Posted On 2020-03-13 In Schoenstatteanos

Mario Hiriart Pulido – um modelo a seguir especialmente hoje em dia

Harald M. Knes, Instituto dos Irmãos de Maria de Schoenstatt •

Desde 21/2/2020 temo-lo oficialmente da parte da Igreja: Mario Hiriart Pulido viveu uma vida na qual, com a ajuda da graça de Deus, viveu as virtudes cristãs de uma forma notável. Há quatro aspectos da sua vida que eu gostaria de enfatizar. —

A espiritualidade cristã num ambiente crítico face à Igreja

O Pe. José Kentenich viu a Igreja encaminhar-se para um tempo de profunda mudança e renovação. O Fundador quis ajudar os membros do Movimento de Schoenstatt e todos os cristãos a desenvolverem a sua própria personalidade de forma original, para que pudessem tomar decisões sustentáveis com coragem e franqueza. Todos devem ser capazes de viver a espiritualidade cristã, como uma minoria, numa sociedade que pensa de maneira diferente. A espiritualidade que caracterizava a família de Mário era a Maçonaria. A sua decisão de se tornar cristão foi muito consciente. Numa espécie de espírito desportivo, Mário, o jovem engenheiro e cristão, tomou conscientemente a decisão de se juntar à Corfo, uma empresa de engenharia estatal de elite, fundada num espírito de secularização e de Maçonaria. Ele contribuiu com as suas capacidades profissionais e atitude profissional para o trabalho, mas também viveu a sua fé cristã de forma discreta e ao mesmo tempo com ardor. Organizou reuniões bíblicas na hora de almoço com os empregados que queriam participar. Isto faz de Mario alguém próximo de muitos cristãos que hoje enfrentam desafios semelhantes quando se trata de ser um cristão na sociedade moderna.

Ser cristão numa Igreja em tempos de provação

Para Mario, a experiência de Igreja foi muito variada: vida paroquial, celebração da Eucaristia, o Escritório da Universidade Católica, Schoenstatt. Experimentou como o Movimento de Schoenstatt no Chile estava praticamente dividido em dois bandos. Cada lado acreditava que tinha razão. Juntamente com o Padre Humberto Anwandter, com muita clareza, autoridade e influência conseguiu tirar a situação da controvérsia, encorajou a paciência e os sacrifícios, e a superar a divisão.

Em muitos países, o cristianismo sofre de controvérsia e divisão. Na Alemanha, os cristãos vivem há 500 anos com as consequências da divisão da Igreja. No Chile não houve divisão na Igreja a este respeito, mas a quebra de confiança, como resultado do escândalo de abusos por parte de dignitários católicos, causou uma profunda fenda em toda a Igreja e na sociedade, cujas consequências ainda estão longe de ser previsíveis.

Nestes tempos, Mario pode dar conforto a muitas pessoas. Ele próprio sofreu muito por causa da divisão dentro do Movimento, teve de experimentar muitas pequenas injustiças por parte dos schoenstatteanos do outro grupo e entregou tudo à Mater como “Capital de Graças”. A fraqueza humana, nele e nos outros, nunca o fez duvidar que tivesse escolhido o caminho certo. Era muito claro para ele que, além das suas acções, precisava, acima de tudo, do Espírito de Deus e da ajuda da Mater para superar uma situação tão confusa.

A espiritualidade cristã no contexto da falta de reputação

A Igreja no Chile está a reordenar-se após o terramoto espiritual e a quebra de confiança. Muitos manifestantes aproveitaram-se da agitação social no Chile para se vingarem nas igrejas. Segundo uma pesquisa de 2019, o Chile é o país latino-americano onde a população tem menos confiança na Igreja Católica. O pêndulo balançou violentamente para o lado oposto. A Igreja oficial já não é, por si só, um sinal de autoridade entre as pessoas, pelo contrário. A entrada de Mario na comunidade dos Irmãos de Maria não estava associada ao prestígio social da época. O facto de ser um Irmão de Maria e o seu vínculo à sua vocação foi compreendido por muito poucos dos seus amigos. Muitos simplesmente viram isso como uma oportunidade perdida, se alguém escolhia viver celibatariamente, teria ganho mais autoridade e reconhecimento, na sociedade, como Padre. Mário pode ser um exemplo para muitos cristãos celibatários que, em tempos difíceis, recebem pouco reconhecimento da sociedade pela sua total dedicação a Deus. Por detrás disto, afinal, pode ver-se a Providência Divina de Deus Pai: a decisão de total dedicação a Deus deve ser tão livre quanto possível, do reconhecimento social e de coisas semelhantes, especialmente se se pretende que seja uma decisão firme e duradoura.

Ser cristão nas “ante-câmaras da Igreja”.

A Igreja Católica está a perder membros em muitas áreas tradicionalmente católicas. Para nós, católicos, isto não nos deve surpreender ou assustar. A vida da Igreja está a mover-se cada vez mais para as “ante-câmaras da Igreja”. As pessoas vêm cada vez menos à Missa, a um sacerdote, para se beneficiarem das graças dos Sacramentos. Nestes tempos, o papel e a importância dos leigos na Igreja de hoje é ainda mais evidente, pois eles são os que estão em casa nas “ante-câmaras do templo”.

Mario assumiu esta imagem como uma tarefa especial na sua vida. Estava em contacto com muitas pessoas, lugares e ideias não cristãs e deixou uma marca sem perder clareza e substância. “Mario era um marxista melhor do que eu”, disse um membro do Partido Comunista durante uma pesquisa de 1967, reconhecendo o estilo de vida simples de Mario.

Mario estava consciente da importância para a Igreja, no futuro, em ter escolas e universidades adequadas para poder mostrar as opiniões católicas em contacto com as pessoas da sociedade. Por esta razão, desistiu, deliberadamente, de muitos confortos e escolheu um pequeno escritório por debaixo das escadas, como professor na Universidade Católica com um salário baixo – tudo por amor e serviço à Igreja.

Original: alemão (24/2/2020). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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