Stau Brücken Gräben

Posted On 2021-08-15 In Vida em Aliança

“Não aumentou as diferenças entre os palotinos e os schoenstatteanos. Tratou de as superar”

ALEMANHA, Maria Fischer, com a reportagem da viagem do Pe. Matthias Weiß SAC •

A sua reportagem da viagem” nas notícias de Schoenstatt foi o impulso para lhe enviar uma saudação” escreve o Pe. Matthias Weiß SAC, que ainda sente que está no Generalato Palotino em Roma, apesar de estar na casa Palotina no Limburgo há já alguns anos. “Porquê? Porque no sábado a A 3 estava tão engarrafada que, muitos dos que queriam assistir ao funeral do Padre Hubert Socha não conseguiram chegar a tempo. O irmão e o sobrinho do Padre Socha de Mönchengladbach chegaram às 3 da tarde em vez das 10 da manhã previstas. Também o Padre Heribert Niederschlag, que deveria ser o Celebrante e pregador principal, chegou tarde, durante a Missa”.

Tenho de sorrir um pouco quando leio as linhas do Padre Weiß e imagino o sorriso do Padre Socha, que estava tão terrivelmente relutante em ser o centro das atenções e que, graças a um engarrafamento na A3, até o seu próprio funeral é colocado no modesto formato, de que ele gostava. “Suponho que também conheceu o Padre Socha. Conhecia-o desde 1955, quando começou o Noviciado, durante os seus estudos e as suas muitas visitas a Roma”, continuou o Padre Weiss. Sim, eu conhecia-o, nem me lembro de ter trocado mais do que algumas palavras com ele. Mas, como ele se sentou lá atrás no Santuário Original, sorridente e muito modestamente num canto, isso impressionou-me.

Ele gostava de estar na sombra

Hubert Socha fez 88 anos a 21 de Julho. Alguns dias mais tarde, a 1 de Agosto, festa do grande jurista e teólogo moral Afonso Maria de Ligório, morreu. Hubert, tal como Santo Afonso, foi um resoluto defensor da justiça. Eram também semelhantes na sua modéstia. Não é, portanto, surpreendente que, os estudantes, amigos e colegas de Hubert Socha tenham dedicado uma publicação comemorativa ao seu venerado professor por ocasião do seu 65º aniversário, em Julho de 1998, com o título “Justitia et Modestia”, “Justiça e Modéstia”, – um texto que ainda hoje vale a pena ler, 33 anos depois! No entanto, não foi fácil entregar a publicação comemorativa a Hubert. Ele tinha recusado liminarmente a cerimónia planeada, e não queria uma publicação comemorativa. Não se considerava digno dela! Eu era o Reitor da Universidade e queria presenteá-lo no seu aniversário. Sabia que Hubert costumava sair de casa muito cedo no dia dos seus anos, mas que visitava antes a nossa igreja. Conheci-o lá. Ele e eu estávamos sozinhos quando lhe entreguei a publicação comemorativa em frente ao Tabernáculo. Não permitiu mais nenhuma honraria. Preferiu reformar-se em silêncio em vez de uma celebração onde seria o centro das atenções. Era precisamente isso que ele não queria. O seu caminho era o de se retirar e seguir o seu caminho em silêncio. Ele adorava estar na sombra. É assim que o Padre Heribert Niederschlag, SAC, teria começado a sua palestra.

Ardendo

Hubert Socha nasceu a 21 de Julho de 1933 na cidade de Ziegenhals na Silésia, era o filho mais velho de Franz e Valeska Socha. A família incluía também dois irmãos e uma irmã. O pai tinha regressado da Primeira Guerra Mundial gravemente atingido. Devido às circunstâncias confusas da guerra, como o próprio Hubert escreve, primeiro frequentou a escola primária em Ziegenhals, depois a escola secundária e depois de 1945 novamente a escola primária polaca e terminou o liceu, em 1955, depois de frequentar várias escolas, em Wilhelmshaven.

