Uma imagem presbiteral paulinamente acentuada

Entrevista com o mons. Peter Wolf acerca do Ano Sacerdotal

Dr. Peter Wolf Dr. Peter Wolf Dr. Peter Wolf
El nuevo libro con textos del Padre Kentenich sobre el sacerdocio The new book with texts by Fr. Kentenich on priesthood Das neue Buch mit Texten von P. Kentenich zum Priestertum
Un contenido fascinante... Fascinating aspects Schon beim ersten Durchblättern wird klar: da sind Schätze drin Foto: Archiv © 2009

SCHOENSTATT/ ROMA, mkf. O Ano Sacerdotal, cujo lema é: "A Fidelidade de Cristo, a Fidelidade do Sacerdote", recorda a figura de João Batista Maria Vianney (1786-1859), patrono dos sacerdotes, falecido há 150 anos e conhecido como "Cura de Ars", cujas relíquias serão levadas de Ars-sur-Formais para Roma para a abertura solene do Ano Sacerdotal. No encerramento deste Ano Sacerdotal, a ocorrer em 12 de junho de 2010, presbíteros do mundo inteiro renovarão publicamente suas promessas de fidelidade a Cristo em uma concentração na Praça de São Pedro, em Roma.

Por ocasião do Ano Sacerdotal, mons. Peter Wolf, reitor geral do Instituto dos Padres Diocesanos de Schoenstatt, concedeu uma entrevista pormenorizada a respeito do sentido do Ano Sacerdotal, falando outrossim do novo livro editado com textos do Pe.Kentenich para este Ano Sacerdotal, bem como da razão por que o Ano Sacerdotal é causa de grande alegria para Schoenstatt.

1)No dia 19 de junho, portanto, sexta-feira próxima, inicia-se o Ano Sacerdotal. Quais as suas expectativas para este Ano Sacerdotal, como responsável de uma comunidade presbiteral internacionalmente difundida?

Para mim, antes de mais, foi uma surpresa, tal como fora o Ano Paulino, quando, em março derradeiro, o papa Bento anunciou um Ano Sacerdotal, uma disposição do Espírito Santo. Primeiramente, minha expectativa é que o Ano Sacerdotal seja um ano de encorajamento para muitos presbíteros; depois, de minha parte, desejo que muitos confrades de nosso Instituto, de paróquias e de comunidades religiosas tirem bom proveito deste Ano Sacerdotal, e que este desperte vida e criatividade, tal como sucedeu no Ano Paulino. Em suma: espero que à luz do Concílio Vaticano II muitos membros da Igreja vejam o ministério presbiteral como serviço ao sacerdócio comum de todos os batizados, e que possa ser cada vez mais vivenciado.

2) O cardeal Cláudio Hummes escreveu uma longa carta aos presbíteros como ocasião deste Ano Sacerdotal. Que mais o impressionou nesta carta?

O que me agradou na carta do cardeal Hummes é o fato de ele falar de um "ano positivo", em que a Igreja deseja mostrar à sociedade mundial que se orgulha de seus presbíteros e lhes é grata por seu ministério. Com efeito, dom Cláudio faz outrossim menção de culpas graves, cometidas por alguns presbíteros, chegando até a punição; e a esse respeito não omite porém o empenho muito maior e o testemunho de vida positivo da imensa maioria dos presbíteros.

3) O cardeal Hummes convida outrossim a celebrar o início do Ano Sacerdotal nas Igrejas locais. Como será celebrada a abertura do Ano Sacerdotal em Schoenstatt?

Em Schoenstatt associaremos a abertura do Ano Sacerdotal à Missa da Aliança, celebrada na véspera da solenidade do Sagrado Coração de Jesus. O pe. Franz Brügger, provincial do Instituto dos Padres de Schoenstatt, da Alemanha, e presidente da Presidência Nacional, presidirá à Celebração Eucarística e convidará a Família de Schoenstatt para a celebração do Ano Sacerdotal.

4) Além disso, em sua carta dom Cláudio Hummes convida outrossim a dar a conhecer figuras presbiterais exemplares, quer de dioceses, quer de comunidades. Quais as figuras presbiterais lhe vêm agora espontaneamente à memória? Que poderiam elas patentear aos presbíteros e a toda a Igreja? Qual o presbítero tomado pelo senhor como modelo?

