Posted On 2016-08-11 In Schoenstatteanos

Em momentos muito difíceis, Ela está sempre presente

PARAGUAI, por Amada Girett e Maria Liz Ibaizabal •

Este é o testemunho de María Liz Ibaizabal: ela vive em Santa Rita, Alto Paraná, Paraguai. Depois do acontecimento que relata, sentiu-se chamada pela Mater para ser sua missionária e no dia 18 de março, deste ano, recebeu a imagem da Mãe Peregrina. Ela acredita que é um milagre da Mater o que aconteceu há um ano, do qual nos inteirámos quando o partilhou com os missionários de Santa Rita. É um testemunho de como atuou a Mater: Todos os missionários rezam por María Liz; alguns, como eu, não a conhecíamos até à sua convalescência.

27 de junho de 2015. Um ano. Uma data mais que significativa na minha vida. Poucas pessoas conhecem o meu testemunho. E hoje quero partilhá-lo com todos os que me queiram ler.

Hoje faz exatamente um ano que começou uma luta pela minha vida. Foi num dia normal. Acordei, como sempre, às 6 horas da manhã, ordenei algumas coisas em casa e saí com o meu marido para o trabalho. Também no trabalho foi um dia normal com bastante atividade, já que faltavam uns dias para sermos auditados. Trabalhámos intensamente pondo em ordem todos os documentos. Aproximadamente às 8h30 levei uns papéis à receção da empresa. Nesse momento senti um estranho ardor na barriga, apressei-me a ir à casa de banho, mas não consegui lá chegar. Uma grande hemorragia corria pelas minhas pernas. Nunca tinha visto tanto sangue. Fui socorrida pelas minhas colegas de trabalho que me levaram ao hospital mais próximo. O primeiro diagnóstico do médico foi um possível mioma. Fui medicada e fui descansar para casa. Um dia depois a hemorragia repetiu-se, mas com maior gravidade. Levaram-me na ambulância, inconsciente, ao hospital onde se comprovou que não era um mioma mas uma gravidez de 3 semanas: estava a perder um bebé.

Com urgência fui submetida a uma intervenção. Depois de três dias de internamento e outros tantos de repouso regressei ao meu trabalho com a indicação de que perante qualquer sangramento, por pouco que fosse, regressasse ao hospital. Lamentavelmente assim foi. No hospital fizeram-me uma ecografia que mostrou que o meu estado era ainda grave. Os médicos pediram que no dia seguinte fosse em jejum. Mas não foi possível: uma nova hemorragia fez com que me enviassem para a Ciudad del Este para uma maior atenção, dada a gravidade do caso. Ali começou o mais difícil: a hemorragia não parou e a hemoglobina diminuiu para limites perigosos. Precisei de uma transfusão de sangue de urgência. Não havia sangue disponível e a espera parecia eterna. O meu estado era cada vez pior: faltava-me o ar, tinha muitas dores, enjoos, náuseas. Comecei a inchar. Precisava de seis litros de sangue e só se conseguiram dois. O meu marido começava a desesperar. Então a mesma médica que me tinha enviado para a Ciudad del Este, decidiu que devia ir para Asunción dada a gravidade do caso.

Recordo claramente as suas palavras perante o meu pranto: não penses que não gostamos de ti, pelo contrário, por isso te mandamos para lá… vão cuidar melhor de ti, fazendo uma transfusão de sangue e vais recuperar rapidamente. Às 23h50 já estava dentro da ambulância. A viagem foi interminável até Coronel Oviedo. Perguntei ao meu marido (que nunca deixou de estar ao meu lado durante esses trinta dias) Onde estamos? Respondeu-me: em Coronel Oviedo, amor. Nesse momento fechei os olhos e já sem forças humanas falei com Deus:

Senhor, se é da tua vontade levar-me neste momento, peço-te perdão por todos os meus pecados, por ter-te ofendido com as minhas atitudes, com as minhas obras, com a minha desobediência. Peço-te que se for o momento de ir, que me leves para teu lado para que daí possa velar pelas minhas filhas e o meu marido e por todos aqueles que amo. Peço-te Senhor que se faça a tua vontade pois eu já não tenho forças…

Mas ainda me faltava algo: recorrer à minha Mãe, à Santíssima Virgem: perdão por tantas vezes que não te defendi. Por deixar tantas vezes que falassem mal de ti… entrego-te neste momento o meu coração. Entrego-te as minhas filhas e a minha família, intercede por elas ante o teu Filho Jesus Cristo, ajuda-me Mãe, pois quero continuar a viver, trabalhando na vinha do Senhor, sendo teu instrumento. Entrego-te a minha alma e o meu corpo. E nesse preciso momento não sei o que se passou. Caí num profundo sono, há quatro dias que não dormia. Algumas horas depois senti frio, abri os olhos, vi o meu marido ao meu lado com os olhos inchados de tanto chorar. Perguntei-lhe novamente onde estávamos e respondeu-me em San Lorenzo.  E perguntei-lhe o que tinha acontecido. Disse simplesmente: adormeceste. Novamente a luta para respirar até chegar ao hospital, onde me receberam com uma garrafa de oxigénio. Depois não me recordo de mais nada até ao dia seguinte, no qual acordei com o corpo dormente e a receber uma transfusão de sangue. Foram 48 horas de agonia para o meu marido e outros familiares que não podiam visitar-me. Quando despertei pela primeira vez vi as luzes, o soro, o sangue que recebia… não tinha forças nem para mexer um dedo. Adormeci novamente. Quando acordei pela segunda vez uma enfermeira perguntava-me como me sentia. Não consegui responder por causa da minha debilidade. Depois de três tentativas consegui levantar a cabeça.