Em Agosto de 1946, a família foi expulsa. Após uma viagem de sete dias num vagão de carga, chegaram a Wilhelmshaven e viveram num acampamento de quartel até 1953. Só então os Sochas puderam mudar-se para uma pequena casa. Mesmo no campo entrou em contacto com os Palotinos que ali celebravam a Missa. Hubert “ardeu” em 1950 numa reunião de jovens em Schoenstatt, onde permaneceu mais tempo do que os outros e, após as vésperas no Colégio Maior com cerca de uma centena de seminaristas, tomou a decisão de se tornar palotino. [1]

Na palestra do Padre Niederschlag diz-se:

“Quer se tratasse do trabalho de investigação que lhe foi pedido, da sua participação regular em conferências de professores, ou dos artigos que lhe foram pedidos para escrever, o Pe. Socha estava lá. Cumpriu com precisão os seus compromissos e deveres como professor universitário, e, também ocupou cargos de serviço como palotino. Em 2000 publicou o seu comentário de 900 páginas sobre a Lei Palotina, uma obra de grande ajuda para nós, os Irmãos da comunidade. Se vivêssemos o que lá lemos, possivelmente muito nas nossas comunidades palotinas mudaria para melhor.

Um dos seus principais projectos foi a preparação do reconhecimento eclesiástico da família palotina, a “Unio”, a principal preocupação de Vincent Pallotti. Hubert Socha quis também ancorar estruturalmente os esforços pastorais e missionários da Igreja. Assumiu esta tarefa difícil e demorada, escreveu artigos fundamentais sobre o assunto e comunicou com grupos da Unio em todo o mundo. Não há muitos palotinos que se tenham tornado tão conhecidos em todo o mundo como ele, embora nunca se tenha colocado no centro. Finalmente, a 28 de Outubro de 2003, pôde experimentar o reconhecimento oficial da Unio como Movimento Eclesiástico. Quem sabe se teria sido possível tão rapidamente sem ele. A Companhia do Apostolado Católico vê-se a si própria como uma “forma de ser Igreja” que, análoga a um Movimento, reconhece que é chamada a “viver a Igreja” à imitação de Jesus e do seu apostolado universal. O Padre Socha acreditava no objectivo de Vincent Pallotti de permitir a todos os crentes – como ele próprio o disse – “alcançar a perfeição no amor dado por Deus, perseguindo um objectivo apostólico de acordo com a sua vocação e modo de vida”. Nesta citação de Hubert Socha está escondido o programa do seu trabalho científico e pastoral e da sua vida pessoal.

Construir pontes

E há mais:

“Ele foi capaz de resistir e aliviar tensões, foi capaz de construir pontes”, disse o Pe. Niederschlag. Pontes com as pessoas que ficaram desapontadas com a Igreja. E: “Hubert, seguindo o conselho de um sacerdote de Wilhelmshaven, visitou Schoenstatt em 1950 e depois decidiu tornar-se Palotino. Estava e permaneceu grato pela vinculação a este lugar especial. Não aumentou as diferenças entre os Palotinos e os Schoenstatteanos. Tratou de as superar. A intervalos regulares celebrou a Missa na capela de Schoenstatt e depois também arranjou um tempo para lá falar”.

Não temos tempo para uma guerra de trincheiras. Não entre os Palotinos e Schoenstatt e de forma alguma na Igreja. O mundo clama por nós, clama para que as pessoas saiam e apenas ajudem, apenas sirvam, apenas sejam apóstolos.

“Penso que ele era um homem com o coração de Pallotti”, disse o padre Niederschlag. “Silencioso, humilde e sincero e sempre orientado para conquistar todas as pessoas de boa vontade e permitir-lhes trabalhar como apóstolos, para que a fé ganhasse nova força e o amor voltasse a arder”.

Quando hoje fiquei novamente presa na A3, pensei no Padre Socha. E sorri. E não pude deixar de rezar: caro Padre Socha, rogue por nós. Rogue por nós: Schoenstatt e a Igreja num engarrafamento de trânsito, entre trincheiras e pontes. Reze por nós. Agora.


[1] Obituário

Original: alemão (12/8/2021). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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