Convicto estou de que, até a sua mais recente história, todas as dioceses podem fazer referência a figuras presbiterais conceituadas e, em parte, insignes. A meu ver, valeria a pena manter viva a memória de tais presbíteros exemplares, apresentando em cada mês um deles nos boletins informativos diocesanos. Ante o olhar vem-me espontaneamente o testemunho de vida do Pe.José Kentenich, Fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt e de nossa comunidade dos Padres Diocesanos de Schoenstatt. Tanto em suas declarações quanto em seu ministério presbiteral, muitos foram os aspectos que se me tornaram visíveis do presbiterato, de sorte que ele se tornou para mim modelo para o meu próprio presbiterato. Outrossim penso no bem-aventurado Carlos Leisner, ordenado presbítero no Campo de Concentração de Dachau, Alemanha. Sua luta pela decisão em prol da vocação presbiteral afigura-me ser exemplar e benéfica precisamente para os jovens e seminaristas que se questionam a respeito da vocação.

5) O senhor publicou um livro para o Ano Sacerdotal. De que se trata? E que o levou a fazê-lo justamente agora?

Ainda antes de saber da intenção do Santo Padre de proclamar um Ano Sacerdotal, eu juntamente com confrades de minha comunidade presbiteral havíamos dado início a uma recolha de textos com testemunhos de nosso fundador, Pe.Kentenich, acerca do presbiterato, em vista da comemoração do centenário de sua ordenação presbiteral (8.07.1910). São textos de um grande cura de almas que na década dos anos trinta pregou retiros a uma terça parte do clero alemão. Na escolha de tais textos tive peculiarmente em conta aqueles presbíteros que procuram material para suas próprias contemplações e reflexões acerca de seu presbiterato. É uma ditosa disposição da Providência de que este livro já há muito havia sido planejado, de sorte que agora se encontra à disposição de todos os interessados no início do Ano Sacerdotal. O referido livro traz por título: "Berufen – geweiht – gesandt", e é uma publicação da Editorial Schoenstatt.

6) Quais os temas mais importantes tratados neste livro, sobretudo em vista do Ano Sacerdotal?

Neste livro encontram-se textos para os desafios e expectativas adversas dirigidas ao presbítero, exposições referentes à questão da noção de cada um acerca do presbiterato, assim quanto referentes à vida espiritual e estilo de vida do presbítero. Quiçá, a título de experiência, passo a fazer menção de alguns desses títulos que compõem este livro: "Expectativas dirigidas aos presbíteros. Participação no sacerdócio de Cristo. Uma missão profundamente profética. Orientação no Bom Pastor. O presbítero e Nossa Senhora. O presbítero não prescinde do auxílio de outrem, apoiando-se em sua própria força. Disponibilidade para novas vocações..."

7) Em que idiomas será publicado o livro?

Com base nas primeiras repercussões referentes à publicação deste livro, é-me do conhecimento até a presente data que no Chile os Padres de Schoenstatt já deram início a uma tradução para o espanhol; no Brasil está planejada uma tradução para o português, feita pela província das Irmãs de Maria; nos Estados Unidos da América outrossim já se iniciou a tradução para o inglês, e, em Burundi, África, também já se deu início à tradução para o francês.

8) Como irão organizar as comunidades presbiterais de Schoenstatt o Ano Sacerdotal?

