Posted On 2011-04-26 In Schoenstatteanos

O mártir que caminhava sobre as mãos

Fr. Alois AndritzkiPe. Marcelo Aravena/mkf. No dia 10 de dezembro de 2010, um decreto papal reconheceu o martírio do presbítero alemão Alois Andritzki, morto no Campo de Concentração de Dachau, Alemanha, em 1943. Sua beatificação ocorrerá no dia 13 de junho de 2011, em Dresden, Alemanha. Alois Andritzki (1914-1943) foi um jovem capelão sérbio, morto em consequência dos maus tratos que muitos presbíteros recebiam no Campo de Concentração de Dachau. Provavelmente a causa de sua morte foi uma injeção letal. Andritzki agonizava, vitima de tifo, contraído em Dachau. Para a administração do campo, ele era apenas um problema enfadonho, um fardo, razão por que foi eliminado. Alois Andritzki será o primeiro sérbio e outro sacerdote schoenstattiano a ser beatificado.

Reedição de uma entrevista sobre um desconhecido mártir de Dachau que será em breve beatificado

Fr. Alois AndritzkiAlois foi outra vitima de Dachau, uma figura desconhecida que, sem embargo, começou a dar que falar. Nasceu em Radibor, Silésia, Alemanha, sendo o quarto de seis irmãos. Outrossim os dois irmãos mais velhos foram presbíteros. Foi detido e levado prisioneiro para o Campo de Concentração de Dachau, devido a “atividades sediciosas” contra o regime nazista, sobretudo dentro da juventude; segundo documentos históricos, Alois era um presbítero muito vital, jovial e trabalhador, assim como um bom acrobata; na prisão divertia seus companheiros com as suas habilidades acrobáticas, sobretudo, caminhando sobre as mãos, distraindo assim, como figura excêntrica, todos aqueles que viviam no denominado “Inferno de Dachau”. (Pe. Sales Hess, KZ Dachau – Eine Welt ohne Gott, págs. 123 e 201).

Ingressou no campo de concentração em 2 de outubro de 1941, depois de haver sido detido pela polícia nazista por causa de duas razões que fizeram dele uma “pessoa perigosa” para o regime hitleriano e seus adeptos. No campo aderiu a um grupo de schoenstattianos conduzido por dois presbíteros schoenstattianos: José Fischer e Heinz Dresbach. Pouco depois, volvidos cinco meses, o Padre Kentenich ingressou outrossim neste campo de concentração, sob a mesma acusação.

Presentemente, o Bispo de Dresden, Dom Joaquim Reinelt, é o Postulador da causa de canonização deste jovem presbítero. O prelado esperava que o Papa João Paulo II iria beatificá-lo como exemplo e testemunha de fé (DT/KNA13.12.200). Por essa razão foi fundada a Associação Cyrill-Methodius. Devido à morte do Papa João Paulo II em 2005 e à posterior eleição de Bento XVI, este evento foi, porém, adiado. Agora a beatificação está prevista para a segunda-feira de Pentecostes.

Em 2003, o Padre Marcelo reuniu valiosas informações a respeito de Alois Andritzki em uma entrevista concedida pelo Mons. Hermann Gebert, membro do Instituto dos Sacerdotes Diocesanos de Schoenstatt, que nos levou a conhecer mais de perto a pessoa do candidato à honra dos altares. Mons. Gebert, um homem mais velho, mas brilhante e ativo, jaz agora em uma cama e há mister de cuidado permanente, devido a um AVC, sofrido em setembro de 2010. Sentimo-nos orgulhosos de republicar esta entrevista, agora outrossim traduzida em inglês, italiano, alemão e português, na preparação para a beatificação de Alois Andritzki.

Como foi seu encontro com o Padre Alois Andritzki?

Memorial plaque in Dachau - placed right beneath the MTA picture and the picture of Fr KentenichPrimeiramente conheci a pessoa do Padre Alois por intermédio dos presbíteros José Fischer e Heinz Dresbach, ambos schoenstattianos, que haviam convivido com ele no campo de concentração. Deles recebi algumas informações. Além disso, era tarefa minha escrever biografias breves(60) sobre os presbíteros que tiveram contato com Schoenstatt no Campo de Concentração de Dachau.

