Posted On 2011-01-29 In Schoenstatteanos

A Aliança de Amor faz de Francisco um homem livre

Francisco ZioberIr. M. Nilza P. da Silva. O visivel crescimento espiritual de Francisco Ziober é um testemunho do atuar da Mãe e Rainha de Schoenstatt, como a grande educadora, em seu Santuário. O testemunho de seu irmão Osvaldo, nos deixa perceber isso bem claramente.

 

 

 

 

 

Quando Ziober foi diagnosticado com leucemia, havia decidido participar na Liga de Familias de Schoensattt. Ele sabia exatamente o que acarretava sua enfermidade e sofreu muito. Conta seu irmão Osvaldo: “Recordo-me ainda do dia em que ele recebeu a notícia. Eu estava na oficina da nossa família. Francisco chegou e chamou-me ao escritório. No escritório, encostando-se e se encolhendo em um canto escuro, como procurando esconder-se, disse chorando: ‘Osvaldo! E o sangue! É o sangue!’ Ele sabia muito bem o que significava a palavra ‘Leucemia’.”

Entrei no movimento para servir

O capital de graças é a senha de forças para Francisco. Ele pesquisa e lê tudo o que se relaciona com sua enfermidade. Sabe que em sua época se tratava de uma enfermidade incurável e que a morte se aproximava. No entanto, sem perder o ânimo, inicia sua caminhada no Movimento de Schoenstatt e suas reações são muito normais. Ele não chama a atenção dos outros sobre a grande dor que carrega, mas está na Obra para servir o carisma do Pe. Kentenich. Na primeira vez que fez uma oração para a Liga de Famílias, em um dia 18, disse: “Eu entrei no Movimento para servir…” Longe de querer atrair a compaixão das pessoas, Francisco causa alegria a todos. Que isso tinha efeitos, comprova que as pessoas nem sequer entendiam quando Francisco não conseguia forçar o seu físico e, às vezes, até era julgado preguiçoso. Mas, a aliança de amor vivida era a força de Ziober.

Com os poucos recursos de Londrina, na época, Francisco tinha que ser tratado em São Paulo, distante 8 horas de viagem em ônibus. As constantes viagens para São Paulo tinham duplo efeito, se de um lado o debilitava pelo cansaço, por outro lado, era um alívio pelos medicamentos que recebia. Mas, para Francisco, cada viagem era uma oportunidade de reflexão e ele as aproveitava como um verdadeiro retiro espiritual.

Seu irmão Osvaldo anota em seu diário sobre isso: “Fui com para a casa do Francisco. Lá conversamos até a meia noite e meia. Ele está tendo um crescimento espiritual muito grande. Creio que ele terá uma grande missão.” (20/09/1963) E cinco dias mais tarde: “Contou-me que naquele dia, na parte da tarde, estava magoado com a notícia que talvez, possivelmente, estaria com hepatite. Estava deitado e olhou para o quadro da Mãe Três Vezes Admirável. O rosto dela estava iluminado. Não sabia se era um raio de sol ou o que, mas ficou muito tocado com isso.”

Um dirigente dedicado

Mas, exteriormente quase nada muda. Francisco é eleito dirigente de seu grupo e, apesar da doença, Francisco procura participar das atividades do Movimento, participando, inclusive, dos torneios de futebol de salão disputados pelas equipes dos grupos dos jovens e dos casados. Jogava no gol para não se cansar muito. Participava também das “Tardes-Alegres”, que eram apresentações de teatro humorístico, que a juventude e os casais faziam em conjunto. Francisco era um excelente humorista e fazia todos rirem muito. Para o dia 18 de setembro, o último dia da aliança de sua vida, Francisco ainda se comprometera fazer uma palestra para a Família de Schoenstatt, em Londrina. Como se encontra hospitalizado, em São Paulo, ele escreve a palestra e pede que seu coirmão de grupo a transmita em seu lugar. No leito, ele renova sua aliança de amor e a Mãe de Deus aceita seu filho predileto.

Abandono total nas mãos da Mãe

No entanto, quanto mais os dias passam tanto mais debilitado Francisco se torna, ao mesmo tempo que sua alma vai se agigantando no desprendimento. Com dois filhos pequenos e uma jovem esposa repleta de sonhos para uma família ideal, Francisco aos poucos vai se abandonando nas mãos da Mãe e Rainha. No dia 21 de setembro de 1964, confessa para seu irmão que “havia entregado tudo nas mãos da Mãe. Que se fosse possível, que Ela afastasse dele este cálice, mas que estava pronto para enfrentar a morte. Se a Mãe julgasse necessário para a Obra (Movimento Apostólico de Schoenstatt) e para a volta do Sr. Padre (Pe. José Kentenich estava exilado nos EUA), que ele morresse, que ele estava pronto. Disse-me que oferecera sua vida à Mãe nestas intenções. Pediu que Ela lhe desse a graça de voltar ainda vivo para Londrina/PR. Depois disso sentiu-se em paz e surgiu a certeza que seria atendido. Pediu-me para rezar e esforçar-me para isso. Se isso não fosse concedido, que ele aceitaria a vontade da Mãe. Neste dia conversamos muito.

A atitude dele era de conformidade com a vontade de Deus. Dizia: ‘não me importo de morrer, mas gostaria de morrer em Londrina.'”

