Mario Hiriart Cruz - Foto: Dillinger

Posted On 2023-05-16 In Schoenstatteanos, Vida em Aliança

Mário foi-me acompanhando silenciosamente neste processo vocacional

Ignacio Suazo, Chile •

Não posso dizer com exactidão quando descobri a minha vocação para a vida laical consagrada ou quando me decidi pelos Irmãos de Maria de Schoenstatt. Como talvez aconteça com muitos, a minha vida é tecida de muitos momentos e não é fácil encontrar a ligação entre eles. Mas hoje vejo pelo menos um fio que percorre toda a história da minha vocação e é este: ela foi acompanhada por Mário Hiriart. —

Vocación con Mario Hiriart

Ignacio Suazo

Como acontece frequentemente com as coisas importantes da vida, a minha relação com Mario e com os Irmãos de Maria foi inicialmente confusa e obscura, mas também familiar e real. Não posso dizer com exactidão quando ouvi falar da comunidade pela primeira vez. Mas posso dizer que foi de mãos dadas com ele. Eu cresci numa família de Schoenstatt em Curicó e sabia que ele tinha dado a sua vida em e por Schoenstatt. Sabia ─ também ─ que ele o fez como Irmão de Maria.

Por causa da familiaridade que tinha com Mario, não é de se estranhar que, em algum momento dos meus 17 ou 18 anos, eu tenha participado numa palestra que um Irmão de Maria, chamado Pedro Dillinger, faria sobre seu confrade da família Tierra Joven. Não me lembro do que Pedro falou naquela ocasião, mas lembro que meu coração bateu mais forte depois daquele encontro. No entanto, só muito mais tarde é que tive consciência do que isso significava para mim.

En Schoenstatt. Roberto González, Paraguay;Patrick, del Congo, está estudiando alemán con Ignacio.

Em Schoenstatt. Roberto González, Paraguai; Patrick, do Congo, estuda alemão com Ignacio

Encontrei-me diante de um homem e de uma visão

Durante o meu tempo na Juventude Masculina em Campanário, fiquei a conhecer um pouco mais sobre a vida do nosso (espero) futuro Beato e sobre o Instituto, sem ir muito fundo em ambos. De facto, só em 2014 é que comecei a interiorizar de forma vital a missão dos Irmãos de Maria. E isso aconteceu novamente pela mão de Mário. No início desse ano, tive a sorte (se assim se pode dizer) de conhecer Amelia Peirone, a então Postuladora da causa deste engenheiro da Universidade Católica. Com o seu entusiasmo e profundo conhecimento da sua vida, ela soube transmitir-me a importância de Mário para o Schoenstatt do nosso tempo. Teve também a amabilidade de me oferecer o livro “Biografia em corpo e alma” de Isabel Margarita González. A sua leitura foi para mim um marco decisivo.

Ao ler este livro, vi-me confrontado com um homem e uma visão. Antes de mais, deparei-me com um homem determinado a ser santo; que compreendeu que a santidade era simultaneamente um caminho de realização pessoal e o verdadeiro remédio para os males do mundo. Além disso, ele enfrentava problemas que eu também estava a viver: a dificuldade de encontrar tempo para rezar e escrever, a falta de tempo, a impotência de querer fazer mais e não poder fazer mais, etc. Li tudo isto e pensei: “se este homem se tornou Venerável assim, então eu também posso”.

Fiz dele o santo padroeiro da minha vida profissional

Mario Hiriart (centro)

Mario Hiriart (ao centro)

Mas quando li este livro, não só encontrei o Mario como pessoa, mas também os seus pensamentos. O livro de Margarita dá-nos a conhecer um homem culto e informado, que compreende e procura compreender o mundo que o rodeia através do estudo e da dedicação. Era um engenheiro (que também rezava com fórmulas matemáticas!), mas no seu diário fala fluentemente de literatura, filosofia e teologia; e facilmente põe tudo isto em diálogo com o mundo de Schoenstatt e da Igreja. E isso fascinava-me. Sem o saber na altura, ele começava a compreender a essência da missão dos Irmãos de Maria.

O que primeiro compreendi intelectualmente, pouco a pouco, levei-o para o meu coração através da oração. Comecei a rezar a novena de Mario e fiz dele o santo padroeiro da minha vida profissional. Nessa altura, um colega do meu trabalho ofereceu-me também uma imagem de Mario, que eu colocava sempre na minha secretária. Comecei assim a criar uma relação pessoal com ele.

Passado algum tempo, decidi dar-me mais tempo para rezar e comecei a visitar o túmulo de quem esperamos seja o nosso próximo santo chileno. Fazia-o para lhe pedir forças para trabalhar com dedicação e clareza para enfrentar os desafios de trabalho da semana. Na mesma época, começou a nascer em mim o desejo de entrar para a comunidade dos Irmãos de Maria. Naquela época eu não via uma relação tão directa entre uma coisa e outra. Hoje só posso pensar que Mario me acompanhava silenciosamente nesse processo vocacional. Ainda demorou algum tempo para que eu finalmente decidisse candidatar-me, mas desta vez sim eu passei por todo o processo conscientemente com Mario ao meu lado.

Deus serviu-se de Mario para me guiar e para me ajudar a compreender a vocação dos leigos

Hoje escrevo estas linhas na Alemanha, onde estou a iniciar a minha formação com a comunidade dos Irmãos de Maria. E não posso deixar de admirar como Deus se serviu de Mario para me guiar e me ajudar a compreender a vocação dos leigos. Hoje posso dizer de Mario o que o Pe. Kentenich esperava de nós e expressou na palestra de 31 de Maio: ele é certamente um sinal no caminho, mas também um companheiro; com quem vamos lado a lado até à Eternidade. E embora a vida em Deus exija incerteza ─ “O vento sopra onde quer, e ouves o seu ruído, mas não sabes donde vem nem para onde vai” (Jo 3,8)─ hoje conto com Mario; com o seu património intelectual e sobretudo com a sua intercessão. Com a certeza de que, ao seu lado, nós, leigos, saberemos dar uma resposta adequada ao mundo da tecnologia, do trabalho e da cultura.

El día que llegué aBonn. Acá estoy estudiando alemán, en el Kreuzberg, una residencia universitaria para alumnos de postgrado. Me acompaña Roberto González, de Paraguay.

O dia em que cheguei a Bona. Aqui estou a estudar alemão, no Kreuzberg Bonn, Centro de Educação Internacional e Intercâmbio Cultural, onde se oferecem cursos de alemão como língua estrangeira com uma casa de estudos (alojamento e alimentação), patrocinada pelo Instituto dos Irmãos de Maria de Schoenstatt. No terreno há um Santuário de Schoenstatt. Estou acompanhado por Roberto González, do Paraguai

Fonte: Revista Vínculo, com autorização

Original: castelhano (12/5/2023). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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