Que podemos destacar da biografia deste presbítero, com particularidade?

Alois Andritzki travou conhecimento com o Movimento Apostólico de Schoenstatt no campo de concentração; é importante frisar que o bem-aventurado Carlos Leisner, Ricardo Henkes – um sacerdote palotino, cuja causa de beatificação foi igualmente iniciada – e Gerhard Hirschfelder, um pároco alemão, beatificado no ano passado, faziam parte desse grupo. O Padre José Fischer contou-me pessoalmente que Andritzki se encontrava a caminho de se tornar schoenstattiano e de selar a Aliança de Amor. Há dois aspectos que nos revelam algo mais a seu respeito: Primeiro, foi escuteiro e também um bom esportista, e assim divertia os companheiros na prisão, enquanto caminhava por breves instantes sobre as mãos. Porém suas habilidades acrobáticas chegaram a seu término, quando lhe vieram a faltar as forças; pois cabe aqui recordar que os anos 1941-42 foram anos de fome extrema no campo de concentração. O segundo aspecto é que no Natal de 1942 ele havia pintado um quadro da Sagrada Família em Belém, com materiais muito rudimentares; embora não tivesse sido uma grande obra de arte, foi uma fonte de grande alegria para aqueles que visitavam a capela do bloco 26 onde os presbíteros se encontravam detidos. Certamente o exemplo de Andritzki alentou muitos de seus companheiros.

E o fim da vida de Andritzki?

Walking on his handsSim, aqui podemos apenas citar o que Lenz disse a respeito da morte do Padre Alois (Pe. Lenz, CHRISTUS in Dachau, pág. 244) . No Natal de 1942, Andritzki havia adoecido de tifo, assim foi participado à enfermaria em meados de janeiro. Quando estava agonizando, pediu a comunhão. Em face de tal pedido, o guarda respondeu sarcasticamente: “Ele quer Cristo. Vamos dar-lhe uma injeção.” Em 2 de fevereiro de 1943, faleceu Andritzki, vitima de envenenamento ou de sobredosagem de uma substância química, pouco antes de receber a absolvição. Seu corpo foi esquartejado e cremado no crematório como todos os demais cadáveres. As exéquias fúnebres ocorreram em 15 de abril de 1943, em Dresden, Diocese de Meissen, Alemanha.

Que se pode dizer a respeito do sentido e da mensagem de sua morte?

Isso tem de ser visto no contexto da causa de sua detenção (em janeiro e agosto de 1941). Segundo os registros, ele foi detido devido a “atividades pérfidas e maliciosas contra a juventude e Estado”. Em última estância, ele ofereceu a vida em prol do Reino de Deus e faleceu como mártir, devido aos maus tratos sofridos na prisão. O Padre Alois Andritzki é um modelo e exemplo de santidade presbiteral.

Por que é Andritzki importante para o senhor?

É importante, não somente para mim, senão para toda a nossa comunidade. É um dever de fidelidade e de gratidão, por parte da comunidade dos sacerdotes de Schoenstatt, que todos os presbíteros que deram a vida no campo de concentração sejam inseridos na lista dos mártires santos da Igreja.

Como se pode apoiar esta causa da beatificação, aberta em 1998 por Dom Joaquim Reinelt?

Dando a conhecer a pessoa de Alois Andritzki, de modo particular aos presbíteros e à Família Internacional de Schoenstatt, sobretudo na Europa Oriental. Outro aspecto primordial é recorrer à sua intercessão, rezando por sua beatificação e, sobretudo, ajudar financeiramente a causa da beatificação, pois esta tem de ser financiada.

Muito obrigado, Mons. Gebert, por seu tempo e por se haver colocado à disposição para esta reportagem.

Tradução: Abadia da Ressurreição, Ponta Grossa, PR, Brasil

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