2Aniversário com dor e surpresa

Cinquenta horas depois levaram-me para um quarto onde pude ver novamente o meu marido, os meus pais, o meu cunhado. Foi maravilhoso. Já fora de perigo, mas com várias sequelas pela grande perda de sangue, puseram-me numa cama articulada. E surpresa, não funcionava o mecanismo que elevava a minha cabeça, e pela minha dificuldade em respirar tinha que estar quase sentada. Mudaram-me de cama e a primeira coisa que vi foi uma imagem de Nossa Senhora que me acompanhou durante os 23 dias que estive nesse quarto.

Nos dias seguintes continuavam a estudar o meu caso. Picavam-me constantemente as veias para fazer exames. Mas havia muita gente que rezava pela minha recuperação. Recordava a minha família, queria lutar por ela. O meu marido acompanhou-me continuamente, dormindo no chão, comendo em qualquer lado…

Aproximava-se o dia dos meus anos, 12 de agosto, e tinha esperança de voltar para casa. Impossível: a minha luta ainda não tinha terminado…

A tristeza e o desespero dominavam-me, mas quando a médica de serviço me disse que dependia de passar o aniversário ali para que fizesse muitos mais anos lá fora, despertei para a realidade.

E chegou o dia: as enfermeiras acordaram-me cantando os parabéns a você, com os dez estudantes que ali estavam em estágio. Estiveram presentes, o meu marido, a minha mãe, vários familiares, amigas, recebi presentes e até um bolo. Mas sofria com a ausência das minhas três filhas.

No final da tarde chegaram as minhas primas e convidaram-me para caminhar, respondi-lhes que não podia fazê-lo, que nem me deixariam passar a porta. Mas uma delas, médica, organizou uma espécie de “fuga”. Fechou o soro… com medo apoiei-me no seu braço enquanto o meu coração batia a mil… Esperava-me o melhor presente: o meu irmão tinha ido buscar as minhas filhas a quem só voltei a ver depois de quinze dias. Só pude estar dez minutos com elas, mas foi suficiente para encher-me de alegria.

Nos dias seguintes recebi muitas visitas e, finalmente, a melhor notícia: no dia 25 de agosto podia voltar para casa. Estive sempre ao pé da imagem de Nossa Senhora.

“É a Nossa Senhora do meu quarto”

Fui a casa da minha tia pois ainda me faltava uma consulta antes de voltar para casa. Conversando com ela perguntei-lhe pelo seu filho. Disse-me que estava numa reunião preparando-se para ser missionário de um movimento católico. Trouxe-me uma imagem e com enorme surpresa vi que era a mesma imagem que estava no hospital, perante mim estava a Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt!

Aliança de Amor, Aliança solidária

indexCheguei a Santa Rita num sábado às 18h15. Preparei as minhas filhas para sair e o meu marido perguntou onde íamos. Disse-lhe que ia agradecer indo à Santa Missa. Nesse dia cantava o nosso coro, foi tudo muito emocionante, os reencontros, os abraços. Uns dias depois encontrei-me com uma amiga que me contou algo muito bonito que tinha ouvido: uma senhora pôs a tua vida nas mãos de Nossa Senhora. Fazia a sua Aliança de Amor e pôs a tua saúde ao cuidado de Nossa Senhora de Schoenstatt. Correu-me uma lágrima pela face: Ela nunca me tinha abandonado, cumpriu com o pedido que lhe fizeram..

Duas semanas mais tarde conheço uma senhora que me expressa o seu contentamento ao ver-me tão bem, pois esteve rezando pela minha saúde. Perguntou-me se queria receber uma visita. Claro que aceitei e mandei-a entrar, pensando que ela era a visitante. Mas abriu uma saco de onde retirou uma vela e, surpresa! A imagem de Nossa Senhora que me acompanhou em todo o momento. Não acreditava. Comecei a chorar e ela não percebia o motivo até que lhe contei a minha experiência.

Resumindo: tive uma segunda oportunidade. A Virgem Maria, minha Mãe, tomou a minha vida nas suas mãos e transformou-a. Sou como um vaso novo nas mãos do oleiro, mais fortalecida que nunca. Mudou a minha vida, os meus pensamentos, todo o meu ser. Ela leva-me e traz-me, acompanha-me nas horas difíceis e dá-me a sabedoria de as poder superar. Talvez o que passei fosse necessário para a minha conversão. E para que a minha fé nela seja ainda mais forte.

Irmãos em Cristo: não esperem ter nas vossas vidas provas difíceis para procurar Jesus. Abram os vossos corações e deixem-No entrar, deixem que Ele atue nas vossas vidas e verão que este mundo é maravilhoso quando vivemos com o amor de Cristo.

Hoje quero agradecer muito a cada uma dessas pessoas que estiveram comigo, física ou espiritualmente, por toda a ajuda que recebi. Não tenho palavras para expressar ao meu marido o meu amor e gratidão, mas sobretudo ao meu Senhor, Rei dos Reis e Senhor dos Senhores e à sua Santa Mãe pela sua intercessão por mim ao seu Filho.

Uma história longa, mas bonita. Nossa Senhora está sempre presente e espera por ti!

Original: espanhol. Tradução: Maria de Lurdes Dias, Lisboa, Portugal

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