Conheço os meus, e os meus a mim me conhecem

O pe. Ángel Strada, Postulador da Causa da Beatificação do Pe. José Kentenich, narra algo referente a seus encontros com o Pe. Kentenich, assim quanto sobre o andamento do processo de beatificação

Compartió sus experiencias con el Padre Kentenich He shared his experiences with Fr. Kentenich Er erzählte von seinen Begegnungen mit Pater Kentenich Fotos: Juan Barbosa © 2008
P. José Kentenich Fr. Joseph Kentenich P. Josef Kentenich Foto: Archiv © 2008

SCHOENSTATT, Juan Barbosa. Em uma conferência, dada a um pequeno grupo, o pe. Ángel Strada, Postulador da Causa da Beatificação do Pe. José Kentenich, narrou recentemente algo a respeito de suas vivências com o Pai e Fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt, assim quanto transmitiu as mais recentes informações acerca da causa da beatificação do Pe. Kentenich e de alguns de seus filhos espirituais.

Os ouvintes privilegiados desta conferência foram romeiros do Chile, assistidos pelo pe. Juan Paolo Rovegna e pela ir. M. Alejandra. O presente artigo é um resumo deste encontro enriquecedor, ocorrido na véspera da partida do pe. Strada para a América Latina.

Um comentário sobre os seus inícios no presbiterado

Na simplicidade e cordialidade que lhe é bem peculiar, o pe. Strada deu início à conferência com breve relance mediante os inícios de sua vida com o mundo de Schoenstatt, quando em sua cidade natal , Córdoba, nem sequer havia o nicho da MTA na Villa Warcalde, situada a mais de 20 km do centro da cidade de Córdoba, uma das maiores cidades da Argentina. "A presença de Schoenstatt em Córdoba deve seu surgimento a uma corrente de Bellavista, Chile, pois tudo teve início com a visita dos três "Hernanes" (Hernán Alessandri, Hernán Montesinos e Hernán Krausse) em Córdoba."

O amor à Virgem de Schoenstatt, por estes três jovens chilenos irradiado, seu radical engajamento e o desejo de "inundar o mundo com Schoenstatt" despertou no jovem Ángel e em seus amigos uma única idéia: Colocar-se inteiramente à disposição desta Obra de Deus.

"Demos início a nossos estudos no Brasil, praticamente na ocasião em que nosso Fundador regressava a Roma, vindo do exílio ocorrido em Milwaukee, EUA. Seu desejo fora logo que todos nós deveríamos estudar conjuntamente na Alemanha, uma vez que deveríamos formar uma comunidade. No início isto afigurou ser um tanto difícil, pois éramos de idades diversas, vínhamos de países e de culturas diferentes; porém seguimos de bom agrado o desejo do Fundador; fizemos as malas e formulamos o lema de nosso curso: "Que alegria quando me disseram vamos para a casa do Pai." Nervosos e com frio chegamos a Schoenstatt – estava-se em 29 de março de 1966, e, nessa ocasião, fazia muito frio na Alemanha! Não obstante ainda na mesma noite o Pe. Kentenich iria dar-nos uma conferência. Quando o vi, sua presença causou em mim duas impressões fundamentais. A primeira: não era muito alto, media 1,68cm e falava com um estranho timbre de voz (a típica sonoridade do Reno) e a segunda: tinha-se a impressão de estar ante um patriarca, como Abraão ou Moisés. Uma alma com firme personalidade vigorosa e, ao mesmo tempo, cordial."

É bem sabido de que o pe. Ángel Strada desfruta de excelente memória; peculiarmente acentuou o não olvidar a mensagem que o Pe. Kentenich lhes havia transmitido de forma bem clara: "Cada um tem de conservar a própria identidade e respeitar a de outrem. Assim, os sul-americanos não podem germanizar-se, e vice-versa." Pegadas insolúveis traçadas pelo Fundador e que sua fundação hoje transmite: Respeito ante a unicidade e originalidade de cada indivíduo e de cada missão pessoal.

Uma distância longínqua os separava do Fundador?

No dia imediato partiram para o seu definitivo domicílio em terras germânicas, ou melhor, para o Seminário de Muenster, situado a 250 km de Schoenstatt. Uma distância nitidamente bem longínqua para estes jovens que queriam estar junto do Pe. Kentenich e, além disso, haviam imaginado tê-lo "só" para eles. "Escrevemo-lhes uma carta na qual, em franqueza juvenil, lhe expressamos nossa total discordância com ele pelo fato de termos sido enviados para tão longe". Logo que lhe havia chegado a carta às mãos, o Pe. Kentenich entrou em contato telefônico com o reitor do seminário manifestando sua indignação por tal fato, dizendo que iria o quanto antes a Muenster. Transcorridos dois meses, o Pe. Kentenich viajou de trem (em segunda classe e sem bagagem) para Muenster, a fim de se encontrar com os jovens estudantes. "Em face disso, fizemos questão de informar a todo o Movimento de Schoenstatt de Muenster de que a finalidade de sua vinda a Muenster residia em encontrar-se exclusivamente conosco, de forma que seria de todo impossível algum planejamento que não fosse apenas este encontro nosso com ele!" E assim sucedeu. Além da Santa Missa e conferências, ele iria falar em particular com cada um, durante meia hora. "Na noite anterior daquele dia 23 de agosto de 1967", no dizer do pe. Ángel Strada," em que iria encontrar-me com ele às 8:30h em ponto, não consegui dormir em face de tão grande nervosismo."

