"Leicidade e leicismo"Reunião dos Movimentos e Comunidades Novas no "Pontifício Conselho dos Leigos" |
ROMA, P. Alberto Eronti. No sábado dia 5 de março aconteceu no "Pontifício Conselho dos Leigos" a primeira reunião dos Movimentos e Comunidades Novas do ano 2005. Participaram 26 Associações e foi tratado o seguinte tema: "Leicidade e leicismo". Quem presidiu o encontro foi Dom Josef Clemens, Secretário do Conselho. O tema é muito atual, principalmente nos países que conformam o que chamamos a Nova Europa. A tensão entre a Igreja e alguns governos têm aumentado de maneira acelerada nos últimos meses. "Abandeirados" desta tensão têm sido os governos da França e da Espanha, mas também devem somar-se a eles outros que têm feito menos barulho, mas que caminham na mesma direção. Sem dúvida que os temas mais polêmicos têm sido: a Constituição Européia (onde não se quis nomear as "raízes cristãs" da Europa) e uma série de temas morais como por exemplo: a manipulação dos embriões humanos, a eutanásia, a anticoncepção utilizando métodos e meios, os chamados "casamentos homossexuais", o ensino religioso nas escolas, os símbolos religiosos externos, etc. O quê está por trás desta realidade? Quê idéias forçadas, quê fins são buscados com uma corrida acelerada contra o que a Igreja chama "a lei divina"? O Padre Kentenich costumava dizer-nos que "para entender algo, temos que saber que forças lhe deram origem". É isto o que o encontro pretendia e, ao mesmo tempo, vislumbrar as respostas. O direito e o dever de atuar na sociedadeDom Clemens fez uma introdução ao tema lembrando palavras do Papa ao Corpo Diplomático no ano 2004: "A religião na sociedade deve ser uma presença dialogante. Os fiéis esperam que o seu direito de participar na vida pública seja reconhecido, porque, hoje em dia, o que parece estar em perigo é a participação e a falta de liberdade religiosa. As limitações que se colocam aos fiéis, em nome da leicidade…" Depois da introdução aconteceu, como é o costume, a palestra sobre o tema. Desta vez foi convidado o Professor Giuseppe Della Torre, Reitor da LUMSA (Libera Università "Maria SS. Assunta"). Ele começou lembrando que "leigo" e "leicidade" têm hoje um significado genérico e ambíguo, o que permite fazer afirmações diversas e até contraditórias. No fundo, há uma grande ignorância em relação à etimologia e à história dos termos. Para a Igreja, o significado de ambos é exato, mas não é assim em relação ao uso social dos mesmos. Por exemplo, temos que lembrar que a palavra "leigo" provém do grego e era usada normalmente ao redor do final do século I para os membros da Igreja que não estavam consagrados "às coisas de Deus". Tanto Clemente I, o Papa, quanto Tertuliano, usavam esta palavra com o mesmo significado. A ambigüidade só começa na Idade Média e se potencializou mais ainda a partir da Revolução Francesa até hoje. Foi o Concilio Vaticano II que deu um conceito claro e definitivo ao que a Igreja entende por leigo e leicidade, o que por ser o contrário – clarifica o conceito do termo "leicismo". Para a Igreja á claro que o leigo, como membro da Igreja, tem o direito e o dever de atuar na sociedade, pois é o seu âmbito. O termo "leicismo" é identificado atualmente com o racionalismo e o humanismo absoluto, terminando na negação da verdade objetiva. Por isso ele insiste em que "a religião é um fato privado". Surge, intelectual e praticamente, uma supremacia do Estado e uma submissão do aspecto religioso ao mesmo. A conseqüência final é que a lei é dita pelo Estado e não por uma realidade sobrenatural. O "relativismo ético" e a "tolerância total" são filhos diletos do leicismo, que desconhece a dimensão espiritual e religiosa e rejeita toda verdade objetiva. É o esvaziamento dos valores e ideais mais sublimes do espírito humano; por isso, daí ao niilismo há um espaço muito curto. A Igreja não rejeita o caráter "de leigo" do Estado. Ela reconhece a autonomia da realidade temporal, mas afirma que é uma autonomia relativa porque o que é perene não é temporal e Deus, sim. Síntese das contribuições mais significativas do diálogoA Igreja entrou em um novo tempo "de tormentas". Não devemos ir "contra", e sim, procurar o que Deus nos pede desenvolver hoje como novidade evangélica. Temos que renovar-nos interiormente no "acontecimento transcendental" da história: Deus se fez homem. Deus se fez homem e percorreu o caminho do homem. Jesus Cristo é a Verdade encarnada. Esta é a Verdade que somos chamados a viver e a anunciar. Ele revela não só a verdade de Deus, mas também a verdade do homem e da comunidade humana. O desafio é viver a nossa fé. Deus nos chama através das circunstâncias não a ir "contra", mas a viver mais. O perigo da Igreja é a mediocridade de vida, realidade que não convence nem quem a vive nem a quem o vê vive-la. Os jovens necessitam modelos. A "idade adulta" da vida e da fé nos transformam em testemunhas de uma mensagem vivida como dom e tarefa. Joao Paulo II dizia aos jovens da França em sua primeira visita: "Sejam vocês uma interrogante irresistível". A força da vida! A quebra dos valores exige de nós valores e verdades vividos. O primeiro é a verdade viva e vivida, única realidade inegável. A Europa nos pede hoje em dia desenvolver uma pedagogia da fé. Trata-se de pregar em primeiro lugar com a vida, e só depois dar razão ao que se vive com a palavra. A Igreja perdeu em boa medida a sua consciência de missão. O Pai enviou ao Filho e o Filho enviou aos apóstolos "até os confins do mundo". A missão é a vontade do Pai, o Filho a realiza e a mesma é continuada na Igreja. Uma Igreja sem consciência de missão se desfigura e envelhece, a consciência de missão é garantia da sua juventude. Neste sentido, os moldes e métodos antigos desaparecem. Não podemos responder às novidades do século XXI com as respostas dos séculos anteriores. O único perene é o fato de que Deus se fez homem e deixou a sua mensagem em fatos e palavras. Qual é a pedagogia da fé no século XXI? Os jovens necessitam aprender a pensar, a raciocinar. Já não sabem fazê-lo, são capazes de "ligar" a TV; ou o telefone celular, ou o computador, mas não as suas mentes. São mais capazes de mobilizar as suas "vontades", as suas "emoções", mas não os ideais e valores que foram "desligados". Que estas anotações, por si mesmas incompletas, nos ajudem e alentem a viver o nosso amor à Igreja e nos renovem no dom recebido. Trad.; Afonso Wosny, Londrina, Brasil |
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18.03.2005
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