Posted On 2015-07-04 In Schoenstatteanos, Segundo século

Três perguntas… sobre o Schoenstatt do segundo século da Aliança de Amor (29)

Hoje responde o Pe. Adolfo Losada, da União de Sacerdotes, Curso Tabor de Maria-Santuário de Padres Presbíteros del Plata, Buenos Aires, Argentina •

A meio ano de peregrinarmos pelo segundo século da Aliança de Amor… Como sonha este Schoenstatt no seu ser, no seu estar na Igreja e no mundo e na sua tarefa?

Duas coisas vêm como uma voz à minha alma: Um eco que repetimos há um ano sem nos cansarmos “Tua Aliança, nossa missão”, e duas frases do Padre Kentenich que recentemente li no livro “Huellas de un Padre” (Pegadas de um Pai) do Pe. Esteban Uriburu e que traduzem essa missão de levar o espírito de Aliança a todas as partes e expressam algo do que desejaria para a nossa família. A primeira refere-se a Ela:

“Schoenstatt pode entender-se como um grande e eficaz movimento de ideias e educação. Mas de nenhuma maneira será apreciado corretamente se não for considerado como um poderoso movimento de graças, que em plenitude impulsiona para a frente. Em tempos convulsionados, o centro da questão está na corrente de graças. Ali onde o Demónio se prepara para convocar um tempo marcadamente apocalíptico, tudo depende de que a Mãe e Rainha que derrota a serpente ponha em jogo todo o poder e força das suas graças… Cremos – e temos para isso provas suficientes- que assim o fez em Schoenstatt, e assim quer fazê-lo em todas as partes onde surjam quadros da MTA e capelas da MTA como filiais de Schoenstatt”.

A segunda refere-se a nós:

“O homem novo – novo tipo de santidade – há-de ser semelhante a essas pontes suspensas que não têm nenhum suporte ou coluna que as sustenha na terra para as manter firmes; as suas amarras estão no alto. Contudo, a sua resistência é muitas vezes superior às pontes fixadas na terra. Assim é a formação dos membros do Movimento: devem ser como pontes suspensas, atadas livre e voluntariamente ao amor de Deus no alto”

Continua a ser o mesmo o segredo da fecundidade destes cem anos, a nossa debilidade aceite e auto-educada em contacto vivo com o encanto do Seu olhar e do Menino nos seus braços, para lhe fazer com o nosso e fiel amor concreto, suave violência para que se estabeleça nos nossos santuários e trabalhe em nós e, através de nós, os seus milagres de transformação em filhos e instrumentos seus. Serviço vivo e desinteressado que como família podemos dar à necessidade mais urgente do homem de hoje, sentir-se filho, criança amada, cavaleiro ou rainha, com lar e com sentido da existência, com identidade que o tire da solidão e isolamento que o consumismo e a massificação nos oferecem. Sabemos do Reino do Pai que a Mãe e Rainha nos presenteou nos seus Santuários, como nos tornamos novas criaturas em Cristo pela influência resplandecente da sua presença neles, como nos devolveu o sentido de missão na vida, dando-nos um Pai e uma Família.

Para chegarmos a cumprir este sonho, o que temos que evitar ou deixar?

Parece-me, e digo-o com respeito, que devemos evitar um Schoenstatt “fashion”, cheio de fotos, slogans e reuniões teóricas onde podemos só ter prazer. Não digo para não se ter estas coisas, já que pertencem ao nosso modo orgânico de pensar e viver a vida, e quanto consolo nos dão; mas pô-las no centro far-nos-iam esquecer que os primeiros congregados passaram a guerra, que o nosso Pai passou frio em Dachau, que as Irmãs que fundaram nestas terras americanas passaram necessidade e trabalhos superiores às suas forças, que a Irmã Emilie sofreu filialmente… que João Pozzobon morreu no caminho, levando a Mãe e Rainha. Sem lagar não há vinho… e não me refiro a um voluntarismo duro, obscuro e fechado, mas sim ao heroísmo generoso e secreto de uma vida oferecida por Amor a Ela e à sua missão no Ocidente.

Para chegarmos a cumprir este sonho, que passos concretos devemos dar?

Seguir as pegadas do Pai com fidelidade criadora. Mas seguir as pegadas do Pai. Não inventámos Schoenstatt, como não inventámos o Evangelho. Vivemos os dois de maneira original, mas vivê-mo-lo no Espírito de respeito sem limites do Pai por cada homem, livre e novo, cada um é parte ativa da Família, cada um revive Schoenstatt de maneira única, mas num Espírito e Missão comuns. Há bens que são de todos e para todos, e para as gerações que venham devemos cuidá-las conquistando-as.

Sonho que todos desenvolveremos esse instinto sobrenatural que tinha o Pai para captar o Deus vivente e discernir as Suas vozes, uma sensibilidade especial para captar os movimentos de Deus e a Sua graça no meio do acontecer diário e no coração dos homens.

Isto foi oferecido ao Pai pela Mãe e Rainha, e também Ela o oferece à Família, mas com muitas e fecundas horas de silêncio no Santuário.

Por isso sonho com uma renovada corrente de vida para e desde o Santuário como centro vital na Aliança de Amor com a Mãe e Rainha.

Ir cada um só ou com o seu grupo, ou com o Ramo, muito e bem ao Santuário, em qualquer das suas formas, para levar o capital de graças, para lhe mostrar que a amamos realmente, para fazer-lhe suave violência por mais 100 anos e para nos tornarmos sensíveis à obra de Deus. Sensíveis à graça e às graças que brotam do Santuário como um rio.

Sonho também em cada schoenstattiano com a sua Mãe Peregrina…os pés não se vão gastar. Ela fará esse milagre? Com uma sensibilidade nova para entregá-la, com consciência de instrumento para ajudar a que muitos outros conheçam o Santuário. Que bonito abrir pela primeira vez o Santuário a alguém que perdeu o sentido da vida, o lar interior ou o sentir de uma criança! Com consciência de ser Santuário vivo para os solitários e angustiados, ser como una aparição d’ Ela: fortes, dignos, alegres, simples, muito simples…como Ela. Profundos no encontro. Isso leva tempo, olhares conscientes de ser portadores de Alguém, não de algo. Faz falta o nosso desprendimento interior.

Sonho crer e comunicar a riqueza da Aliança à Igreja como caminho de cura, crescimento humano e santificação, ser instrumento vivo para que outros -livre e lucidamente- façam a sua Aliança de Amor. Como guardar este tesouro que modificou a nossa vida pela eternidade?

Que os nossos Santuários se encham de jovens, muitos (nascemos com eles!) e de idosos com memoria de Família.

Sonho com que demos a conhecer a muitos o pensamento profético, não domesticado, do Padre Kentenich, o seu diagnóstico sobre o homem de hoje e a sua oferta de cura, a que ele experimentou… e dar-lhes a provar a medicina no Santuário, com a Mãe e Rainha e pondo como penhor o nosso coração entregado.

A Mãe e Rainha no Santuário salvou a minha vida humana e sacerdotal muitas vezes, e a vida de muitos que Jesus Bom Pastor me confiou. Isso é graça. Nada sem Ti. Nada sem nós.

Por sorte, sonhar, ainda, não custa nada.

¡Obrigado!

Com Cristo seu Filho abençoe-nos a Virgem Maria.

Original: espanhol. Tradução: Maria de Lurdes Dias, Lisboa, Portugal

 

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