

Ensinam-lhes canções…

Para além disto, o enviado do Papa surpreendeu-se ao “ver idosos entorpecidos, sentados sem fazerem nada no meio de um clima tão quente.”. “Quando uma pessoa está longe do seu povo, onde tem a sua vida, as suas amizades e está sentado ali, o que é que espera? Só a morte. Isto é dramático”. O Cardeal Filono também destacou a difícil situação das crianças que foram retiradas das suas casas. Expressou a sua gratidão por aqueles que se estão a sacrificar tornando estas circunstâncias traumáticas um pouco mais suportáveis. “Há voluntários, grupos de jovens que se ocupam das crianças, inventam brincadeiras, ensinam-lhes canções… são pequenos e agradáveis pormenores”, agradeceu o Cardeal. Entre os refugiados, também há recém-nascidos. “Uma criança nasceu dois dias antes da minha chegada”, recordou o Cardeal. “A sua mãe, com o seu marido e o seu outro filho, faziam o impossível por ter o seu pequeno espaço. Perderam tudo, falta-lhes tudo, O seu único tesouro é esta criança que nasceu e graças a Deus está aí”.

São nossos irmãos

“A postura do Papa – assinalou o Cardeal – é que nós como pastores, levemos as nossas ovelhas aos ombros e caminhemos com elas. Temos que caminhar diante delas para as guiar, caminhar entre elas para as impulsionar e caminhar atrás delas para as animar”.

Estima-se entre 120 a 130 mil os cristãos deslocados das suas casas no norte do Iraque devido à perseguição da ISIS, que desde meados de julho decretou que se não abandonassem o território do seu “califado”, os cristãos seriam assassinados.

“Gostaria de animar o mundo inteiro a usar a expressão do Papa Francisco, quando disse que cada um de nós tem que carregar aos seus ombros os outros… E isto dar-lhes-á a oportunidade de não se sentirem abandonados, e a nós de não pensarmos neles como estranhos, e desta maneira não nos afastarmos do Evangelho, de Deus, da humanidade”, concluiu.

Original: Espanhol – Tradução: Maria de Lurdes Dias, Lisboa, Portugal

Con material de VIS y ACIprensa.


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