Antes do anúncio de Roma a respeito do Ano Sacerdotal, as comunidades presbiterais schoenstattianas já haviam planejado comemorar o próximo ano à luz do jubileu do centenário da ordenação presbiteral de seu fundador; é desejo delas tirar proveito deste ano por excelência dedicado aos presbíteros para refletir sobre o presbiterato e sobre a sua própria missão. Além disso, em vista deste jubileu, encontram-se planejadas duas outras publicações: um livro com testemunhos de vida sobre o Pe.José Kentenich, e outro com reflexões sobre o presbiterato, qual publicação comemorativa. Ao longo deste ano achavam-se previstas em nossas comunidades presbiterais retiros que visam uma reflexão sobre a graça e sobre o desafio da ordenação. A coletânea de textos pretende ser, não somente um auxílio para a meditação pessoal, senão que para o encontro de grupos e cursos das comunidades. Um grupo de planejamento está trabalhando para a muitos confrades nossos espalhados pelo mundo inteiro possibilitar-lhes uma participação no grande encontro do Ano Sacerdotal. Além disso, em colaboração com os presbíteros do Movimento dos Focolares, aproveitamos a iniciativa para a realização de um grande congresso, a ocorrer em Roma, visando o intercâmbio espiritual internacional entre os presbíteros. Em Schoenstatt iremos celebrar o encerramento do Ano Sacerdotal no contexto do jubileu da ordenação presbiteral de nosso Fundador. Em Limburgo, Alemanha, iremos celebrar o dia da ordenação presbiteral do Pe.Kentenich na catedral, com a presença do bispo Tebartz-van Elst, e hospedar-nos-emos na Casa das Missões dos Palotinos, onde em 8.07.1910 foi ordenado o Pe.Kentenich.

9) Que vê o senhor como objetivo primordial para a imagem presbiteral nos dias de hoje?

A meu ver, será terminante que presbíteros sejam testemunhos vivos de Deus mediante seu ministério e existência, mantendo aberto o horizonte para Ele. Sua tarefa como "construtores de pontes" conquista nova atualidade, pois afigura que os homens orientados para a aquém perdem cada vez mais a visão do mundo sobrenatural.

10) Que vê o senhor como mensagem central do Pe.Kentenich para os presbíteros de nossos dias?

Em seu presbiterato, o próprio Pe.Kentenich orientou-se na pessoa de São Paulo Apóstolo; por isso amiúde ele convida seus confrades a frequentar a escola deste apóstolo. Sua própria concepção de presbiterato patenteia traços tipicamente paulinos e proféticos. Ele vê o presbítero, não primariamente ou até exclusivamente a partir de seu papel acentuado na liturgia, senão que o vê como aquele que, a exemplo de Paulo, é desafiado a ser portador da vida como um pai ou uma mãe: na fundação de comunidades e no despertar de nova vida cristã. Para o Pe.Kentenich o presbítero é chamado a servir abnegadamente a vocação para o sacerdócio comum de todos os batizados, assim quanto a vocação peculiar de cada um deles. A meu ver, o Pe.Kentenich muito nos encorajaria a ver o Ano Sacerdotal qual prosseguimento do Ano Paulino e a fecundar esta linha de vinculo; dado sob muitos aspectos nossa época ser análoga à do Apóstolo Paulo, há mister de uma imagem presbiteral com traços acentuados da personalidade de São Paulo Apóstolo, em que fulgurem mais intensamente os traços marianos e proféticos.

11) O senhor conheceu pessoalmente o Pe.Kentenich. Qual a recordação mais marcante que tem dele como presbítero?

Com esta pergunta sua referente à minha vivência pessoal com o Pe.Kentenich, torna-se-me notório de que nunca estive com ele em uma Celebração Eucarística, senão que o trago na memória pura e simplesmente a partir de encontros tidos com um grupo ou de conferências dada a um círculo maior. E não obstante algo sempre me ficou claro: Encontro-me com um presbítero convicto de que representa Deus, bem como seu mundo. Já quando estudante, as palavras da "realidade do sobrenatural" se me haviam feito notadas; e para mim ele foi-se tornando sempre mais uma testemunha fidedigna da realidade da fé. Trilhou seu caminho com o Deus da vida detendo-se em Seu amor de um modo sóbrio e crédulo na fé prática da Divina Providência. Seu trato com os desafios da vida levando-o até o campo de concentração e exílio tornou-se para mim prova de sua fidedignidade. O vínculo íntimo com esta testemunha de fé ajudou-me a crer em Deus e a encorajar outrem a fazê-lo. Poder-se-á dizer algo mais belo de um presbítero?

Esta entrevista foi conduzida pela ir. Maria Kornelia Fischer.

Tradução: Abadia da Ressurreição, Ponta Grossa, Paraná, Brasil