Paternidade e o "escutar edificante" – traços inesquecíveis da personalidade do Pe. Kentenich

"Ao entrar na sala onde ele se encontrava, pegou-me nas mãos e disse-me:" Como se chama? Donde vem?"Ao responder-lhe: "De Córdoba", acrescentou:" Ah! de Vila Warcalda!" Custou-me a crer que este homem de grande atividade e vivência ainda se recordava de que Vila Warcalda se situa nas abas de Córdoba, porque Carlos e seu irmão, hoje pe. Guillermo Mario Cassone, juntamente com sua mãe, o haviam visitado há cerca de oito anos! Ao lhe disser isso, respondeu-me com as palavras de Cristo: "Conheço os meus, e os meus a mim me conhecem". Este colóquio decorreu em uma atmosfera de muita tranqüilidade; fez-me muitas perguntas, preocupando-se com as ínfimas ninharias. Era um pai no verdadeiro sentido da palavra. Seus conselhos abrangiam o âmbito pessoal de cada um, inclusive o vestuário. Assim, aconselhou-os a comprar ceroulas para o inverno rigoroso em terras germânicas. De fato, interessava-se por tudo, por cada ninharia de cada um.

"Nos dias que antecederam ao encontro apoderou-se de mim certo medo de não encontrar as palavras certas, uma vez que, outrora, meus conhecimentos de alemão não eram muito famosos. Estava preocupado de não poder dizer o que, na verdade, pretendia dizer. Quando demos início ao colóquio, notei que meus conhecimentos de alemão superaram em muito minhas expectativas. A que se deveu isso? A razão é muito simples: vivenciei que alguém me escutava como ainda ninguém me havia escutado, com esta atenciosa forma de escutar que o Pe. Kentenich designava como "o escutar edificante"."

"Com a sua permissão e a do reitor, o colóquio prolongou-se mais do que previsto; confessei-me, e, depois, ele mesmo resumiu o colóquio em uma clareza e precisão que até ao presente ainda me causa certa admiração. Disse-me algo apenas respeitante a minha pessoa, sem eu lhe nada ter dito a tal respeito, chegando a antecipar-me algo referente à minha vida futura, que ainda hoje, ao relê-lo - ainda conservo o resumo daquele colóquio - a mim me pergunto: como pôde ele saber isso? Um profeta, sem dúvida alguma..."

A causa da beatificação do Pe. Kentenich e de seus discípulos

"Jamais havia concebido o pensamento", palavras do pe. Strada, "que um dia iria receber a missão de ser postulador da causa de sua beatificação! Porém sempre estive convicto: Encontrei-me com um santo."

Com estas palavras o pe. Strada transmitiu sua certeza do desfecho da causa bem sucedido, ainda que de modo algum presto. Assim, elucidou os presentes do que encerra a causa: fama de santidade, processo canônico com apreciação de vinte e oito mil documentos, equivalente a mais de mil livros com trezentas páginas cada um e mais de doze mil cartas regidas pelo Pe. Kentenich, intenso trabalho de análise de documentos (onde apenas há seis cooperadores, dos quais somente um fala espanhol). A seguir, o processo é entregue ao juízo de oito cardeais e, por fim, ao juízo definitivo do papa. Ainda que tudo tenha decorrido dentro de todos os conformes das prescrições canônicas, é de todo necessário um milagre obtido pela intercessão exclusiva do Pe. Kentenich; na verdade, um milagre físico de cura imediata ou quase imediata que não seja explicável à luz da medicina e que perdure; no caso da cura de câncer é necessário esperar cerca de dez anos para ser constatada cura total.

Esta conferência forneceu aos participantes uma série de informações a respeito das diversas etapas e critérios que a Igreja, em sua sabedoria, aplica ao processo de beatificação ou de canonização. Em relação a seu processo e de seus filhos e filhas espirituais, Carlos Leisner é o que se encontra mais avançado: foi beatificado, e já se deu início ao processo do milagre em prol da canonização. No tocante a José Engling, Ir. Emilie e Mário Hiriart, os processos diocesanos foram encerrados; quanto a João Pozzobon e ao Pe. Kentenich, o encerramento dos processos encontra-se bem iminente. Já em relação ao pe. Franz Reinisch e Gertraud von Bullien, seus processos ainda se encontram em fase inicial.

Mas uma coisa é evidente: Pe. Kentenich fundou uma verdadeira escola de santidade.

No desfecho da conferência, segundo o desejo dos presentes, esta conferência ter-se-ia prolongado ainda por várias horas, o pe.Strada lançou a todos o seguinte convite: "Levai o carisma do Fundador para aonde fordes. Partilhai com outrem a riqueza de sua doutrina. Não a guardemos apenas para nós, a fim de que, ao ser beatificado, se tudo correr com o devido êxito, estejam, não somente schoenstatteanos na Praça de São Pedro, senão outrossim que centenas de milhares de cristãos encham a Praça de São Pedro e louvem a Deus e lhe bendigam por sua Obra!"

Tradução: Abadia da Ressurreição, Ponta Grossa, Paraná, Brasil