Posted On 2020-08-13 In Schoenstatteanos, Vida em Aliança

Três sinos e mel

BURUNDI, P. Christian BANYANGA, Isch •

São 7 horas da manhã desta sexta-feira, 7 de Agosto de 2020, quando ao amanhecer chegam os seminaristas dos Padres de Schoenstatt, um após o outro, à rua principal que conduz à grande igreja do Monte Sion Gikungu. Aí têm de esperar pelo veículo que levará o corpo do Padre Otmar Landolt. São quase 7 e 25 quando vemos um carro branco decorado com flores a passar pela porta principal do Monte Sion. O carro chega lentamente ao local onde estão os seminaristas que pegam no caixão e o colocam no veículo que o levará para o Santuário. Precisamente, quando o caixão está nas suas mãos, os sinos começam a tocar, os sinos que o próprio Padre Otmar tinha sugerido (ou digamos calmamente, exigido). —

 

Quando chegam ao Santuário, todos os membros da Comunidade, tanto sacerdotes como seminaristas, se colocam à volta do caixão do seu irmão da Comunidade. A tampa é aberta e podem ver o corpo coberto com uma alva branca e uma estola violeta. Juntos rezam a oração comunitária, antes de fecharem novamente o caixão e o levarem para fora, onde chegaram as pessoas  para prestarem a sua última homenagem ao seu Padre Otmar. As Irmãs de Maria, os Irmãos Marianos e todas as pessoas consagradas, assim como todos os crentes presentes, passam um após outro em frente dele, para pararem por um momento, se benzerem ou fazerem uma breve reverência, enquanto a Comunidade reza o Terço. São vinte para as nove quando o caixão é levantado e levado para a entrada principal da grande igreja onde será celebrada a Missa.

No meio da igreja

Dois bispos estão presentes, o Arcebispo de Bujumbura, Gervais Banshimiyubusa, como celebrante principal, e o Arcebispo emérito de Bujumbura, Evariste Ngoyagoye, o Vigário Geral da Diocese, Padre Anatole Ruberinyange, todos os Padres de Schoenstatt do Monte Sion Gikungu, bem como vários sacerdotes diocesanos e alguns mais de outros Movimentos e Comunidades. Após a oração feita pelo Arcebispo na entrada da igreja, a Missa começou. No início, o Padre Herménégilde Coyitungiye, Reitor do Santuário, leu uma breve biografia do Padre Otmar. A Homilia foi feita pelo Padre Félicien Nimbona, que falou longamente sobre o incansável compromisso do falecido com a nossa Comunidade no Burundi (Mutumba e Bujumbura): o Padre Otmar esteve muito envolvido na construção da Igreja da Santíssima Trindade no Monte Sion Gikungu, especialmente na contribuição do confessionário, da capela do Santíssimo e dos sinos.

 

O seu compromisso com a Igreja dos Peregrinos

Após a Missa, seis seminaristas acompanharam o caixão ao salão multiusos e depois levaram-no sobre os seus ombros até ao local de sepultamento. A sepultura tinha sido escavada a poucos metros da casa dos Padres, num jardim com tangerinas. O Arcebispo disse uma breve oração, acompanhada por alguns cânticos do coro. Fidèle Havyarimana, membro do Movimento de Schoenstatt, que tinha trabalhado durante muitos anos na sede do Movimento no Burundi, e que conhecia o Pe. Otmar, desde a sua chegada ao Burundi, deu um testemunho da sua vida. Testemunhou a sua coragem desde a sua chegada ao Burundi como um jovem padre, cheio de energia, um trabalhador corajoso para a construção da comunidade em Mutumba e Bujumbura. Fidèle leu então um testemunho do Padre Déogratias Maruhukiro, o primeiro Padre de Schoenstatt do Burundi, que trabalha na Europa há alguns anos. Falou sobre o apostolado que o Padre Otmar realizou no Burundi. Como apaixonado apicultor, ele não só cuidou do mel para a saúde, mas também do mel de santidade. Como primeiro Reitor do Santuário do Monte Sion Gikungu, convidou os peregrinos a tornarem-se pedras vivas do Santuário. A cerimónia do enterro terminou com a colocação de flores e com a “Salve Regina” cantada pelos Padres de Schoenstatt junto à sepultura. Após o enterro, teve lugar uma breve reunião na sala polivalente: o Superior dos Padres agradeceu a todos os que tinham vindo apoiar a Comunidade neste momento doloroso e convidou o Arcebispo a terminar com a bênção.

Fonte: www.peres-schoenstatt.org

Pioneiro

O Padre Otmar Landolt, nascido em Näfels, Suíça, morreu a 3 de Agosto aos 78 anos de idade em Bujumbura, Burundi, onde tinha trabalhado durante 46 anos.

O obituário dos Padres de Schoenstatt da Suíça diz o seguinte:

 

O Padre Otmar Landolt foi enviado ao Burundi em Agosto de 1974 e com a sua disponibilidade tornou possível a formação de uma primeira equipa para a nossa tarefa. Durante quase 20 anos, trabalhou com todo o seu coração na grande paróquia rural de Mutumba, nas margens do Lago Tanganica. Desde 1997 ajudou a construir o novo centro ‘Monte Sion Gikungu’ na cidade de Bujumbura. Até há poucos meses atrás, era um confessor muito estimado. Quando as suas forças diminuíram, os seus irmãos da comunidade cuidaram dele com amor. Após outro AVC, foi transferido para o hospital ‘Kira’, onde morreu na madrugada de 3 de Agosto.

O Pe. Otmar Landolt estava feliz com a sua longa vida e trabalho no coração de África. Ouvimo-lo muitas vezes dizer o salmo: ‘Coube-me uma bela parcela. Sim, eu gosto da minha herança”. O seu estilo cordial e o seu amor pelo próximo fizeram-no ser amado por todo o tipo de pessoas.

Dois ‘símbolos’ caracterizam algo do seu ser: os sinos e o mel.

A tenacidade com que, após os obstáculos iniciais, conseguiu ter três sinos tocados regularmente no Monte Zion Gikungu é admirável. Eles querem lembrar-nos da presença de Deus e despertar-nos, como Maria, para ouvirmos a voz do anjo.

O seu pai era apicultor e o Pe. Otmar foi-se tornando, cada vez mais, num ao longo dos anos. A dedicação com que cuidou das suas colmeias e a forma como iniciou os interessados foi também admirável. Com alegria e também orgulho, proclamava a quantidade da sua colheita.

Agradecemos ao Pe. Otmar pela sua bondade e pelo seu humor. Que ele se regozije na glória de Deus.

 

Santuário  Monte Sion Gikungu

Original: alemão (9/8/2020). Tradução: Lena Castro Valente, Lisboa, Portugal

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