Menschen

Posted On 2022-07-16 In Vida em Aliança

Ainda existem. Très nomes e rostos no diário da gratidão

H3M, Maria Fischer •

Eles ainda existem. Aqueles vizinhos, aquelas pessoas que encontramos uma vez na vida, na caixa do supermercado ou no parque de estacionamento… e que acabam no diário da gratidão e no teu coração e ficam e, são “culpados” da força com que enfrentas a vida e os desafios (E sim, os irritantes). —

Quarta-feira: compras depois do trabalho, algo para o escritório e bebidas, salada e fruta e chocolate para a visita à casa dos idosos e… A fila em frente às duas únicas caixas abertas é longa, quente e cheia de gente. Meto a mão na mala, entro em pânico, procuro, volto a entrar em pânico: o meu cartão de débito e cartão de crédito estão (esperemos) em casa, mas agora… não comigo. Quanto dinheiro tenho comigo? Trinta euros e o depósito da garrafa… Tarde demais para sair da fila, começo a classificar, a calcular, a menina da caixa faz as contas. E então este jovem, na casa dos vinte anos, diz à menina e a mim: “OK, põe o resto no meu, eu pago por ti”. O mundo pára por uma pequena eternidade. “Há realmente alguém como tu”, pergunto eu enquanto tiro os cinco euros que faltam do bolso das minhas calças. Eu nem sequer sei o seu nome. Ou sim, sei. O seu nome é Jesus e Jesus veste hoje uma T-shirt do HardRock Café. 

Domingo: chaves do carro, saco, outro saco, carteira e, na minha mente, ainda uma visita pesada a algumas pessoas doentes. De alguma forma, tudo está emaranhado e eu também estou. “Posso ajudar-te?” pergunta alguém atrás de mim que acabou de meter o seu carro no lugar de estacionamento. E, juntos, desenredamos… e rimos. Partilhamos parte da caminhada para casa. Quando chego à porta da frente, ele segue, diz adeus e diz: “Temos de ser uns para os outros, não faz mal. Se alguma vez precisares de alguma coisa, avisa-me. Tem um bom domingo”! 

Terça-feira: de repente penso neste jovem depois de ter tentado mover uma cadeira de escritório partida do meu terceiro andar para a rua durante uma hora. Amanhã de manhã há uma recolha de resíduos volumosos. O monstro não pode ser desmontado (pelo menos não por uma pessoa não técnica como eu), é demasiado largo e pesado e não há elevador. Bater às portas dos vizinhos da casa não ajudou. E assim fico em frente à porta, na rua, lembro-me deste encontro de domingo, espero… e simplesmente aproximo-me do homem que sai da casa diagonalmente oposta à minha com a filha e o cão. Mas claro, com prazer, se tiveres tempo até depois do passeio… Quarenta minutos depois ele toca à campainha, fica bastante embaraçado quando lhe agradeço com uma garrafa de vinho, desce alegre e despreocupadamente pelas escadas abaixo e chama-me: “Se alguma vez precisares de alguma coisa, Schwarz do outro lado da rua, toca à campainha, somos vizinhos!

Gente… sim. Eles ainda existem, as pessoas boas.

 

Original: alemão (13/7/2022). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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