Na entrega de sua vida, vivencia momentos de tranquilidade mesclado com momentos de lutas. Francisco amadurece aos poucos e a Mãe de Deus vai trabalhando em sua alma. Em 22 de setembro, ao ser visitado por Osvaldo e este perguntar sobre seu estado, responde vibrante: “Agora estou inteiramente nas mãos da Mãe. Dia 21, ofereci minha vida à Mãe pelos fins da Obra e pela volta do Sr. Padre. Sempre temia que chegasse esta hora porque me julgava um covarde. Como é fácil, Osvaldo! Como é fácil!”

Revelou grande maturidade e coragem diante da morte

Disse a Osvaldo que “tinha feito a Inscriptio de José Engling e que não iria retirá-la se sarasse. Fiquei feliz com isso. Pareceu-me, e ele mesmo disse isso, que estes últimos dias foram para ele uma extraordinária escola de amadurecimento.”

Seu irmão anota ainda mais, pois a maturidade espiritual de Francisco se irradiava e influenciava a vida dos que o acompanham de perto: “Eu pedira muito, em outras ocasiões, a José Engling, o milagre da cura do Francisco. Vendo o Francisco tão transformado e feliz, passou-me pela cabeça o pensamento: se agora acontecesse o milagre que a gente tanto pedira? Confesso que o meu sentimento foi: agora não quero mais! Pensei no Francisco de antes: um bom homem, bom pai de família, mas diante do Francisco que ali estava, senti como se ele tivesse ultrapassado um limiar e que a volta seria uma perda.

Naqueles dias o Francisco quis conversar sobre o que deveria ser feito após a morte dele. A atitude dele, sua naturalidade, deixou-me à vontade para tratar de um assunto normalmente tão embaraçoso. Ele transmitia tanta calma e tanta paz que planejar com ele o que deveria ser feito após sua morte não era, para mim, nem absurdo, nem angustiante. Ele estava feliz.”

Francisco é um homem livre

Com essa felicidade de quem nada mais reserva para si, na aliança de amor, Francisco é recebido no céu. Deixemos que seu irmão continue a nos contar:

“27/09/1964: Neste dia, atrasei em relação ao horário que costumava chegar para cuidar dele à noite, devido a problemas no transito. Quando caminhava pelos corredores do hospital, tive a sensação que algo acontecera. Apressei o passo. Quando entrei na enfermaria, já estava no fim do crepúsculo. Podia ver o céu escuro, um pouco avermelhado.

O leito do Francisco estava ao lado da porta da enfermaria, a cabeceira do lado da porta, com um biombo isolando a cama das vistas do corredor. As luzes ainda estavam apagadas, a enfermaria estava escura. Acendi as luzes e vi o Francisco levemente inclinado para fora da cama, para o lado esquerdo dele, com o braço esquerdo pendente. Recoloquei-o na posição normal e pude sentir que seus braços e corpo estavam quentes, porém os dedos estavam frios. Fui chamar a médica de plantão, jovem da minha faixa de idade na época, que provavelmente era estagiária e disse-lhe que acreditava que meu irmão tinha morrido. Ela assustou-se e ficou um tanto atrapalhada ao pegar o estetoscópio. Fomos à enfermaria e ela examinou e confirmou minhas suspeitas. Fechei os olhos dele, que estavam entreabertos.

O Francisco, antes da leucemia, era um homem alto, forte, muito ativo, cheio de energia. O progresso da doença, ao longo dos anos, foi reduzindo suas capacidades físicas até o ponto de não poder se mexer sem ajuda, nos seus últimos dias de vida. Sabia que ele sofria muito com isso e isto me incomodava muito. Lembro-me que, após a saída da médica, olhei para o céu através da janela e pensei: agora ele não está mais preso. Em Deus ele agora está livre por todo o universo.”

Francisco Ziober vive!

Ele vive para sempre sua aliança de amor! Ele é livre de tudo para amar na plenitude divina em Deus e com Deus. Quando seu irmão, retornando para Londrina, se encontra com a Irmã assessora da Liga de Famílias, comunica-lhe a passagem de Francisco com as palavras: “Irmã, tenho uma informação e não sei o que fazer com ela: O Francisco ofereceu a vida à Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt pelos fins da Obra e pela volta do Pai Fundador”. Francisco é velado no Santuário da Mãe e Rainha, em Londrina, e a Família de Schoenstatt acompanha intensamente os seus últimos momentos. O corpo é sepultado, mas seu espírito vive como exemplo e força para todos os que selam a aliança de amor.

Se seu irmão não sabe o que fazer com a informação, a Mãe e Rainha sabe muito bem o que fazer com o sacrifício de vida de Francisco: as tramitações pela liberdade do Pe. Kentenoch de seu exílio corre veloz. Poucos dias após a entregra de Francisco a Igreja declara a autonomia da Obra de Schoenstatt, para seu melhor desenvovimento e menos de um ano após sua entrega de vida, Pe. Kentenich retorna para Roma e é reabilitado em suas funções como diretor e Pai e Fundador da Obra de Schoenstatt.

Agradecemos ao Osvaldo que, 50 anos após a entrega de vida de seu irmão, compartilha tão vivamente conosco tais acontecimentos de graças. Que a preparação para o centenário da aliança de amor, em 2014, desperte o herói no coração de todo aquele que sela a aliança de amor e a Mãe de Deus possa oferecer ao Pai frutos maduros de sua escola de santidade, pois, como afirma João Paulo II, “é de santos que o mundo atual mais necessita!”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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